Segundo audiovisual do ano a apresentar iétis em
seu enredo, Link Perdido, diferentemente de Abominável, possui muito mais massa
com que trabalhar. Portanto, não é absurdo afirmar que o longa, mesmo diante da
concorrência, desponta como uma das melhores animações de 2019.
A priori, Link Perdido já se inicia mostrando a
que veio. Com uma introdução ágil e empolgante, o filme logo de cara apresenta
seus principais personagens, todos cativantes e detentores de personalidades
fortes. Sir Lionel Frost é egoísta e orgulhoso, mas também elegante, inteligente,
sagaz e atlético; sua fisionomia é bastante singular e seu caráter marcante,
indubitavelmente um protagonista fácil de simpatizar e por quem torcer. Susan
(ou Sr. Link), por sua vez, esbanja carisma, é mais esperto do que aparenta e alicerce
do tom jocoso empregado pelo roteiro, em outras palavras, a comicidade provém
exponencialmente da ignorância do mesmo perante elementos e hábitos mundanos.
Outrossim, os personagem complementam o arco um
do outro de forma pertinente, sendo estes antagonizados por Lord Piggot-Dunceby,
que, apesar de narrativamente alinhado ao entrecho, é mal desenvolvido. Ou seja,
ainda que em determinado bloco este tenha um monólogo sobre o qual se entende
que futuramente a persona irá ganhar camadas, o trecho é simplesmente esquecido
e não aprofundado, fazendo com que Piggot-Dunceby termine como um mero vilão genérico
e unidimensional. Vale ressaltar que o script, em contraparte, é
virtuoso na concepção individualmente entusiástica de cenas, além de não forçar
um casal entre Lionel e Adelina, como seria habitualmente compelido em qualquer
outra produção similar.
Mesmo que o visual marcado pela diversidade de
colorações destaque-se, e a trilha acentue a grandiloquência de certos
momentos, o principal realce fica por conta das discussões impostas pela
película. Evolucionismo, preconceito, patrimônio e identidade cultural são
apenas alguns dos conceitos abordados com leveza e relevância pelo texto.
Ademais, o próprio subnúcleo pessoal dos personagens leva o espectador a
reflexões de maior densidade, isto é, enquanto o ego e o orgulho de Sir Lionel fazem
um paralelo com a incessante busca do homem em descobrir novas criaturas e desbravar
o mundo independente das consequências, o plot de Susan foca mais em seu
íntimo propondo-se ao debate de temas como pertencimento e diferenças entre espécies.
Link Perdido é uma animação hilária, frenética
e muito divertida que possui sequências individualmente recreativas e
personagens com uma excelente dinâmica, em suma, um filme em que o verniz de
sua narrativa é derivado, mas as minúcias que a completam desdobram-se com
engenhosidade e as pautas em questão com importância e impacto.
Matheus J. S.
Assista e
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 7 de
novembro de 2019
Direção: Chris Butler
Elenco: Hugh Jackman, Zach
Galifianakis, Zoe Saldana…
Gênero: Animação
Nacionalidades: EUA e Canadá
Sinopse (Google):
Cansado de viver uma vida solitária no noroeste
do Pacífico, o Sr. Link recruta o destemido explorador Sir Lionel Frost para
guiá-lo em uma jornada para encontrar seus parentes perdidos há muito tempo no
lendário vale de Shangri-La. Junto com a aventureira Adelina Fortnight, o trio
se depara com diversos perigos enquanto viajam para os confins do mundo.
Avaliação:
IMDb: 6,7
Rotten: 89%
Metacritic: 68%
Filmow (média geral): 3,4
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,3/3,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
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