Jaume Collet-Serra e Liam Neeson voltaram, no
entanto teria sido melhor que ambos tivessem se dedicado mais ao trabalho e
pudessem ter entregue um resultado menos insatisfatório.
Logo em suas sequências iniciais o filme já
demonstra fragilidade ao tentar impor uma dinâmica que reflita a passagem do
tempo mostrando uma mesma ocorrência dia após dia com sutis mudanças, é
interessante, mas banal, além da execução ser confusa. Completando o pedantismo
de seu princípio, o longa atribui breve destaque a aparição dos familiares de
Michael que, mais tarde sob perigo de vida, o espectador não se sensibiliza com
a situação pela falta de um laço afetivo estabelecido entre os mesmos, sem
falar do obvio fecho que o script lhes confere. Ademais, é impossível não
comentar as fórmulas genéricas que impulsionam o enredo: dinheiro fácil como
alicerce do entrecho; transporte urbano como palco das peripécias narrativas;
ex-policial como protagonista que, a princípio louco e criminoso, termina como
herói; homem misterioso e suspeito que no fim não tem nada haver com a trama...
Tudo isso sem falar das evidentes discrepâncias de roteiro, os clichês que
compõem a maior parte da estória e as falhas, artificiais e enfadonhas
tentativas de sintetizar uma crítica a classe alta da sociedade. Ok, mas o
subgênero que o Liam Neeson vem desenvolvendo nos últimos anos não
necessariamente precisa de coerência diegética, arcos complexos e reflexivos,
mas sim de ação e pancadaria, certo? Certo, só que tais âmbitos também demonstram
enorme debilidade cinematográfica.
Concernente as empreitadas que visam o
entretenimento do público, estas não são muitas e a película se mostra
desastrosa na concepção de seus segmentos mais eletrizantes. Embora algumas
passagens consigam imprimir uma boa e engajante tensão proveniente de eventos
apreensivos, a maioria de suas acometidas são equívocas, especialmente em seu
CGI estranho que só enfatiza os absurdos mal-feitos do filme. Outra gritante
nequice diz respeito a um plano-sequência em específico que seria interessante
não fosse a câmera bizonhamente agitada e alguns auto-indulgentes lampejos de
velocidade para "emplumar" a cena.
Com relação ao elenco, este grandioso e
renomado, apenas o Neeson possui um tempo de tela considerável numa atuação que
não foge aos padrões de suas últimas performances. Vera Farmiga, Patrick
Wilson, Jonathan Banks... todos são desperdiçados, tanto potencial quanto
talentosamente. O termo desperdício igualmente pode ser aplicado sobre toda
confecção do terceiro ato: modorrento, de duração excessivamente exaustiva (se
passam 30min dentro de um trem parado com muito diálogo sacal) e repleto de
seguidos acontecimentos ridículos.
O Passageiro, sem papas na língua, é um filme
péssimo. Previsível, derivado, impertinente e desleixado, a produção está anos-luz de
outros longas que marcaram a parceria entre Jaume e Liam.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 8 de
março de 2018 (1h 44min)
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Liam Neeson, Vera
Farmiga, Patrick Wilson...
Gêneros: Suspense; Ação
Nacionalidades: EUA, França e
Reino Unido
Sinopse (Adoro Cinema):
Durante o seu trajeto usual de volta para casa,
um vendedor de seguros (Liam Neeson) é forçado por uma estranha misteriosa
(Vera Farmiga) a descobrir a identidade de um dos passageiros do trem em que se
encontra antes da última parada. Com a rotina quebrada, o homem se vê no meio
de uma conspiração criminosa.
Avaliação:
IMDb:
6,3
Rotten:
57%
Metacritic:
56%
Filmow
(média geral): 3,3
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 3,8/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.):
1,5
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