Sendo provavelmente um
dos diretores de cinema mais controversos da atualidade, Christopher Nolan
angaria tantos adeptos quanto "haters". Notório pela
famigerada trilogia do Batman estrelada por Christian Bale, e pela concepção de
longas tecnicamente audaciosos e roteiros pouco usuais, Nolan, três anos após
sua última empreitada atrás das câmeras, volta aos holofotes com mais uma obra
que divide opiniões.
A começar por sua cena inicial, Tenet tem uma
sequência de abertura assaz interessante. Isto é, ao jogar o espectador no meio
de um imbróglio dentro de um estúdio de ópera, a película obtém êxito ao fazer
com que o público logo de cara seja atordoado por um acontecimento de grande
escala, deixando-o tão embasbacado quanto curioso. Ainda que confuso, o segmento
é propositadamente assim concebido, haja visto que o mesmo objetiva impactar os
assistentes, e as repostas para as indagações deixadas posteriormente vêm à tona.
Outro ponto de destaque é a trilha. Aliada
principalmente aos blocos mais enérgicos do filme, esta dita o ritmo com pujança
e entusiasmo. Dito isso, as sequências mais lúdicas - estas compostas pelo que
o texto chama de "inversão do tempo" - são, além do elemento sonoro
supracitado, segmentos que entretém o espectador e esbanjam o primor técnico de
Nolan. Afinal, é impossível não se impressionar com a unicidade das cenas, o
apuro e arrojo da direção e se questionar como as mesmas foram feitas.
Entretanto, fato é que, no que diz respeito à acuidade cinematográfica de
Christopher, este, ao longo de sua carreira, mais do que se provou proficiente
nesse quesito, fazendo com que Tenet seja muito mais visado por suas outras
características do que simplesmente seu esplendor visual.
Assim sendo, os demônios de Tenet estão
intrinsecamente acoplados ao roteiro. Ou seja, a partir do momento que o longa
diz a seu público para não se preocupar em entender a estória e sim
"senti-la", o mesmo se abstém de qualquer indulto que possa infligir
sobre si concernente aos complexos conceitos expostos. Entretanto, o que sobra
se resume a lástima, considerando que o enredo se desenvolve de forma
superficial em prol de uma trama que o próprio filme não se preocupa em se
fazer compreender. Em outras palavras, a película, em momento algum, estabelece
um laço sólido entre assistente e personagens, cuspindo, em contraparte, rostos
famosos à tela na esperança de cativar um público estafado com a pobreza
idiossincrática dos mesmos.
Outrossim, o vilão é totalmente caricato, as
tentativas de romantizar o arco entre Kat e o personagem vivido por John D. Washington são pífias e o
terceiro ato se arrasta por muito mais tempo que o necessário. Por fim, vale
ressaltar a dupla protagonista: Robert Pattinson e John D. Washington.
Inobstante, ambos estão bem em tela, atuando de modo competente em vista do
texto pobre que lhes é designado. No mais, a dinâmica que rege a relação entre
os dois não possui embasamento algum do script, sendo que os poucos
momentos jocosos dessa interação se deve unicamente ao talento individual dos
atores.
Em suma, Tenet é um filme terrível.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 29
de outubro de 2020
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Robert Pattinson, John D. Washington,
Elizabeth Debicki…
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Google):
Um agente secreto embarca em uma missão
perigosa para evitar o início da Terceira Guerra Mundial.
Avaliação:
IMDb:
7,5
Rotten:
70%
Metacritic:
69%
Filmow
(média geral): 3,4
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 3,6/3,5
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 2
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