Filmes de comédia são realmente bem comuns e
abrangentes, sempre abordando distintos temas envoltos por situações inusitadas
e hilárias. Alguns, mesmo que ignorem completamente conceitos acerca de um
roteiro plausível, atuações convincentes e apresentem ações que beirem ao
absurdo em todos os sentidos, destacam-se, seja pelas risadas arrancadas (mesmo
que, às vezes, impulsionadas por piadas politicamente incorretas [arrisco-me a
dizer que são as preferidas do público]) ou simplesmente pela diversão proporcionada.
No entanto, estes longas geralmente não possuem propostas mais específicas e de
maior aprofundamento ademais da pura e despretensiosa diversão, películas estas
como As Branquelas, Se Beber Não Case e até mesmo Uma Noite no Museu. Embora
despretensão não seja algo ruim, filmes que dosem na medida certa reflexão,
criticidade e divertimento são mais notórios e fazem um maior sucesso com os
críticos e o espectador por um período de tempo maior. Podendo-se citar como
exemplo a comédia romântica E Se Fosse Verdade..., (leia aqui) o nacional e impecável O
Auto da Compadecida, o magistral Os Intocáveis e o relevante Florence: Quem é
Essa Mulher, deve-se também ressaltar a magnífica alternância de gênero
presente em muitos dos trabalhos de similar teor, muitas vezes ocasionada pela
base em fatos dos mesmos, o que somente os engrandece ainda mais e os torna
mais divertidos e extraordinários. Influenciado por eventos reais, cômico,
emocionante e um tanto quanto dramático nos devidos momentos, Patch Adams é
mais um desta significativa leva que procura entreter o público ao mesmo tempo
em que o toca de alguma maneira, seja psicologicamente, sentimentalmente ou
socialmente.
Apresentando, a princípio, um personagem
melancólico com tendências suicidas, o longa já deixa bem claro que, apesar de
seu aparente tom descontraído, igualmente se encontra permeado por assuntos
mais densos. Ao explorar um protagonista complexo que acaba por autodescobrir
como ser feliz em um manicômio o qual se internou voluntariamente (situação um
pouco peculiar frente aos parâmetros de contextos semelhantes), a película
destrincha exemplarmente, consoante a figura de um simples homem, conceitos
como felicidade, o poder de um sorriso, o prazer de se ajudar o próximo, a
morte e a bondade, sempre acompanhada por uma atmosfera alegre e risonha. Tendo
como principal antagonista o sistema tradicional, ferrenho e indolente das
clínicas médicas, o filme aborda o embate de ideais entre os profissionais
conservadores do respectivo cargo e o revolucionário método de Patch que, resumidamente,
defende uma maior aproximação e compreensão entre médico e paciente. Antes
amargo, agora metaforicamente renascido, Adams passa, mais do que um benéfico e
idealista rebelde, a representar perseverança e promover esperança, além de
salientar a importância de um bom relacionamento entre pessoas, seja quais
forem as circunstâncias.
Dirigido por Tom Shadyac (Todo Poderoso, Ace
Ventura, O Mentiroso...) o longa enfatiza uma de suas principais
características, o bom humor, assim como um ritmo constante e cadenciado.
Embora uma certa relação romântica possa ser considerada verborrágica e
desnecessária para alguns, percebe-se, conforme determinadas passagens próximas
ao fim que realçam um impacto no protagonista, que esta possui sua relevância.
Relacionado ao elenco, Robin Williams, ator que nunca se destacou estritamente
perante suas performances, mas sim principalmente por sua carisma e papéis
hilários, cumpre bem sua função e desempenha uma atuação consentânea. Já Philip
Seymour Hoffman, mesmo com pouco tempo de tela, entrega uma execução
convincente que mais uma vez enaltece sua versatilidade e qualidade como ator.
Infelizmente, ambos cineastas já faleceram.
Em suma, mesmo com um desfecho que não deixa de
ser previsível, Patch Adams denota criatividade ao adaptar uma fantástica
história verídica para as telonas que coopera deslumbrantemente ácida
criticidade a sentimentos, entretenimento e diversão. Certamente funciona para todas
as idades e de muitas formas, ademais de estabelecer uma geração de fãs e
apreciadores que o lembrarão ainda por muito tempo.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Direção: Tom Shadyac
Elenco: Robin Williams, Josef Sommer, Bob Gunton…
Gêneros: Comédia dramática; Biografia
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb: 6,7
Rotten: 22%
Metacritic: 25%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários): 4,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Realmente incrível, uma ótima perspectiva do filme. Parabéns
ResponderExcluirVlw Keynne, muito obrigado.
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