Clássico absoluto do terror, A Profecia é um filme envolto por polêmicas.
Além de possuir como pauta principal a vinda do Anticristo ao mundo, a obra é frequentemente
lembrada por conta das turbulências que assolaram os bastidores de sua produção.
Desde coincidências inexplicáveis a mortes bizarras, The Omen (original)
é a escolha certa para uma noite de sexta-feira 13.
Primariamente, o que de imediato chama a atenção do público é a trilha
retumbante. Com a apresentação dos créditos iniciais ao som de "Ave
Satani", o longa já inocula sua atmosfera macabra com uma faixa que
posteriormente seria indicada ao Oscar e contempla parte da trilha composta por
Jerry Goldsmith que, naquele ano (1977), levou para casa a única estatueta
dourada de sua lendária carreira. É interessante observar que, muito além de um
recurso extradiegético, as músicas se articulam como um propulsor narrativo que
prediz, cadencia e eleva os acontecimentos em tela, tanto durante as cenas mais
aterradoras, quanto ao longo das mais ternas.
Por sua vez, a direção é bastante hábil ao transmitir sensações e criar
momentos de pavor. Dito isso, a concepção atmosférica se estabelece a partir de
elementos comuns, tais como a natureza, animais e infortúnios do cotidiano, encrudescendo
o tom enervante da película que, em consonância ao uso de concisos
planos-detalhe, estarrecem mais que quaisquer criaturas demoníacas. Tal
predileção também possibilita que espectadores mais céticos tirem suas próprias
conclusões acerca dos eventos que ocorrem, se aprofundando na personalidade de
Thorn e nos dilemas que regem o seu papel como pai e esposo.
Embora o âmbito dramático não seja o campo mais proficiente do filme, A
Profecia consegue desenvolver bem a figura do embaixador e postá-lo como um
personagem crível; sua construção ao correr do longa vai da austeridade de um
homem político à tempestade de emoções que o faz questionar a índole do próprio
filho. Vale ressaltar que o trabalho cênico do ator Gregory Peck é o que alicerça
a verossimilhança dos conflitos da persona interpretada. Por outro lado, o arco
da Katherine é demasiado superficial, visto que todo o seu drama é verbalizado
em trechos avulsos ao invés de mostrado. (SPOILERS A
SEGUIR) Nesse sentido, apesar do tempo considerável atribuído ao
casal, o assistente não se sensibiliza com a morte da esposa e o script
não fornece tempo suficiente para que o marido possa digerir o luto. (FIM DOS SPOILERS)
Ainda pertinente ao roteiro, este é demasiado negligente ao estabelecer
o relacionamento entre o casal e a nova babá; os pais simplesmente permitem que
uma desconhecida entre em sua casa e cuide do seu filho sem sequer averiguar
suas credenciais, além de jamais a despedirem mesmo quando ela os desobedece.
Em contraparte, o texto é muito mais eficaz quando se propõe a abordar uma vertente
investigativa a partir de meados do segundo ato. É através dessa empreitada que
o longa constitui seus melhores momentos, instigando o público com as incógnitas
que permeiam o caso e ensejando maior destaque ao fotógrafo Jennings,
personagem secundário que tem sua importância dentro da trama.
Por fim, cabe salientar que o desfecho é um tanto quanto afoito e destoa
do ritmo até então apregoado. Também vale realçar a performance do menino
Harvey Stephens, que encarna com primazia o papel de um garoto que somente com
expressões consegue espargir a áurea diabólica do personagem.
No mais, A Profecia é um clássico incontestável da sétima-arte, possui
um enredo intrigante e elementos suficientes para cativar qualquer fã do gênero.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Reino Unido): 16 de setembro
de 1976
Direção: Richard Donner
Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, David Warner…
Gênero: Terror
Nacionalidade: Reino Unido
Sinopse
(Adoro Cinema):
Um diplomata americano
preocupado em não chocar a esposa, em virtude da morte do seu filho ao nascer,
lhe oculta o fato e adota um recém-nascido de origem desconhecida. Mortes
misteriosas começam a cercar a família do homem que, sem saber, pode estar
criando o Anticristo em pessoa.
Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 86%
Metacritic: 62%
Filmow (média geral):
3,9
Adoro Cinema
(usuários): 4,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8
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