Os carros sempre foram um potente combustível
nos filmes de ação, seja para confecção de corridas clandestinas, perseguições desenfreadas
ou algum outro propósito mais específico. Talvez pela adrenalina ou a imersão no
impossível, longas como Velozes e Furiosos (confira) e Mad Max: Estrada da Fúria (leia aqui), apesar
de distintos, relacionam-se ao contexto e fazem bastante sucesso. Em Drive, a
aclamação também se faz presente, contudo num drama sem muito a oferecer, mas
que não peca quando o assunto são fugas e sangue.
Com os primeiros dez minutos bem empolgantes, o
longa transmite uma percepção equivocada a seu respeito, visto que as
sequências iniciais são dinâmicas, e a película lenta. Por conta deste andar gradativo,
o filme não envolve o espectador, já que seus pioneiros segmentos apresentam uma
atmosfera frenética que incita o público, porém que logo vem a ser deixada de
lado e quebrar um bom ritmo que ansiava por ser mantido. Após, segue-se um primeiro
ato arrastado destinado ao desenvolvimento de relações entre os personagens e a
familiarização para com a personalidade introspectiva e misteriosa do
protagonista. O longa só vem a deslanchar em meados do segundo ato, no entanto a
reintrodução do frenesi não vem a surtir o mesmo efeito de antes, considerando
que a falta de destreza ao conduzir a trama possa ter amenizado o entusiasmo do
espectador e o saturado com um arco que, embora sustente o enredo, não se
mostra instigante. Já no terceiro ato os diálogos ganham uma maior importância
e as tensões se elevam. Todavia, o principal problema de Drive é oferecer algo
que se dispõe tardiamente a vender.
Possuindo uma história relativamente simples, a
película não objetiva aonde quer levar seu público, o que acaba por insinuar uma
falta de foco, visto que o resultado final não tem nada de especial e a
ausência de definição do entrecho sempre sugere um algo a mais que jamais acontece.
Entretanto, o filme também tem pontos positivos. Usufruindo de um elenco grandioso,
Ryan Gosling fica com o destaque principal na interpretação contundente do
motorista, um sujeito inteligente, determinado e atencioso; Carey Mulligan tem
uma boa performance na pele de uma mulher em dilemas e apaixonada; Oscar Isaac representa
consentaneamente um homem desconfiado e em busca de uma nova vida; Bryan
Cranston está convincente em seu papel quase quê de um tutor, assim como Albert
Brooks sob a fria e calculista ótica de Bernie, e Ron Perlman não tem tempo de
tela suficiente para poder ter uma avaliação acima de indiferente e
característica à sua pessoa. A trilha sonora é presente e enfática, a
fotografia, iluminação e passagens em câmera lenta são marcantes e denotam um
estilo. As cenas mais agitadas são coerentes e nítidas, e a violência gráfica, mesmo sem exageros, ganha impacto quando usada, ademais de cadenciada, devidamente utilizada e nunca gratuita.
Drive é um filme tematicamente pouco relevante,
mas que a partir de sua segunda metade se torna divertido e interessante.
Matheus
J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de
lançamento (Brasil): 2 de março de 2012 (1h 40min)
Direção:
Nicolas Winding Refn
Elenco:
Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston...
Gêneros:
Ação; Suspense
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb: 7,8
Rotten:
93%
Metacritic:
78%
Filmow
(média geral): 3,9
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,2/4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 6
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