11 de outubro de 2016

Kontaminantes ☣ , O Homem Duplicado , Filmes ,

O Homem Duplicado


                Tenho de confessar que para poder começar a entender este filme tive de pesquisar, pesquisas que me levaram às mais diversas interpretações e teorias.
                Após assistir longas como Donnie Darko (aclamado cult também estrelado por Jake Gyllenhaal), Ilha do Medo, Triângulo do Medo, A Origem, Amnésia... pensei que já estava calejado para este, porém me enganei. A película é distinta de qualquer outra que já tenha visto, o que me proporcionou uma nova experiência em um universo que para mim ainda era desconhecido.
                A principal proposta do filme tem de ser desvendada através de simbologias e metáforas que o preenchem desde o início (literalmente), o que acaba por não agradar todos, porém satisfará muitos e os instigará a assisti-lo mais vezes além de, sem dúvida alguma, dar o que discutir nos fóruns de discussão por muito tempo.
                É exatamente na primeira sequência de cenas, muito interessante e misteriosa, que já há algo que nos intriga e nos faz pensar. Ao decorrer do longa, mais incógnitas estabelecem-se e a tensão do espectador mantém-se alimentada com o denso suspense que nunca deixa a tela, embora ao seu fim fiquei com a sensação deste suspense não ter sido devidamente correspondido. O pequenino círculo de personagens e a ambientação simples também corroboram com a ideia de apreensão transmitida durante toda a película.
                Talvez por conta dos poucos personagens, além de mais uma convincente atuação de Jake Gyllenhaal em outro tão aclamado cult, a intérprete francesa de Mary (Mélanie Laurent) igualmente destaca-se e me fez recordar sua bela atuação como Shosanna em Bastardos Inglórios.
                Vale destacar a constante presença de teias e aranhas ao longo do filme, presença esta que pode ser muito perturbadora, mas extremamente importante para sua construção e interpretação pessoal de quem o assiste, além de criar um clima de bizarrice e confusão durante todo o longa.
                Ainda referente a interpretações, estas variam de pessoa para pessoa, porque cada um vê a película e atribui significados a determinadas coisas como lhe convém, estas que podem mudar com tempo, pois são influenciadas pelas tradições de cada um, pela maneira como se vive, situação na qual se encontra, maneira como decifra o mundo ao seu redor e até mesmo pelo contexto que sua vida ultimamente passa, entre outras. Desta forma, a internet encontra-se cheia de distintas interpretações e teorias plausíveis onde não há certo ou errado, há apenas divergência de opiniões. Até mesmo o diretor do filme, Dennis Villeneuve, o mesmo dos aclamados Incêndios e Os Suspeitos (2013), possui sua própria interpretação e compreensão de uma mensagem como apreciador que se distingue das demais (embora outros possam ter elucidado de maneira similar). Já eu, como não havia entendido o longa e tive de pesquisar, acabei por encontrar, no blog Crítica Amadora, um excelente ponto de vista que tem explicação e dá sentido a tudo, o que deixou-me aprisionado a este sem poder formular um próprio (de tão convincente e abrangente que é), contudo pretendo assisti-lo mais vezes para ter uma perspectiva pessoal. Agora, baseado na análise do blog, para mim ficou claro que O Homem Duplicado trata a respeito da mente, como esta pode ser criativa e como muitas vezes buscamos um escape da realidade para resolvermos nossos próprios problemas.
                Baseado no livro homônimo de José Saramago (o mesmo escritor de Ensaio sobre a Cegueira, também adaptado para os cinemas), embora possua várias diferenças do livro (que ainda não li), a película, claramente voltada para mentes mais pensativas e um público adulto, faz, mesmo quem não o curtiu, refletir a seu respeito ao longo de vários dias devido as suas críticas sociais e confusão que proporciona de sobra.
                Com uma avaliação razoável dos "especializados" e o público dividido, enfatizo o princípio do filme que aborda, brevemente, sobre ditaduras e um padrão que se repete, padrão este que pode ser relevante e que é mostrado com clareza nos momentos iniciais.
                Encerrando, deixo claro que não gostei muito do longa, talvez por ser o primeiro de tal estilo a assistir, e ressalto a interessante frase com a qual ele começa: “O caos é uma ordem ainda indecifrável”.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

Avaliações:
IMDb: 6,9
Rotten: 75%
Adoro Cinema (usuários): 3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7






Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):

 Canadá
 Espanha
2013 •  cor •  90 min 
Realização
Denis Villeneuve
Produção
M.A. Faura
Niv Fichman
Roteiro
Javier Gullón
Baseado em
O Homem Duplicado
de José Saramago
Elenco
Jake Gyllenhaal
Mélanie Laurent
Isabella Rossellini
Sarah Gadon
Stephen R. Hart
Jane Moffat
Gênero
Suspense
Música
Danny Bensi
Saunder Jurriaans
Lançamento
8 de setembro de 2013
Idioma
inglês

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