13 de maio de 2018

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O Bebê de Rosemary

Pôster


Os anos 60 foram marcados por alguns eventos bastante icônicos, estes que vão desde a criação dos Beatles até a chegada do homem à Lua. Contudo, o cinema também se mostrou notório e repercussivo em tal década: se em 1963 houve o lançamento de Os Pássaros e em 1969 a estreia de 2001: Uma Odisseia no Espaço, pouco antes, em 1968, chegava aos cinemas O Bebê de Rosemary.
Dirigido por Roman Polanski (Chinatown, O Pianista, Deus da Carnificina...), O Bebê de Rosemary, considerado por alguns um filme bastante medonho e incômodo - isto sem falar das supostas maldições que o norteiam -, já toma início a contrastar com a ótica preconceituosa e generalizada que se tem de si, ou seja, o longa principia com um panorama aéreo da cidade de Nova York, com a apresentação dos créditos iniciais em tonalidade rosa e uma canção emplumada que remete a outro gênero. O próprio O Exorcista, que só viria a estrear em 1973, toma partida com uma música grave extremamente cacofônica que logo de cara espairece o quê o mesmo tem a oferecer, enquanto os primórdios de O Bebê de Rosemary lembram uma novela mexicana. É peculiar para a época, mas subversivo e curioso.
Embora comumente chamado de terror, O Bebê de Rosemary é uma película promíscua (e isso no bom sentido), difícil de classificar. É uma alegoria sobre a apreensão e os temores de uma mulher grávida, a crescente ameaça e imprevisibilidade duma vizinhança suspeita, os procedimentos para uma seita macabra com intuitos satânicos, a adaptação de um casal recém-alocado ao novo apartamento... essa mescla de temas e contextos, apesar de criar uma sensação de dinamismo e agilidade, se dá imbuída por um ritmo bastante lento. Os primeiros 40min da produção se baseiam em estabelecer a química entre o casal principal e o convívio rotineiro com os moradores adjacentes, o quê, se por um lado permite o devido tratamento dos diversos relacionamentos na residência e o paulatino semear de insinuações dum potencial mal que ronda o ambiente, por outro, durante determinados momentos, toma uma cadência arrastada. Ratificando e todavia, tal espaço de tempo possibilita a perfeita evolução de dois outros fundamentais personagens: o apartamento e a vizinhança.
Muito mais que somente palco da odisseia narrativa, o famigerado apartamento (que não por acaso dá nome a trilogia composta por Repulsa ao Sexo, O Bebê de Rosemary e O Inquilino) se mostra uma peça-chave na construção da personalidade de Rose, seja no habituar da mesma sobre o local e os estranhos acontecimentos que se seguem, nos mistérios que o acercam ou no simples semear de sutis sugestionamentos que o colocam como potencial impulsor da instabilidade mental da personagem. Já os vizinhos, a princípio normais, receptivos e amistosos (até demais, chegando a se tornarem chatos), gradativamente passam a gerar desconfiança e indiretamente influenciar conflitos entre o casal, sem falar da constante dúvida que os mesmos preservam no espectador a respeito de seus objetivos e integridade, afinal, nem tudo o que se vê em O Bebê de Rosemary pode se firmar como real e concreto. Isto é, ao flertar com o subjetivismo e o abstrato, o longa transita por terrenos confusos e perturbadores que, ao ponto que reiteram a hipotética paranoia de Rose, deixam no ar incógnitas condizentes a própria veracidade do que é visto e especulado. Mais que tudo, O Bebê de Rosemary é um filme sobre o complexo desenvolvimento psicológico de seus personagens e de seu público.
Considerando que a atmosfera enervante de conseguintes mistérios é essencial para completude da obra, destaca-se e corrobora a trilha sonora bastante inquieta e característica, assim como as atuações. Mia Farrow e John Cassavetes, como os atores de maior realce do elenco, se portam com consentaneidade a seus papeis. John, como o bom marido Guy, interpreta a persona mais carismática da película, enquanto Mia, como Rosemary, incorpora com maestria toda transformação física e mental da personagem, o desamparo e desespero dela chega a ser contaminante.
Em suma, O Bebê de Rosemary é um clássico do gênero e não à toa desponta como um dos melhores trabalhos do currículo de Roman Polanski.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 21 de maio de 1969 (2h 16min)
Direção: Roman Polanski
Elenco: Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon…
Gêneros: Terror; Drama; Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):
Um casal se muda para um prédio com pessoas estranhas. Acontecimentos ainda mais estranhos levam a jovem, que está grávida, a duvidar de sua própria sanidade. Porém, o parto e a descoberta de uma seita diabólica irão finalmente mostrar a verdade.

Avaliação:
IMDb: 8,0
Rotten: 99%
Metacritic: 96%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Avaliação

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