26 de maio de 2020

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Capone

Pôster


Considerado por muitos o maior gângster da história dos Estados Unidos, Al Capone sempre foi alvo da indústria do entretenimento. Após emblemáticas participações em filmes e séries, o mafioso mais uma vez se vê na mira do imaginário cinematográfico, dessa vez em um longa com proposta ímpar sob o comando do controverso Josh Trank.
Ao focar em um período inglório da vida de Alphonse Capone, a película logo de cara desglamouriza a imagem que o espectador tem do famoso criminoso, apresentando um homem velho e debilitado. Nesse quesito, Tom Hardy, encarregado do papel, interpreta um “Scarface” (como era chamado) desconfiado, paranoico e desorientado que compactua com a ideia de fragilidade física e mental imposta pelo texto. Entretanto, em certos momentos a atuação deste beira à canastrice, o que não se pode afirmar ser culpa do ator ou do próprio roteiro.
Outro fator que também tão logo chama a atenção é a maquiagem do personagem. Embora esta pouco se assimile à fisionomia real da pessoa retratada, a mesma, por outro lado, dá um tom incômodo e quase aterrorizante à persona que acaba fazendo jus à reputação que a precede. Dito isso, o filme é hábil ao traçar o perfil de um homem infame por seus atos atrozes sem jamais mostrá-los ao público, o que é reiterado com os trechos de rádio ouvidos pelos personagens em que Capone integra algum tipo de novela ou similar.
No que diz respeito à instabilidade mental supracitada, o longa trabalha tal aspecto ora com muito humor, ora com lugubridade, porém, a todo instante, fazendo o assistente questionar o que é ou não real. Por suas facetas mais tênues, a película arranca risadas mediante os hilários ataques do personagem, o que se resume a muitos resmungos, devaneios e evacuações indesejadas. Já em seus âmbitos soturnos, a obra flerta com o horror e constitui sequências alucinatórias dantescas como reflexo dos demônios que assombram o passado de Al. Nesse sentido, vale ressaltar a inserção da trilha como uma ferramenta atmosférica que tem seu auge em meio às divagações do mesmo.
Visualmente, Capone é um filme sofisticado. O design de produção e o figurino transparecem a opulência da vida do personagem, enquanto a cenografia reconstrói os anos 40 com muito esmero e detalhismo. Por sua vez, a violência, com forte apelo gráfico, escancara a visceralidade do mundo que moldou a personalidade de Alphonse, ao passo que a paleta de cores sombria - atrelada ao subnúcleo dos agentes responsáveis pela investigação de Al - atribui ao longa um caráter noir.
No mais, se, por um lado, a película omite informações que seriam narrativamente importantes para contextualizar o público, por outro o faz se interessar pela história e pesquisar mais por conta própria. Mesmo assim, a figura de "Fonzo" articula-se como a força motriz do enredo, e quando este não se encontra em cena, ainda que a obra se mantenha, esta não apresenta o mesmo vigor. Ademais, convém frisar os semblantes periféricos que igualmente sofrem pelas condições da persona central, o que, todavia, não impede que o arco de Johnny (Matt Dillon) seja mal-ajambrado.
Embora imperfeito, Capone foge aos tradicionais moldes biográficos hollywoodianos, apresenta uma performance singular de Tom Hardy e possui uma estória inusitada o suficiente para manter o espectador engajado até o seu fim.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (EUA): 12 de maio de 2020
Direção: Josh Trank
Elenco: Tom Hardy, Matt Dillon, Linda Cardellini…
Gênero: Policial
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
Al Capone é um homem diferente dez anos após sair da prisão. Porém, não necessariamente melhor. Aos 47 anos, o gângster começa a sentir os efeitos da demência. E os danos psicológicos da doença são intensificados pelo passado violento do Inimigo Público Nº1 dos Estados Unidos.

Avaliação:
IMDb: 4,9
Rotten: 42%
Metacritic: 46%
Filmow (média geral): 2,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Avaliação

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