7 de fevereiro de 2020

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Perdi Meu Corpo

Pôster


Animações francesas têm se destacado durante os últimos anos. Tendo como principal expoente o longa-metragem Minha Vida de Abobrinha (2016), o país da Torre Eiffel chega, três anos mais tarde, com mais uma animação a ser notada. Distribuída mundialmente pelo serviço de streaming da Netflix, Perdi Meu Corpo é uma produção bela e sensível.
Em primeiro lugar, vale frisar que Perdi Meu Corpo é um filme simples, mas de grande apuro cinematográfico e uma premissa instigante e engenhosa. Dito isso, o foco da película não está no porquê das coisas ou em suas resoluções, mas sim no modo com que estas acontecem, em outras palavras, muito mais que verbal, esta é uma obra em que as imagens contam a estória, sem a interferência de explicações baratas ou exposições dialógicas. Ainda que tal incursão se abstenha de diretrizes mais concretas para uma efetiva compreensão do roteiro, o brilhantismo do longa centra-se na subjetividade de seu enredo, na contenção muda de emoções e na utilização minimalista de recursos narrativos.
Nesse sentido, o filme se respalda em um entrecho modesto incrementado com elementos estruturais menos pragmáticos. A opção por uma estória não linear torna a película recreativamente mais entusiástica, além de alinhá-la temporalmente para que os eventos culminem de acordo com as intenções do script. Os flashbacks em preto e branco permitem o assistente discernir a época em que tais ocorrências se passam, e o implemento de planos-detalhe atribuem uma sutileza charmosa adicional ao longa. Por sua vez, a trilha é concisa e atmosférica, e o filme, usuário frequente de aspectos tradicionais de thrillers, articula com primor a tensão de segmentos que poderiam ser meramente concebidos nas mãos de um cineasta menos qualificado. Ademais, a ausência de colorações fulgurosas e a recorrência de chuvas na trama realçam o caráter macambúzio da mesma e de seu protagonista: Naoufel.
Outrossim, é sobre esta persona que a película molda suas principais empreitadas, desenhando, concomitantemente, um mundo frustrante, amargo, frio e grosseiro onde todas as pessoas são rudes e apáticas. Dessa forma, é fácil para o longa fazer com que gestos gentis, semblantes bondosos e situações singelas ganhem ênfase, como uma conversa por interfone, o voo de uma mosca e o toque de um piano. Por conseguinte, acentua-se o fato que uma mão demonstra mais emoções que os próprios seres humanos, sendo esta uma escolha assaz curiosa para condução do filme, levando o público a indagações mais amplas que o fazem se questionar o porquê da escolha de tal membro. Independente da resposta e por mais interpretativa que ela seja, é inegável que a singularidade supracitada vale o ingresso por si só.
No mais, o importante não é sobre o que a película discorre, mas sim o fato de que Perdi Meu Corpo é uma obra linda, arguta e despojada que parte de uma premissa inventiva o suficiente para fazer com que o espectador simplesmente aproveite a experiência.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (França): 6 de novembro de 2019
Direção: Jérémy Clapin
Elenco: Dev Patel, Victoire Du Bois, Patrick d'Assumçao...
Gênero: Animação
Nacionalidade: França

Sinopse (Adoro Cinema):
Uma mão decepada escapa do laboratório de dissecação no qual estava presa durante os últimos meses. Com a fuga ela possui um só objetivo: retornar para o restante de seu corpo e voltar a fazer parte de um organismo completo. Enquanto ela vaga pelos arredores de Paris, se lembra dos tempos de quando era apenas uma jovem mão no corpo de um apaixonado rapaz.

Avaliação:
IMDb: 7,6
Rotten: 96%
Metacritic: 80%
Filmow (média geral): 3,8
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação

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