1 de março de 2022

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Euphoria (2ª Temporada)

Pôster

Mais de 36 meses depois, Euphoria chega ao seu segundo ano com a missão de continuar com o acachapante sucesso de sua temporada introdutória. Infelizmente, o resultado passou bem longe do que era esperado.
Em primeira análise, Euphoria permanece estruturalmente audaciosa, mas com ressalvas. Isto é, novamente se faz presente cenas que desconstroem a diegese do programa, brincam com elementos oníricos e se apropriam do fato de Rue ser a narradora para moldar a trama conforme as intenções da personagem. A série também se mantém prezando a espetacularização de suas ocorrências em detrimento da verossimilhança, contudo, diferentemente da primeira temporada, aqui é inoperante porque não é dosado com equilíbrio. Ademais, vale ressaltar que há diversas tiradas cômicas fora de tempo e transições de um arco ao outro que nem sempre ocorrem com organicidade, propiciando ao enredo inconvenientes engasgos narrativos.
No que diz respeito aos astros da produção, a urdidura atribui ênfase a alguns rostos com pouco destaque no ano anterior, porém, não os desenvolve ao ponto de torná-los realmente significativos ao entrecho. Nesse sentido, os principais expoentes são Ash e Cal. Este último tem um episódio inteiramente dedicado a si, entretanto, embora o pai de Nate ganhe camadas, ele é simplesmente descartado após o capítulo e tem o seu retorno efetuado somente para embasar o núcleo de outra figura. Por sua vez, o irmão de Fezco passa por situação semelhante, tendo sua estória apresentada durante os minutos incipientes da temporada e posteriormente voltando ao posto de um mero coadjuvante.
Por outro lado, alguns semblantes com maior realce anteriormente, agora são simplesmente esnobados. Isso se aplica especialmente a Kat, que possui um plot interessante, mas não tem progresso, e McKay que, de forma distinta da persona supracitada, nunca sacramentou seu lugar na série e é acertadamente dispensado pelo texto. Convém salientar, além do mais, que há dois novos personagens que são frisados em meio aos demais: Faye e Elliot. Posto isto, Faye, mesmo que inicialmente tenha uma função a desempenhar, logo se torna um peso desnecessário à trama, enquanto Elliot existe apenas para compor um fastidioso triângulo amoroso entre ele, Rue e Jules.
Aproveitando o gancho, triângulos amorosos parecem ter sido a prioridade de Sam Levinson ao escrever o roteiro. Isto é evidenciado de similar modo através da subtrama entre Nate, Cassie e Maddy que, mais do que qualquer outra coisa, lembra o desenrolar clássico de uma novela das oito - e não no bom sentido. Dito isso, Cassie é subaproveitada e tem somente o seu corpo explorado repetidas vezes pelo script (chega a ser incômodo), enquanto a sexualidade de Nate não é trabalhada e o arco de Maddy se resume às idas e vindas com este e a "tensão" com a possível descoberta do relacionamento entre sua melhor amiga e Nate; a sua relação com os pais, brevemente pincelada no primeiro ano, é igualmente subestimada. Cabe enfatizar que o último episódio é uma bagunça e foca no estopim de toda essa "apreensão".
Concernente a Rue, Euphoria articula sobre a jovem os seus melhores momentos. Essa segunda temporada desglamouriza efetivamente o vício e expõe como tal mazela afeta todos ao redor do usuário. Em face disso, o quinto episódio se classifica como o mais bem arquitetado ao esmiuçar a jornada de Rue; é intenso e frenético, conduzido com maestria por Levinson em uma escalada de emoções que fazem todas as ações até então perpetradas culminarem em uma gigantesca bola de neve. A perda do pai, o elo com a mãe e os efeitos causados à irmã caçula são igualmente escrutinados. Entretanto, nada disso seria possível sem a atuação arrebatadora de Zendaya que, neste episódio, chega ao seu ápice performático. Em outras palavras, a atriz interpreta com primor a curva dramática de sua persona; ela vai em poucos segundos de um polo emocional ao outro, apresentando reações genuínas de raiva, rancor, arrependimento e dependência química.
Por fim, o segundo ano de Euphoria peca em muitos aspectos, inclusive ao tentar cadenciar arcos com pesos distintos que tornam o enredo discrepante. Portanto, ainda que sua protagonista evolua, a série se perde em meio a inúmeros subnúcleos bobos e mal desenvolvidos que atribuem ao programa um caráter de fanfic.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 09 de janeiro de 2022
Criada por: Sam Levinson
Com: Zendaya, Hunter Schafer, Sydney Sweeney …
País: EUA
Gênero: Drama
Status: Renovada
Duração (aproximada): 54 - 61 minutos

Sinopse (Filmow):
O dia-a-dia de um grupo de estudantes do ensino médio, a medida que eles exploram novos amores e amizades em um mundo de sexo, drogas, traumas e mídias sociais.

Avaliação (2ª Temporada):
IMDb (2019 - ): 8,5
Rotten: 83%
Metacritic: 74%
Filmow (média geral): 4,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 4
Avaliação


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