Mortes, prêmios e mistérios rondam o histórico
de O Exorcista, por muitos considerado o longa mais aterrorizante já feito e o
único do gênero a ser indicado na categoria do Oscar de Melhor Filme,
certamente um marco do terror e uma das películas mais emblemáticas do cinema.
Mais de 40 anos desde sua estreia, é certo que
O Exorcista já não possui os mesmos colhões de antes para amedrontar, embora
muitos aleguem ainda se surpreender e estarrecer com o filme. Porém, em 1973,
com a apresentação de um enredo medonho sobre uma garotinha possuída, o
espectador se viu alarmado com cenas chocantes e memoráveis. Afinal, não se era
comum ver pré-adolescentes vomitando em padres, enfiando crucifixos em locais
pouco cômodos, virando a cabeça ao contrário, se debatendo numa cama ou descendo escadas sobre quatro
apoios de forma grotesca. Para salientar o clima sinistro e o horror sobre o
público, a produção conta com um formidável trabalho de som (principalmente na
confecção da voz demoníaca de Regan, tenebrosa e cacófata), uma fotografia
gélida e esfumaçada (especificamente ao correr do último ato), jogos de luz e
sombra e uma meticulosa direção de arte responsável por conceber uma estética
perturbadora e desagradável acerca da garota, todos fatores que cooperam para
concepção de uma atmosfera enervante e macabra acentuada pela horripilante e
cacofônica trilha sonora (como se observa logo nos primeiros minutos) que é
realçada por sua música-tema: Tubular Bells - Part 1 (Mike Oldfield).
O trabalho dos atores é magnífico, Linda Blair
se encontra num papel dúbio, ora gentil e afetiva, ora execrável e perversa.
Ellen Burstyn também é digna de nota na pele de uma mãe aflita e desesperada,
bem como Jason Miller encenando um padre e psiquiatra que vive momentos
instáveis e tem sua fé questionada. Por falar em questionamento, este é um
termo bastante explorado pela película, visto que durante muito tempo se
questiona a veracidade da possessão em contraste com uma doença mental, assim
como o exorcismo vs um tratamento médico. A oposição entre medicina e religião
é abordada na dose certa e rende pautas interessantes.
Em sua pegada dicotomista que contrapõe o bem e
o mal, o longa tem seu foco voltado para degeneração de uma garota sob posse de
poderes maléficos (os eventos demoníacos acontecem de modo um tanto quanto
abrupto, o que não satisfará a todos) e seu apogeu quando o embate entre as
duas forças culmina. Isto é, sem apelar para sustos baratos ou sangue
exacerbado, a película opta por trabalhar a tensão psicológica de seu
espectador, especialmente no decurso do exorcismo que, em sua longa extensão
alinhada ao tom horrendo, angustiante e incômodo, se torna a sequência mais
imersiva, impactante e desgastante da produção, tanto para os personagens
quanto para o público (propositalmente), onde também a criatividade se
sobressai e os mesmos se veem confrontados de diversas maneiras.
O Exorcista hoje já não surte os efeitos de outrora,
mas ainda é um filme clássico, aterrador e que tem muita estória pra contar.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (EUA): 26 de dezembro de 1973 (2h
02min)
Direção: William Friedkin
Elenco: Linda Blair, Ellen Burstyn, Max von Sydow…
Gêneros: Terror; Suspense
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb:
8,0
Rotten:
86%
Metacritic:
82%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (usuários): 4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
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