Seis anos atrás, chegava aos cinemas John Wick, película de ação
estrelada por Keanu Reeves que de imediato conquistou uma imensa leva de
adeptos e foi ovacionado pela crítica. Responsável por resgatar um estilo
abandonado há muito tempo, o filme trouxe um frescor bem-vindo ao gênero,
prezando a coreografia dos movimentos e a continuidade das cenas em detrimento
de takes tremidos e infinitos cortes. Alguns anos mais tarde, em específico
2021, chega às telonas Anônimo, longa protagonizado por Bob Odenkirk que
procura emular os passos da película supracitada.
Em primeira análise, ainda que o filme tenha como principal elemento
suas sequências de ação, o roteiro dedica grande parte do primeiro ato ao
estabelecimento da rotina fastidiosa do protagonista e a imposição dos mistérios
que rondam a sua identidade. Tais inserções iniciais são fundamentais para a
posterior catarse do protagonista e a decorrente manobra orquestrada pelo
texto. Vale ressaltar que mesmo após o término da produção, muitas perguntas
permanecem sem resposta, principalmente ao entorno de Hutch, o que salienta sua
personalidade enigmática.
Pertinente aos trechos de maior agilidade, a princípio estes são impecáveis,
manipulando com primazia a sonoplastia acurada, as dimensões do espaço e a ínfima
utilização de cortes entre as cenas. É notável que os atores se dedicaram
bastante nos ensaios, assim como o roteirista que demonstra comprometimento com
a verossimilhança ao engendrar segmentos que procuram se aproximar ao máximo da
verdade; o protagonista apanha, sangra e enfrenta dificuldades ao lidar com
inimigos, o que o torna vencível e acentua o grau de periculosidade das sequências.
Entretanto, deve-se enfatizar que a primazia supracitada se esfacela
cada vez mais quando próximo ao fim, haja visto que os blocos antes
entusiasmantes se tornam inapetentes e preguiçosos; não há mais coreografia, o
tom genuíno se esvai tão logo quanto fora imposto e as características que
autenticam a assinatura do diretor são suprimidas por um imbróglio narrativo
visual. Nesse sentido, outros traços que também avalizam a identidade do
cineasta têm o impacto atenuado, tais como a utilização excessiva de segmentos
em slow motion aliados a peculiaridade da trilha que, ainda que a princípio
hilários, perdem força em face do uso demasiado.
No mais, a inclusão repentina de um personagem no terceiro ato é inexplicável,
ao passo que tudo relacionado ao vilão é caricato. Por sua vez, é válido
destacar que o arco do casal é abordado de forma superficial, o que se resume a poucos minutos de tela e uma rápida pincelada. Por fim, é por conta dessas
imperfeições e outros pontos já realçados que Anônimo se distancia do longa o
qual tenta se equiparar (John Wick), sendo facilmente esquecido e tratado como
uma mera experiência medíocre.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
Comente,
Compartilhe e Siga Nosso Blog
Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 25 de fevereiro de
2021
Direção: Ilya Naishuller
Elenco: Bob Odenkirk, Aleksey Serebryakov,
Connie Nielsen…
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Adoro Cinema):
Em Anônimo, Hutch Mansell
(Bob Odenkirk) é um pacato pai e marido que sempre arca com as injustiças da
vida, sem revidar. Quando dois ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a
defender a si mesmo e sua família na esperança de evitar qualquer violência, desapontando
seus familiares com sua passividade.
Avaliação:
IMDb: 7,4
Rotten: 84%
Metacritic: 64%
Filmow (média geral):
3,8
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Nenhum comentário:
Postar um comentário