15 de abril de 2017

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Fragmentado

Pôster


M. Night Shyamalan provavelmente é um dos diretores com carreira mais instável do universo cinematográfico, com filmes de expressão em seu currículo (Corpo Fechado, O Sexto Sentido) e obras que receberam uma completa ovação negativa do público e crítica (A Dama da Água, Depois da Terra). Da mesma forma, possivelmente a maior figura atrás de uma câmera do cinema indiano, é certo que Shyamalan tem qualidade e não esqueceu como fazer grandes longas, afinal, Fragmentado está aí para provar. Pode-se dizer que desta vez o cineasta conseguiu se reinventar e utilizar aquilo que possui de melhor para confecção desta obra-prima.
Considerando os vários fatores fundamentais para comcepção desta película e seu resultado imensurável, um dos que mais se destaca se encontra na figura de James McAvoy, intérprete de Kevin e suas personalidades. Ao já ter entregue grandiosas performances em filmes passados (principalmente em Filth), McAvoy certamente não tinha uma tarefa fácil e pode, com maestria, perfeição, glamour e deslumbre, desempenhar uma extraordinária atuação ao viver distintas identidades onde se pode observar que até mesmo sua conotação verbal e trejeitos sofreram mudanças. Apesar de nem todas 23 personas serem apresentadas ao espectador, o público pode, suficientemente com o quê viu, apreciar simplesmente uma das melhores performances da história do cinema. Ademais, embora saiba-se que há somente um personagem em cena, seu transtorno e apoteótico trabalho do ator criam a ilusão da presença de várias pessoas, seja também pelos conceitos, intuitos e valores individuais de cada identidade. Além, conforme os quesitos notórios enaltecidos das múltiplas personalidades do protagonista, é recomendável que o longa seja assistido com o áudio original.
Outro aspecto que é fantasticamente incluso no longa e praticamente dita seu ritmo, é a exemplarmente concebida atmosfera tensa e apreensiva que já é realçada ao longo dos primeiros minutos da película, por vezes corroborada a planos escuros de forma magistral e consentânea. De maneira similar, logo na sequência inicial, a "mocinha" da trama é destacada, bem como seu caráter melancólico, este que, perante o recurso de flashbacks, tem suas motivações salientadas. Consoante a face emocional da mesma, as duas atrizes intérpretes de Casey cumprem muito bem sua função. Todavia, o mesmo não se pode dizer das outras garotas sequestradas por Kevin, estas que se mostram um tanto quanto prolixas para o desenvolvimento do entrecho e atuam artificialmente. Ainda referente à personalidade da personagem feminina ratificada, se pode traçar paralelos para com Kevin, pois, ademais de ambos terem sofrido abusos na infância, estes traumatizantes eventos refletem no presente e influenciam determinadas ações do filme.
Aclamado pelo público e pela crítica, Fragmentado explora, tanto para utensílio do entrecho quanto como doença real e problemática que é, o transtorno de Kevin, se aprofundando em questões acerca da mente humana e crenças que beiram o desconhecido. Neste âmbito, destaca-se a psicóloga do protagonista, esta que possui ideais que visam um potencial na figura do mesmo que vai além das atuais perspectivas humanas. Ademais, deve-se ressaltar a interessante necessidade de Kevin por reconhecimento, sua percepção de si mesmo e compreensões pessoais que divergem do senso popular e se relacionam com algo que considera maior. O longa, acima de tudo, é um estudo de personagem.
Frenético do início ao fim, instigante, curioso, interessante, empolgante e com uma sequência inicial que já denota a altíssima qualidade do que será visto, a película está repleta de passagens insanas que presenteiam o espectador com diversão ao mesmo tempo em que impulsionam os sentimentos mais receosos e temerosos dos mesmos. Ainda arrumando tempo para uma descontraída e hilária comicidade na dose certa, a produção, apesar de compreensível, pode, consoante certas complexidades de roteiro, causar certa confusão em um público mais desatento. Por falar em desatenção, é sugerido que se assista Corpo Fechado antes de Fragmentado, outro grande acerto de Shyamalan em sua carreira conturbada que tem ligação com o longa em questão e realça o universo compartilhado que está sendo constituído pelo diretor. Com uma continuação da película estrelada por Bruce Willis já garantida e que provavelmente entrelaçara os dois trabalhos, é bacana se observar as similaridades entre ambos e não perder nenhuma referência ou vínculo entre eles.
Fragmentado é um filme envolto pelo sofrimento, absurdo, criativo e que entretém simultaneamente como instiga a reflexão e discussões, certamente um dos melhores longas de 2017 até o momento e a triunfante redenção de Shyamalan.
Matheus J. S.

Cena do filme


Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 23 de março de 2017 (1h 57min)
Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Betty Buckley…
Gêneros: Suspense; Fantasia; Terror
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 7,4
Rotten: 75%
Metacritic: 62%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários): 4,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10
Avaliação

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