Tenho de confessar que para poder começar a entender este filme tive de
pesquisar, pesquisas que me levaram às mais diversas interpretações e teorias.
Após assistir
longas como Donnie Darko (aclamado cult também estrelado por Jake Gyllenhaal),
Ilha do Medo, Triângulo do Medo, A Origem, Amnésia... pensei que já estava
calejado para este, porém me enganei. A película é distinta de qualquer outra
que já tenha visto, o que me proporcionou uma nova experiência em um universo
que para mim ainda era desconhecido.
A principal
proposta do filme tem de ser desvendada através de simbologias e metáforas que
o preenchem desde o início (literalmente), o que acaba por não agradar todos,
porém satisfará muitos e os instigará a assisti-lo mais vezes além de, sem
dúvida alguma, dar o que discutir nos fóruns de discussão por muito tempo.
É exatamente na
primeira sequência de cenas, muito interessante e misteriosa, que já há algo
que nos intriga e nos faz pensar. Ao decorrer do longa, mais incógnitas
estabelecem-se e a tensão do espectador mantém-se alimentada com o denso
suspense que nunca deixa a tela, embora ao seu fim fiquei com a sensação deste
suspense não ter sido devidamente correspondido. O pequenino círculo de
personagens e a ambientação simples também corroboram com a ideia de apreensão
transmitida durante toda a película.
Talvez por conta
dos poucos personagens, além de mais uma convincente atuação de Jake Gyllenhaal
em outro tão aclamado cult, a intérprete francesa de Mary (Mélanie Laurent)
igualmente destaca-se e me fez recordar sua bela atuação como Shosanna em
Bastardos Inglórios.
Vale destacar a
constante presença de teias e aranhas ao longo do filme, presença esta que pode
ser muito perturbadora, mas extremamente importante para sua construção e
interpretação pessoal de quem o assiste, além de criar um clima de bizarrice e
confusão durante todo o longa.
Ainda referente a
interpretações, estas variam de pessoa para pessoa, porque cada um vê a
película e atribui significados a determinadas coisas como lhe convém, estas
que podem mudar com tempo, pois são influenciadas pelas tradições de cada um,
pela maneira como se vive, situação na qual se encontra, maneira como decifra o
mundo ao seu redor e até mesmo pelo contexto que sua vida ultimamente passa,
entre outras. Desta forma, a internet encontra-se cheia de distintas
interpretações e teorias plausíveis onde não há certo ou errado, há apenas
divergência de opiniões. Até mesmo o diretor do filme, Dennis Villeneuve, o
mesmo dos aclamados Incêndios e Os Suspeitos (2013), possui sua própria
interpretação e compreensão de uma mensagem como apreciador que se distingue
das demais (embora outros possam ter elucidado de maneira similar). Já eu, como
não havia entendido o longa e tive de pesquisar, acabei por encontrar, no blog
Crítica Amadora, um excelente ponto de vista que tem explicação e dá sentido a
tudo, o que deixou-me aprisionado a este sem poder formular um próprio (de tão
convincente e abrangente que é), contudo pretendo assisti-lo mais vezes para
ter uma perspectiva pessoal. Agora, baseado na análise do blog, para mim ficou
claro que O Homem Duplicado trata a respeito da mente, como esta pode ser
criativa e como muitas vezes buscamos um escape da realidade para resolvermos
nossos próprios problemas.
Baseado no livro
homônimo de José Saramago (o mesmo escritor de Ensaio sobre a Cegueira, também
adaptado para os cinemas), embora possua várias diferenças do livro (que ainda
não li), a película, claramente voltada para mentes mais pensativas e um
público adulto, faz, mesmo quem não o curtiu, refletir a seu respeito ao longo
de vários dias devido as suas críticas sociais e confusão que proporciona de
sobra.
Com uma avaliação razoável dos "especializados" e o público dividido, enfatizo o princípio do
filme que aborda, brevemente, sobre ditaduras e um padrão que se repete, padrão
este que pode ser relevante e que é mostrado com clareza nos momentos iniciais.
Encerrando, deixo
claro que não gostei muito do longa, talvez por ser o primeiro de tal estilo a
assistir, e ressalto a interessante frase com a qual ele começa: “O caos é uma
ordem ainda indecifrável”.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
Avaliações:
IMDb: 6,9
Rotten: 75%
Adoro Cinema (usuários):
3,5
Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):
Canadá
Espanha 2013 • cor • 90 min |
|
Realização
|
Denis Villeneuve
|
Produção
|
M.A. Faura
Niv Fichman |
Roteiro
|
Javier Gullón
|
Baseado em
|
O Homem Duplicado
de José Saramago |
Elenco
|
Jake Gyllenhaal
Mélanie Laurent Isabella Rossellini Sarah Gadon Stephen R. Hart Jane Moffat |
Gênero
|
Suspense
|
Música
|
Danny Bensi
Saunder Jurriaans |
Lançamento
|
8 de setembro de 2013
|
Idioma
|
inglês
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário