13 de maio de 2020

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Os Irmãos Sisters

Pôster


Mesmo que o western tenha tido o seu auge durante a segunda metade do século passado, ainda assim, nos dias de hoje, é possível encontrar títulos que façam jus à era de ouro do gênero. Felizmente, Os Irmãos Sisters é um desses estimados exemplares.
Introdutoriamente, o filme tem início com um tiroteio às cegas bastante intrigante, ou seja, sob um completo breu. Ainda que não aparente, a respectiva sequência diz muito sobre a obra, preterindo a violência gráfica em prol de um conteúdo mais sofisticado desenvolvido por entrelinhas. Sobretudo, Os Irmãos Sisters é sobre o progresso, um mundo em evolução e o conflito do homem civilizado com o arquétipo do pistoleiro do Velho Oeste.
Tal contraste personifica-se através dos protagonistas Charlie (Joaquin Phoenix) e Eli (John C. Reilly), irmãos de personalidades completamente antagônicas. Enquanto Charlie é inconsequente, bronco e impulsivo, o estereótipo do grosseiro caçador de recompensas, Eli é muito mais refinado, polido e sensato, o reflexo do que - em tese - mais se aproxima do perfil do homem moderno. Nesse cenário, o longa desmistifica a imagem do cowboy ao rivalizar a racionalidade e a força bruta, ao passo que a trama caminha para um desfecho inglório em que o poderio de uma arma de fogo é nulificado.
Dito isso, a película dribla muitas das convenções do gênero e segue por rumos cada vez mais inusitados, revelando-se somente em meados do segundo ato. Isto é, quando a narrativa aparenta estar perdendo sua impetuosidade, os diálogos ganham ainda mais força e o espectador começa a compreender a estória que o filme quer contar. Até lá, este se apropria de detalhes visuais e a reação das personagens frente aos mesmos para moldar o pano de fundo do enredo, como quando Eli depara-se entusiasmadamente com uma privada sem nunca ter visto uma, ou mostra-se intrigado ao ver pela primeira vez alguém escovando os dentes.
Outrossim, a química que rege a dinâmica entre a dupla de irmãos é ótima. Mesmo perante as várias divergências idiossincráticas, Eli e Charlie formam uma aliança fraternal de muito companheirismo e afetividade, respaldada no respeito que um tem pelo outro e no histórico familiar de conflitos. Tal laço igualmente destaca-se pela autenticidade impressa, desde os momentos mais ternos com um cuidando do outro até as discussões mais exasperadas. No entanto, a eficácia dessa dinâmica se deve em grande parte à performance dos atores. Joaquin Phoenix, como de praxe, está ótimo na pele do irmão "bad boy", mas é John C. Reilly quem rouba a cena. Muito mais comedido que o habitual, a atuação deste é de longe a melhor de sua carreira, na qual vive um homem sóbrio e ponderado, e nada espalhafatoso como costumeiramente interpreta.
No mais, convém ressaltar o belo trabalho de design de produção que dá vida a cidades totalmente diferentes uma das outras, cada qual com suas particularidades e respectivas dimensões. Por sua vez, a direção de Jacques Audiard mantém-se constante ao correr de todo o longa, encorpando gradualmente a magnitude do roteiro e os contornos dramáticos que se acentuam de modo paulatino, o que, em síntese, demonstra um equilíbrio tonal perfeito do texto em mãos. Contudo, o script, co-escrito por Jacques Audiard e Thomas Bidegain, peca ao enfatizar uma subtrama envolvendo um xale que jamais é integralmente desenvolvida.
Os Irmãos Sisters, portanto, é uma obra notória que passou despercebida do grande público e atribui nova roupagem ao western.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica:
Data de lançamento (França): 19 de setembro de 2018
Direção: Jacques Audiard
Elenco: John C. Reilly, Joaquin Phoenix, Jake Gyllenhaal...
Gênero: Ação
Nacionalidades: França, Espanha, Romênia, EUA e Bélgica

Sinopse (Adoro Cinema):
Eli (John C. Reilly) e Charlie (Joaquin Phoenix) Sisters são dois pistoleiros que recebem uma missão complicada: capturar e eliminar Hermann Kermit Warm (Riz Ahmed), um explorador de minas de ouro.

Avaliação:
IMDb: 7,0
Rotten: 87%
Metacritic: 78%
Filmow (média geral): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação

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