Após uma excelente introdução em A Maldição do
Pérola Negra, um bom desenvolvimento em O Baú da Morte, um ótimo desfecho em No
Fim do Mundo e um horrendo e vergonhoso recomeço em Navegando em Águas
Misteriosas, Piratas do Caribe tenta novamente reviver a franquia, mas
infelizmente A Vingança de Salazar é só mais um filme medíocre.
Muitos são os problemas deste longa.
Primeiramente, o mesmo não denota personalidade própria, ou seja, a premissa e
o roteiro são formulaicos e a maioria das sequências de ação se aproveita de
cenas similares dos capítulos anteriores, apesar de bem conduzidas e associadas
a um slow motion funcional e divertido. Além, a película se define por uma
carência de mitologia, visto que o novo vilão apresentado não é estarrecedor ou
carismático e a trama acerca deste é relaxada e pouco convincente, já que esta
demonstra incongruências para com a trilogia original. Falando nisto, o que
mais pesa neste, como no filme antecessor, é a ausência de Gore Verbinski na
direção, logo que a estória não possui mais o tom de arrebatamento e interesse,
os personagens já não detêm o mesmo charme, o enredo raso é concebido visando
apenas o lucro, sem o ideal aprofundamento de entrecho e personagens, e a
comicidade nem sempre funciona, por vezes concedendo espaço a passagens
desnecessárias que, frustrantemente, buscam arrancar gargalhadas.
Embora tenha pequenas participações, Orlando
Bloom não tem tempo de tela significante para satisfazer o espectador e ter seu
personagem explorado, o que era esperado pelos trailers, mas que na verdade se
mostrou ser só uma jogada de marketing. A presença constante de Will Turner
seria fundamental para um melhor desempenho do longa, considerando que sua
dinâmica para com Jack Sparrow é fascinante e se responsabiliza por grande
parte do sucesso das três primeiras películas, ademais das relações que
procuram substituir este vínculo não serem suficientes para suprir o vazio
deixado por sua ausência. Relacionado à Keira Knightley, esta tem uma aparição
completamente inexplicável, incoerente e improdutiva, igualmente servindo
somente como propaganda enganosa nos vídeos promocionais.
As figuras secundárias e os plots adjacentes
são desinteressantes, principalmente o que diz respeito ao romance bobo e
impertinente entre Henry e Carina, certamente uma forma de compensar a falta de
criatividade na confecção do script. Outro arco irrelevante está vinculado aos
ingleses, estes que, banalmente e sem empolgação, mais uma vez se encontram
perseguindo piratas. Além, não satisfeito em integrar Carina a uma das
subtramas mais frívolas do filme, o roteiro, em tentativa de exaltar o valor e
imposição feminina no semblante da mesma, se passa por ridículo, visto que a
investida é escancaradamente forçada e discrepante, o que atribui um ar artificial
ao plot. Ademais, a atriz, no Brasil, teve a infelicidade de receber uma dublagem
ineficiente e inflexível, que não condiz com suas ações e caráter, enquanto
Jack, pela primeira vez sob a voz de um novo dublador, se viu despersonalizado
perante a figura a qual o público está acostumado.
Relacionado às atuações, todas são consentâneas
aos longas antecedentes, as performances das novidades no elenco são aceitáveis
e o grande nome da película, Javier Bardem, tem seu talento desperdiçado num
papel que não exige expressões. No entanto, embora repleta de fatores
negativos, a produção se sobressai positivamente por conta de seus efeitos
visuais, maquiagem, caracterização e afins, assim como o segmento pós-créditos
que abre possibilidades muito interessantes para o futuro da série.
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar é um
filme indiferente, tanto para os fãs da saga quanto para o espectador casual.
Matheus J. S. 5
Para os fãs de Piratas do Caribe, esta seria a
chance da franquia de se redimir da decepção do filme anterior e retornar ao
caminho que levou a primeira trilogia ao sucesso alcançado. Para aqueles que assistiu
aos outros longas dublados (como eu), é certo que a mudança do dublador neste
novo longa foi um choque, mas como popularmente é dito, a esperança é a ultima
que morre, e pensei que este fato poderia ser amenizado com uma trama
envolvente, sequências enlouquecedoras e personagens marcantes. Por fim, já nas
primeiras aparições de Jack Sparrow, vemos como o personagem perde muito da sua
natureza cômica com essa alteração. A presença de Javier Bardem no elenco
comprova que nem sempre grandes nomes salvam uma composição comprometida, logo
que seu personagem (Capitão Salazar) é explorado superficialmente e não exige
uma atuação profunda do ator, algo muito próximo ao que aconteceu com sua
esposa no filme anterior ao apenas agregar volume ao longa.
Cenas e sequências de ação estão presentes, os
efeitos especiais não decepcionam, porém a combinação desses elementos não é
suficiente para trazer de volta o brilho de Piratas do Caribe. A falta dos
personagens coadjuvantes que sustentam e colaboram com o principal continuam
fazendo falta. O enlace das tramas dos três primeiros filmes que rendiam finais
empolgantes não participa desta nova fase, mesmo quando uma ou outra ligação
entre as películas está presente não é sólida o suficiente para o
desenvolvimento do enredo. O inigualável Jack Sparrow, que sempre mostrava
fundamento com suas ações malucas e diálogos insanos, desde o filme anterior
parece estar navegando a deriva apenas à vontade dos ventos.
No geral, A Vingança de Salazar supera o seu
antecessor, mas não chega próximo dos três primeiros longas. Assistível e
interessante em alguns momentos, não desperta aquela vontade de revê-lo de
imediato, sendo esquecível com o passar dos dias e lembrado apenas pelo que lhe
faltou. Ainda não está definido se um novo filme vai sair, numa possível
hipótese podemos ter esperança que a franquia retorne ao seu auge, já que o
Pérola Negra pode ganhar os mares nos primeiros minutos de tela, algo que não
acontece há um bom tempo.
leonejs.
7
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 25 de maio de 2017 (2h
09min)
Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Elenco: Johnny Depp, Javier Bardem, Brenton Thwaites…
Gêneros: Aventura; Fantasia; Ação
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb:
6,7
Rotten:
30%
Metacritic:
39%
Filmow
(média geral): 3,4
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,5/2,5
Kontaminantes (média): 6
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