16 de março de 2019

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Mirai

Pôster


Selecionado para a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes 2018, premiado como Melhor Longa Animado Independente no Annie Awards 2019 e indicado ao Oscar de Melhor Animação, Mirai é uma das surpresas da temporada de premiações, resta saber se uma surpresa que se justifica.
Em termos estéticos, Mirai é bastante convencional ao utilizar técnicas tradicionais de 2D que não se desvinculam de típicos animes orientais. Por outro lado, um ou outro momento de identidade visual permite o filme brilhar mais do que os atributos destacados o possibilitam. Já no quesito roteiro, a película sofre com uma grande variável de altos e baixos que jamais propiciam uma completa imersão do espectador e verdadeira efetividade das lições morais que esta objetiva transmitir.
Apesar dos segmentos sentimentalmente contagiantes, a trilha sonora harmônica e os interessantes conceitos pincelados, o longa funciona mais em teoria do que na prática, visto que o primeiro ato se arrasta por longos e exaustivos quarenta minutos, o protagonista Kun é um chato birrento e o enredo se alicerça sobre uma narrativa tautológica. Isto é, a trama leva aproximadamente uma hora somente para iniciar a jornada central de seu principal personagem, este que, exclusas passagens bem específicas, jamais cativa o assistente, muito pelo contrário, Kun desperta a antipatia do público. A ineficácia do texto também se deve ao insuportável jovenzinho, visto que posteriormente a cada nova aprendizagem, este volta a cometer os mesmos erros e repetir as ações que fazem o espectador tanto odiá-lo.
Temas como fraternidade, família, rotina domiciliar, ciúme, solidão, autoconhecimento, revisão de valores... todos perdem a intensidade conforme a instabilidade do entrecho e seu equivocado formato cíclico. O segundo ato, embora seja o que possui os melhores trechos e apresenta as mensagens mais belas, é severamente afetado pelo ritmo modorrento do anterior e pelo desfecho nada convincente que tenta promover a ideia de transformação do Kun, sendo que o próprio filme tratou de enfatizar que o garoto é teimoso e não sabe lidar com os ensinamentos adquiridos. A personalidade deste, que deveria ser trabalhada numa crescente ética, é empobrecida consoante a inaptidão do script em desenvolver personagens, o que se reitera pela rasa confecção dos coadjuvantes que faz com que figuras recorrentes sejam muito mais notórias que as principais.
No mais, a película se apropria de vários planos gerais que mostram a cidade sob uma perspectiva aérea, o que não faz sentido nenhum. Uma ou outra piada surte efeito, e os elementos fantásticos, apesar de brevemente explicados, ficam na maior parte do tempo sem serem justificados, o que corrobora para concepção da áurea mágica do enredo.
Em suma, Mirai tem um protagonista fraco e manhoso, além de uma trama inconsistente e redundante que não consegue se nutrir apenas de bons momentos avulsos.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Japão): 20 de julho de 2018
Direção: Mamoru Hosoda
Elenco: Moka Kamishiraishi, Haru Kuroki, Gen Hoshino…
Gênero: Animação
Nacionalidade: Japão

Sinopse (Adoro Cinema):
Kun é um menino com uma infância feliz até a chegada de Mirai, sua irmãzinha. Com ciúmes desse bebê que monopoliza a atenção dos pais, ele vai se retraindo pouco a pouco. No fundo do seu jardim, o menino embarca em um mundo fantástico, onde o passado e o futuro se misturam. Lá, ele conhece seus parentes em diferentes idades da vida: sua mãe ainda criança, seu bisavô na juventude e sua pequena irmã na adolescência. Através dessas aventuras, Kun vai descobrir sua própria história.

Avaliação:
IMDb: 7,1
Rotten: 91%
Metacritic: 81%
Filmow (média geral): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 4
Avaliação

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