26 de abril de 2020

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Vivarium

Pôster


Filmes com temáticas cíclicas não são novidades no hodierno circuito cinematográfico de Hollywood. Ainda que não inusitadas, tramas com características de repetição temporal ou singularidades que tornam incessantemente a acontecer, sempre chamam a atenção. Isso acontece com Vivarium, longa dirigido por Lorcan Finnegan que vem causando bastante burburinho por onde passa.
A priori, vale destacar que, apesar do contexto em que o entrecho se desenvolve, assistir Vivarium jamais se torna uma experiência maçante. Isto se deve ao roteiro que nunca se deixa engessar, seja através da inclusão de elementos enigmáticos, descobertas feitas pelas personagens e a inserção gradual de mistérios que corroboram a complexidade holística do enredo. Tendo em vista a imersão de um público ávido por respostas, acentua-se uma hábil direção responsável pelo equilíbrio tonal com que o texto se dispõe, fazendo com que o espectador além de intrigado mantenha-se entretido.
Outrossim, a concepção das personas em tela é meticulosa. No que diz respeito a Tom e Gemma, a película tece sobre ambos um contundente estudo comportamental regido pelo marasmo de uma rotina solitária e continuamente indistinta. Dito isso, o entrecho usufrui do cárcere ambiental vivido pelas personagens para debater pautas socialmente pertinentes e alegóricas, tais como isolamento social, rotina, núcleo familiar, maternidade e paternidade, relacionamento e outras variáveis suscetíveis as mais diversas interpretações.
Salvo o casal protagonista, todos os semblantes que passam a integrar a trama ao seu correr são bizarros. Tanto pela fisionomia quanto pelo modo de agir, estes agregam camadas labirínticas cada vez mais profundas ao discernimento do enredo, fazendo do filme tão mais confuso quanto instigante. Convém frisar os sentimentos de angústia e incômodo presente ao longo da obra, seja pelas semelhanças latentes e não admitidas entre as realidades acabrunhadas vividas por público e personagens, seja pela identidade esdrúxula assumida pelo longa desde os minutos incipientes. Sobretudo, Vivarium, ainda que periodicamente recreativo, visa essencialmente o desconforto como meio para metaforizar e criticar um padrão de vida.
Por sua vez, os aspectos visuais da produção não se deixam para trás. Cores vivazes e um cenário onírico delineiam um mundo inquietantemente perfeito, onde matizes psicodélicos também têm seu espaço e uma sequência "nonsense" marca parte do clímax da obra.
Por fim, a performance do elenco igualmente merece nota. Enquanto Jonathan Aris e Eanna Hardwicke incorporam com brilhantismo as peculiaridades idiossincráticas de suas personas (realce para Senan Jennings que interpreta com louvor uma detestável e estrambólica criança), Jesse Eisenberg e Imogen Poots assumem com perfeccionismo a crescente paranoia de seus papeis, assim como o progressivo cansaço físico e mental decorrente do martirizante cotidiano enfrentado pelos mesmos.
Em suma, Vivarium é um filme provocativo, ímpar, enervante e intenso.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (França): 11 de março de 2020
Direção: Lorcan Finnegan
Elenco: Jesse Eisenberg, Imogen Poots, Jonathan...
Gênero: Suspense
Nacionalidades: Irlanda, Bélgica e EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Enquanto procuram pela casa ideal para que possam morar juntos, um casal se vê preso em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Quando eles percebem que o local não é nada do que imaginavam, pode ser tarde demais.

Avaliação:
IMDb: 5,8
Rotten: 70%
Metacritic: 64%
Filmow (média geral): 3,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação

Um comentário:

  1. Não gostei do filme, atuações fracas e uma história sem sentindo não agrega nada.

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