Após um ano inteiro sem novas produções da Marvel nos cinemas, o estúdio
dirigido por Kevin Feige retorna aos holofotes com a estreia de Viúva Negra. Ao
contar uma estória que se passa entre Guerra Civil e Guerra Infinita, o filme
tem como objetivo expandir o background que a personagem-título possui,
tanto como forma de preencher algumas lacunas na linha cronológica do UCM,
quanto com o intuito de fazer uma última homenagem à principal heroína dos
Vingadores originais. Posto isto, será que o tributo faz jus a todas as
expectativas em torno de si?
Em primeira análise, o principal elemento que tão logo contagia o público
é a inserção de novos e cativantes personagens. Além do elenco estar
extremamente afiado, os novos rostos funcionam tão bem sozinhos quanto em
equipe. Yelena, por exemplo, sustenta o fardo de receber o manto das mãos de
Natasha Romanoff, fazendo-o com assaz perspicácia e talento. Sua subtrama é convincente
o bastante para engajar o espectador, ao passo que os conflitos que moldam o
seu passado são fundamentais para que este compreenda e se sensibilize com suas
atitudes no presente.
Concernente a Melina, apesar de vivida muito bem por Rachel Weisz, é a
que menos se destaca no quarteto central. Seu arco jamais é explorado ao
limite, enquanto sua efetiva participação na trama é ofuscada pelo realce dos
companheiros em tela. Por outro lado, Alexei (ou Guardião Vermelho) tem as
melhores e mais icônicas cenas do longa. Ademais do carisma natural que David
Habour possui, o roteiro sabe manipular com precisão a personalidade
contagiante do ator, lhe atribuindo as principais piadas do entrecho e tecendo
referências que vão até um potencial combate com o Capitão América.
Por sua vez, a estrela da película, Natasha Romanoff, desempenha muito
bem o papel de liderança que lhe é dedicado. A personagem conduz o fio
narrativo com fluidez e vitalidade, o que se deve a consciência que o script
possui acerca dos traços idiossincráticos desta e de suas habilidades, além da
comodidade que a atriz demonstra após anos interpretando a mesma heroína. Vale
ressaltar que o fato de os assistentes conhecerem o destino da persona não
afeta em nada a experiência, haja visto que o filme funciona de forma individual
e suscita novas possibilidades ao futuro do UCM. Isto é, independente da data
de lançamento, a produção agrega características que enriquecem a jornada solo
da Viúva e complementam de forma significativa a mitologia do Universo Marvel
nos cinemas.
Do lado antagonista, o longa acerta precisamente na concepção do
Treinador. A presença que ele marca em tela é notória, tanto por conta do
visual enigmático e intimidador, quanto pelas singularidades que regem o seu
estilo de luta. Em contraparte, o verdadeiro vilão responsável por todas as
adversidades que os heróis enfrentam é péssimo; suas motivações são maniqueístas
e derivadas, seus diálogos são expositivos e sua construção dentro do enredo é tão
insípida que ele desponta como um dos piores antagonistas do UCM. Nesse
sentido, o terceiro ato é majoritariamente afetado pela participação constante
do personagem, destoando dos demais blocos narrativos e fornecendo uma conclusão
anticlimática ao entrecho.
No que diz respeito a ação, a película é demasiado inconsistente. As
sequências são retalhadas e ininteligíveis, ao mesmo tempo em que nem a boa
performance do elenco consegue galgar os entraves impostos pelas cenas
picotadas. Infelizmente, tal nequice reproduz efeitos até na apresentação das
habilidades individuais das figuras em tela, considerando que o potencial artístico
da visualização dos independentes estilos de combate e artifícios que dão
personalidade aos personagens são omitidos por uma gravação trêmula e
entrecortada. Em contraparte, a comicidade é utilizada como um contraponto aos
segmentos supracitados, visto que o impacto negativo de uma sequência
mal-ajambrada é imediatamente sobreposto pelo alívio cômico de algum trecho
subsequente. Cabe salientar que as piadas são pontuais e chegam a brincar com
arquétipos do próprio universo Marvel, o que por si só é hilário.
Em síntese, Viúva Negra é um filme divertido, tem rostos carismáticos e
uma dinâmica em grupo bastante enérgica; está longe de ser uma obra perfeita,
mas ainda assim concede um desfecho digno à personagem-título.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 8 de julho de 2021
Direção: Cate Shortland
Elenco: Scarlett Johansson, Florence Pugh,
Rachel Weisz…
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Filmow):
Natasha Romanoff precisa
confrontar partes de sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada
ao seu passado. Perseguida por uma força que não irá parar até derrotá-la,
Natasha terá que lidar com sua antiga vida de espiã, e também reencontrar
membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar parte dos
Vingadores.
Avaliação:
IMDb: 6,9
Rotten: 81%
Metacritic: 67%
Filmow (média geral):
3,6
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 4,0/3,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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