12 de março de 2019

Kontaminantes ☣ , Cam , Filmes , Suspense-filme ,

Cam

Pôster


Talvez receosa com a iminente criação de plataformas rivais, a Netflix praticamente vem dobrando a quantidade de conteúdo autoral disponível em seu catálogo, nem sempre com tamanha qualidade, mas sempre se esforçando para imprimir autenticidade. Em meio aos lançamentos de longas-metragens, Cam foi mais um que chegou estampando o selo do serviço de streaming, resta saber se de forma boa ou ruim.
Apesar de vendido como terror, Cam se aplica muito mais como suspense psicológico onde o desenvolvimento de sua protagonista e o desenrolar misterioso da trama são peças fundamentais para execução do enredo. Entretanto, antes de sacramentar sua diretriz, o filme usa a meia hora inicial para estabelecer tópicos pertinentes à concepção de mundo da estória contada, contextualizando o público a respeito de quem são as camgirls, como se dá o funcionamento do site e de que modo se realizam as transmissões. Para tal, a película utiliza - habilmente, deve-se acrescentar - takes que emulam a tela de um computador com o intuito de facilitar a compreensão do assistente acerca da estrutura virtual da plataforma em que Alice trabalha. Embora tais informações sejam necessárias, o longa se estende por mais tempo que o devido somente instituindo os parâmetros do universo que o mesmo aborda.
Ademais da premissa intrigante, o filme usufrui de recursos simplistas para conceber seus aspectos climáticos e embasbacar o espectador. Aqui, não há jumpscares ou criaturas horrendas, visto que se prezam artifícios mais singelos e eficientes como uma trilha sonora minimalista que exalta a atmosfera enervante, e elementos sujeitos a múltiplas interpretações que suscitam uma crescente paranoia e constantes dúvidas a respeito da sanidade da protagonista. A ênfase em cores como vermelho, púrpura e azul que se sobressaem pela extravagância com que a fotografia as pinta, cria um ar onírico e sensações psicodélicas que auxiliam na subjetividade do entrecho.
Considerando a temática pornográfica que molda o pano de fundo, a película é bastante precavida e pontual em expor imagens de sexo e nudez, ou seja, em momento algum há uma cena ou frame gratuito, aliás, neste âmbito a produção é até demasiado acanhada. Por outro lado, os conceitos ideológicos ganham magnitude e a internet se transforma no terreno crítico a desbravar, sendo que as pautas centrais do longa miram na periculosidade da exposição virtual, autonomia e identidade, alienação tecnológica e até onde estamos dispostos a ir por popularidade e seguidores. Questões que rondam o preconceito que a profissão de Alice sofre, bem como aceitação familiar, também são quesitos que o script se propõe a explorar com a mesma eficácia que este abrange outros pontos.
Além do roteiro audacioso e dos ímpares que marcam a obra, Cam possui como grande mérito a atuação de Madeline Brewer. Vital para a engrenagem do texto, a atriz transita com versatilidade pelas várias facetas de sua persona, indo do estranhamento, horror, delírio, raiva e frustração até o mais contagiante carisma. Como adendo, a complexidade do desfecho se mostra certeira ao manter o tom labiríntico e impulsionar diversas perspectivas distintas sem ofuscar o brilho dos principais temas debatidos e reflexões impostas.
Em suma, Cam é um filme ousado, tenso, atual, diferente, multidimensional e que conta com uma forte performance feminina.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 16 de novembro de 2018
Direção: Daniel Goldhaber
Elenco: Madeline Brewer, Patch Darragh, Melora Walters…
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Alice (Madeline Brewer) é uma ambiciosa jovem mulher que trabalha com pornografia de webcam. Quando uma misteriosa mulher idêntica a ela toma seu canal, ela se vê perdendo o controle sobre os limites que estabeleceu em relação a sua identidade online e os homens na sua vida.

Avaliação:
IMDb: 6,0
Rotten: 94%
Metacritic: 71%
Filmow (média geral): 3,1
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 2,8/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
Avaliação

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