É fato que 2020 não foi um ano fácil para a
indústria cinematográfica. Entretanto, ainda que as salas de cinema tenham se
mantido durante muito tempo fechadas, isto não parece ter sido obstáculo para
que grandes produções estreassem. Diante deste cenário, a televisão, cada vez
mais com destaque, se tornou o ambiente ideal para o lançamento de novas obras,
como é o caso de Palm Springs, da Hulu.
A priori, Palm Springs é uma típica comédia
romântica, e é muito boa nisso, possuindo todos os ingredientes para arrancar
gargalhadas do assistente e contagiá-lo com a fluida dinâmica de seu casal
protagonista. Dito isso, a jocosidade provém do ótimo timing cômico
articulado pelo roteiro, isto é, todas as piadas funcionam, ganhando ênfase pela
unicidade de suas inserções e a não repetição das mesmas. Por sua vez, o elenco
tem uma ótima sintonia, tendo como pináculo a excelente química que rege a
relação entre Nyles e Sarah, ou seja, os atores estão extremamente à vontade,
convencendo o assistente desde o primeiro instante de que eles formam um par
perfeito.
Além das personas supracitadas, as
participações de Roy também merecem nota. Interpretado pelo sempre magistral J.
K. Simmons, as aparições do personagem são emblemáticas, majoritariamente
marcadas por um tipo de humor negro que o faz, dentro do enredo, mais se
aproximar do que seria uma espécie de vilão. Vale ressaltar, no entanto, que a
trama não se apropria de dicotomias ou dualidades para contar sua estória,
utilizando Roy primordialmente como antagonista buscando unicamente entreter o
público e articular uma guinada no roteiro responsável por estimular os
principais debates propostos pelo mesmo.
Outrossim, tais debates, infelizmente,
mostram-se superficiais quando sob análise. As tentativas do texto em pautar
temas relacionados à laços afetivos e a importância de se valorizar as pessoas
que realmente importam em nossas vidas, são blasé e derivadas. Nesse sentido, o
filme se acomoda e pouco se mobiliza para o acréscimo de camadas
verdadeiramente relevantes, prezando, portanto, um discurso raso e antiquado. O
mesmo pode ser dito acerca do conflito de interesses que abrange o
relacionamento entre Nyles e Sarah, visto que este pouco complementa a concepção
idiossincrática dos personagens e soa como facilitações narrativas mediante o
alcance do clímax visado.
Corroborando a espontaneidade do entrecho,
realça-se a concepção visual do longa. Em linhas gerais, pode-se dizer que a
obra usufrui predominantemente de colorações vivas e enérgicas, criando um cenário
lúdico propício para o desenrolar entusiástico do enredo. De similar modo, a
montagem encarrega-se de injetar dinamismo ao script, tendo como suporte
uma direção ágil, trilha vigorosa e uma fotografia revitalizante que cadenciam
em sinergia o ritmo da película. Além, a incursão periódica de flashbacks
é ligeira e funcional, ao passo que a inexistência de explicações a respeito
dos fatores que levaram ao início do loop é acertada, considerando que a
produção jamais demonstra a pretensão de se apropriar de elucidações científicas
mais complexas e elaboradas.
Ainda que o ineditismo não possa ser usado como
um adjetivo ideal para representar Palm Springs, o filme, em suma, se aproveita
de uma temática saturada para criar uma experiência fílmica recreativa e hilária.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (EUA): 10 de
julho de 2020
Direção: Max Barbakow
Elenco: Andy Samberg, Cristin Milioti, J. K. Simmons…
Gênero: Comédia
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Nyles (Andy Samberg) é um homem relaxado e sem
preocupações. Quando em um casamento em Palm Springs ele conhece Sarah (Cristin
Milioti), a relutante madrinha do casamento, ele se vê incapacitado de deixá-la
ou deixar o local.
Avaliação:
IMDb:
7,4
Rotten:
94%
Metacritic:
83%
Filmow
(média geral): 3,8
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 8
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