Nos últimos dias, a
Ucrânia se tornou o centro de atenções do mundo em função dos bombardeios
perpetrados pela Rússia no respectivo território. Embora esse conflito esteja
sendo maturado há anos, o ataque dos moscovitas nas plagas vizinhas evidenciou a
fragilidade dos ucranianos frente às investidas de uma nação com arsenal bélico
muito maior. Dito isso, além das perdas materiais ocasionadas pela
superioridade armamentista, a invasão russa aflige o espectro humano do
combate, sendo absorvida de um modo distinto por cada cidadão do país - e é
este o ponto nevrálgico de Bad Roads.
Em primeira
análise, o filme se divide em quatro estórias para destrinchar os impactos da
guerra sobre o cotidiano de diferentes cidadãos. Nesse sentido, a contenda faz
parte da vida dos personagens há bastante tempo e o espectador é convidado a
acompanhar como os indivíduos em tela lidam com a ocasião vigente; para eles é
algo intrínseco à rotina, e o longa se propõe a explorar muito mais os traços idiossincráticos
destes despertados após anos de confronto do que o choque que o início de uma
circunstância beligerante naturalmente ensejaria. Em outras palavras,
sentimentos como desconfiança e apreensão se espalham entre as figuras
protagonistas de cada bloco como resposta ao oportunismo de pessoas que se
aproveitam da caótica situação para deixarem o seu pior lado vir à tona.
Posto isto, o
diretor frui de vários recursos para distinguir os episódios contados, apostando
principalmente na fotografia composta por paletas de cores extremas para
contrastar visualmente os capítulos em destaque, e na concepção de distintos
palcos diegéticos para revestir o enredo. Contudo, há muitas características
que se assemelham entre os segmentos e atribuem à película uma personalidade
sólida, tais como a construção de cenas extensas, o enfoque dialógico e a
narrativa paciente. Vale ressaltar que esta é uma produção de entrecho
situacional, ou seja, a urdidura busca escrutinar a trivialidade do dia a dia e
a reação dos ucranianos frente a constante tensão de um período de guerra.
Como diversas obras
de cunho similar, Bad Roads sofre ao fragmentar a sua diegese em contos que
divergem tanto na apresentação das figuras em tela quanto no tom escolhido,
propiciando, assim, uma estória de ritmo inconsistente. Dessa maneira, o
primeiro bloco ganha realce com uma trama marcada pela liga entre elementos apreensivos
e jocosos; os personagens são intrigantes, e o público não sabe o que esperar do
choque entre militares e um civil suspeito dentro de um país que recebe
investidas bélicas diariamente. Por outro lado, o segundo episódio vai na
contramão de seu antecessor, não agradando seja por conta dos semblantes
insípidos que o protagonizam como pelo texto que pouca agrega ao conteúdo geral
do filme. Ademais, o terceiro e o quarto capítulo são eficazes ao retratar as
facetas mais sórdidas do ser humano, não se restringindo quanto à violência e
outros tipos de agressão.
Por fim, Bad Roads
é um longa imperfeito, mas que se faz necessário perante o atual cenário
geopolítico mundial.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (mundial): 03 de setembro de 2020
Direção: Natalya
Vorozhbit
Elenco: Anastasia
Parshina, Andrey Lelyukh, Anna Zhurakovskaya…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Ucrânia
Sinopse:
Bad Roads segue quatro estórias distintas que se passam na Ucrânia
durante a guerra nas estradas de Donbass.
Avaliação:
IMDb: 6,9
Filmow (média geral): 3,2
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 8
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