15 de abril de 2017

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Patch Adams

Pôster


Filmes de comédia são realmente bem comuns e abrangentes, sempre abordando distintos temas envoltos por situações inusitadas e hilárias. Alguns, mesmo que ignorem completamente conceitos acerca de um roteiro plausível, atuações convincentes e apresentem ações que beirem ao absurdo em todos os sentidos, destacam-se, seja pelas risadas arrancadas (mesmo que, às vezes, impulsionadas por piadas politicamente incorretas [arrisco-me a dizer que são as preferidas do público]) ou simplesmente pela diversão proporcionada. No entanto, estes longas geralmente não possuem propostas mais específicas e de maior aprofundamento ademais da pura e despretensiosa diversão, películas estas como As Branquelas, Se Beber Não Case e até mesmo Uma Noite no Museu. Embora despretensão não seja algo ruim, filmes que dosem na medida certa reflexão, criticidade e divertimento são mais notórios e fazem um maior sucesso com os críticos e o espectador por um período de tempo maior. Podendo-se citar como exemplo a comédia romântica E Se Fosse Verdade..., (leia aqui) o nacional e impecável O Auto da Compadecida, o magistral Os Intocáveis e o relevante Florence: Quem é Essa Mulher, deve-se também ressaltar a magnífica alternância de gênero presente em muitos dos trabalhos de similar teor, muitas vezes ocasionada pela base em fatos dos mesmos, o que somente os engrandece ainda mais e os torna mais divertidos e extraordinários. Influenciado por eventos reais, cômico, emocionante e um tanto quanto dramático nos devidos momentos, Patch Adams é mais um desta significativa leva que procura entreter o público ao mesmo tempo em que o toca de alguma maneira, seja psicologicamente, sentimentalmente ou socialmente.
Apresentando, a princípio, um personagem melancólico com tendências suicidas, o longa já deixa bem claro que, apesar de seu aparente tom descontraído, igualmente se encontra permeado por assuntos mais densos. Ao explorar um protagonista complexo que acaba por autodescobrir como ser feliz em um manicômio o qual se internou voluntariamente (situação um pouco peculiar frente aos parâmetros de contextos semelhantes), a película destrincha exemplarmente, consoante a figura de um simples homem, conceitos como felicidade, o poder de um sorriso, o prazer de se ajudar o próximo, a morte e a bondade, sempre acompanhada por uma atmosfera alegre e risonha. Tendo como principal antagonista o sistema tradicional, ferrenho e indolente das clínicas médicas, o filme aborda o embate de ideais entre os profissionais conservadores do respectivo cargo e o revolucionário método de Patch que, resumidamente, defende uma maior aproximação e compreensão entre médico e paciente. Antes amargo, agora metaforicamente renascido, Adams passa, mais do que um benéfico e idealista rebelde, a representar perseverança e promover esperança, além de salientar a importância de um bom relacionamento entre pessoas, seja quais forem as circunstâncias.
Dirigido por Tom Shadyac (Todo Poderoso, Ace Ventura, O Mentiroso...) o longa enfatiza uma de suas principais características, o bom humor, assim como um ritmo constante e cadenciado. Embora uma certa relação romântica possa ser considerada verborrágica e desnecessária para alguns, percebe-se, conforme determinadas passagens próximas ao fim que realçam um impacto no protagonista, que esta possui sua relevância. Relacionado ao elenco, Robin Williams, ator que nunca se destacou estritamente perante suas performances, mas sim principalmente por sua carisma e papéis hilários, cumpre bem sua função e desempenha uma atuação consentânea. Já Philip Seymour Hoffman, mesmo com pouco tempo de tela, entrega uma execução convincente que mais uma vez enaltece sua versatilidade e qualidade como ator. Infelizmente, ambos cineastas já faleceram.
Em suma, mesmo com um desfecho que não deixa de ser previsível, Patch Adams denota criatividade ao adaptar uma fantástica história verídica para as telonas que coopera deslumbrantemente ácida criticidade a sentimentos, entretenimento e diversão. Certamente funciona para todas as idades e de muitas formas, ademais de estabelecer uma geração de fãs e apreciadores que o lembrarão ainda por muito tempo.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Direção: Tom Shadyac
Elenco: Robin Williams, Josef Sommer, Bob Gunton…
Gêneros: Comédia dramática; Biografia
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 6,7
Rotten: 22%
Metacritic: 25%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários): 4,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9

2 comentários: