Com um ano de atraso, recentemente chegou aos cinemas Um Lugar
Silencioso 2. Sequência direta do audiovisual de 2018, a produção dá continuidade
aos eventos que culminaram no desfecho do longa passado. Dito isso, ainda que o
fecho do primeiro filme deixe alguns propositais litígios narrativos, será que
uma continuação era realmente necessária?
Primariamente, cabe ressaltar que os trechos incipientes da película se
manifestam como um flashback situado ao início de todo o caos que
desencadeou as ocorrências vistas até então. Além de ser uma forma eficiente de
começar a trama de modo ágil, o segmento é uma ótima oportunidade que o roteiro
aproveita para reutilizar um de seus personagens já mortos: Lee. Ademais do público
poder matar a saudade daquele que foi o mais cativante rosto do longa introdutório,
a inserção deste tem como intuito intensificar o impacto dos blocos
primordiais, seja em função da boa performance do ator, seja em face do papel
importante que ele exerce dentro do núcleo narrativo em questão.
Nesse sentido, um dos principais elementos trabalhados pelo filme é a
maneira com que este orquestra seus momentos mais tensos. Para tal, o diretor
recorre a apreensão de se manter em silêncio o tempo todo e a incerteza que
ronda o destino dos personagens com o causar de qualquer ruído. Apesar da fórmula
ser a mesma da película original, o efeito permanece, haja visto que a equação é
eficiente e o longa não se propõe a ser maior que o seu antecessor. Posto isto,
os segmentos em que o silêncio completo toma conta da tela como forma de emular
a surdez da Regan, se realçam como os mais agonizantes, especialmente pelo fato
do espectador se sentir na pele da personagem e ela assumir um papel de liderança
no enredo.
Destarte, aqui as crianças são as reais protagonistas, posto que as
circunstâncias de efetiva participação no entrecho são desencadeadas a partir
da ação destas. Desse modo, Evelyn (Emily Blunt) fica deslocada e inoperante,
chamando mais a atenção por conta da reputação que o nome da atriz ostenta do
que pelas próprias atitudes de sua persona. O mesmo pode ser dito acerca de
todos os rostos periféricos que integram a estória, visto que a inclusão destes
é momentânea e possui como único objetivo criar uma passagem de instantâneo
conflito. Por outro lado, há uma exceção que diz respeito a Emmet, novo
semblante a compor o elenco da obra. Interpretada por Cillian Murphy, a figura
em questão traz um frescor bem-vindo a argamassa humana central; o personagem é
carismático e, apesar do seu plot não ter e não precisar de tanto
aprofundamento, este é desenvolvido o suficiente para os assistentes
compreenderem o seu drama particular.
No que concerne a direção, John Krasinski opta por uma abordagem
minimalista e compassada. Em outras palavras, o filme, como já enfatizado, não
tem a pretensão de superar o seu precursor, seja em questão narrativa quanto em
aspectos técnicos. Tal predileção permite que a trama se estruture a partir de
um tom familiar sem recorrer a exageros e megalomanias, como costumeiramente
ocorre com as sequências. Nesse quesito, outra similaridade que pode ser
encontrada entre as produções é a concepção de um final em aberto, atribuindo,
mais uma vez, uma sensação de incompletude à película. Convém destacar que a
incógnita pertinente a origem das criaturas permanece, salientando, por
conseguinte, a identidade enigmática delas.
Outrossim, Krasinski emprega muitas rimas visuais em seu filme. Estas
possibilitam que haja uma transição fluida entre as cenas sem a necessidade de um corte seco ou a utilização de alguma outra ferramenta de brusca mudança
entre as tomadas. Entretanto, o uso frequente do recurso faz com que se sature,
sendo que durante o terceiro ato a manipulação deste se mostra insípida e
tediosa; o que a princípio era um válido artifício extradiegético, logo se
torna um enfadonho mecanismo de subterfúgio narrativo. No mais, o diretor
consegue extrair o máximo de seu elenco com a construção de trechos que
promovem o espaço adequado para cada um dos atores se destacar.
Em linhas gerais, Um Lugar Silencioso 2 é uma obra bem equilibrada que,
salvo algumas exceções, diverte tanto quanto a primeira parte.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 17 de junho de 2021
Direção: John Krasinski
Elenco: Emily Blunt, John Krasinski, Cillian
Murphy…
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA
Sinopse
(Filmow):
Seguindo os acontecimentos
mortais dentro de casa, a família Abbott precisa agora encarar o terror mundo
afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio.
Avaliação:
IMDb: 7,4
Rotten: 91%
Metacritic: 71%
Filmow (média geral):
3,7
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 4,0/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Bom filme mas eu esperava mais ficaram prontas soltas que eu espero que sejam resolvidas no terceiro filme.
ResponderExcluirN nunes0
Acredito que o filme se manteve bem, assim como o primeiro, e essas pontas soltas não precisam ser necessariamente resolvidas.
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