Após 20 anos no ar, oito filmes, um spin-off em live action
e um animado, um curta e uma série de desafios às leis da física, Velozes e
Furiosos chega ao seu nono capítulo. Será que a fórmula saturou ou a franquia
ainda tem algo a oferecer?
Em primeira análise, vale dizer que a saga sempre contou com uma dupla
de protagonistas carismáticos que conduziam o fio narrativo de seus longas.
Mesmo após a morte de Paul Walker e o lançamento de uma oitava produção sem a
icônica presença de seu astro, a série encontrou nas figuras de Hobbs e Shaw o
carisma necessário para nutrir o espaço deixado pela química já não mais
existente entre Dom e Brian. Todavia, após os personagens ganharem a sua
própria película, Velozes e Furiosos 9 encara o desafio de ser o primeiro filme
da franquia sem a participação de uma dupla que lidere os eventos da trama. Tal
posto é delegado aos coadjuvantes Roman e Tej que, após anos como figuras
cômicas secundárias, não possuem o viço necessário para arcar com a nova
responsabilidade.
Sobretudo, uma das principais características que a saga adquiriu com o
tempo foi a capacidade de brincar com o absurdo. Ainda que uma parte do público
tenha abandonado a série posteriormente à inserção dessa nova abordagem,
Velozes e Furiosos encontrou o seu nicho depois que decidiu encorpar de vez os
exageros como um instrumento central de sua narrativa. Posto isto, os melhores
segmentos do longa fazem parte do terceiro ato e é exatamente quando a produção
abraça suas extravagâncias sem se envergonhar. Entretanto, o mesmo não pode ser
dito acerca de toda a obra, visto que a empreitada se torna enfadonha ao
replicar várias vezes o mesmo tipo de insanidade; nesse sentido, a galhofa
exerce maior eficácia apenas quando a sua utilização é única.
Concernente aos personagens, a introdução de novos semblantes ao elenco
agrega pouco ao conteúdo da película; todos são insossos e genericamente
concebidos. De similar modo, os rostos mais antigos também representam uma
problemática dentro do enredo: Sean tem a personalidade totalmente conspurcada
e diferente da apresentada no terceiro filme; Han não faz nada durante todo o
entrecho e a justificativa de seu retorno é ridícula e mal explicada, ao passo
que a presença de Cypher tem como único objetivo lembrar os espectadores que
ela será a antagonista do capítulo final da série. O ator que interpreta o Dom
mais jovem é canastrão, o que, apesar dos flashbacks esclarecerem
diversos pontos até então somente mencionados na franquia, afeta diretamente o
envolvimento do espectador com os respectivos segmentos. A exceção nisso tudo é
a Mia, que volta ao elenco principal respaldada por uma explicação minimamente
plausível.
No que diz respeito ao roteiro, o longa segue os parâmetros diegéticos
anteriormente estabelecidos, apostando em sequências absurdas e na interação
potencialmente cômica entre seus personagens. Nesse aspecto, o maior destaque
fica por conta das piadas que o script faz com os exageros a que ele
mesmo se submete, o que denota uma sagaz autoconsciência. No entanto, a
narrativa picotada impede que o texto alcance o seu apogeu, considerando que a
realização de determinados feitos e o encontro entre certas figuras
simplesmente não existe, implicando, sobretudo, em erros lógicos de
continuidade. Por sua vez, nem a trilha, característica marcante da saga,
possui alguma música de realce, enquanto a prioridade do roteiro é a inserção
de semblantes antigos como um descarado e inútil fan service.
Velozes e Furiosos 9, em suma, tem uma trama familiar que já não diverte
tanto quanto antes, fazendo o espectador se questionar se a franquia conseguirá
sobreviver por mais dois filmes sem se tornar um fracasso total.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Brasil): 24 de junho de 2021
Direção: Juntin Lin
Elenco: Vin Diesel, John Cena, Charlize Theron…
Gênero: Ação
Nacionalidade: EUA
Sinopse:
Dom e Letty vivem uma vida
tranquila ao lado do filho, até que são ameaçados pelo passado da família
Toretto: Jakob, irmão mais velho de Dom.
Avaliação:
IMDb: 5,2
Rotten: 59%
Metacritic: 58%
Filmow (média geral):
2,9
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 3,9/3,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
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