*esta divagação contém spoilers significativos
A verdade é que Supernatural está se tornando
patético. Não que penso que a série deveria ter sido encerrada em sua quinta
temporada, como muitos dizem, seu auge. Não, sinceramente penso que
Supernatural pôde e ainda pode nos proporcionar bons momentos e enredos
convincentes que entretenham, só tem de reencontrar suas rédeas.
Ok, mas por que a série está se tornando
patética? Se você está lendo este post provavelmente acompanha o programa e
assistiu os últimos episódios, mais especificamente o último. O que foi aquilo?
Dean e Sam estão presos por tentativa de assassinato ao presidente, e os
produtores realmente pensam que isto atiça nossa curiosidade para saber como
escaparão dessa? Pois bem, não atiça, e o motivo é mais que óbvio, ambos contam
simplesmente com a parceria de um anjo e o próprio Rei do Inferno que com um
estalo de dedos pode resolver a maioria dos problemas dos dois, inclusive
teletransportá-los de um camburão ou uma prisão. No entanto, como visto no
trailer do episódio seguinte, os protagonistas ficarão presos no mínimo por
seis semanas (tempo que o programa provavelmente não abordará por completo) o
que me faz questionar a eficiência de Castiel (que tenta ajudá-los, não sei
como, com a companhia de Mary) e sua utilidade, pois, por que ele tem poderes
se não os utiliza e como policiais podem representar perigo para um anjo? Mas
não se preocupem, a vida dos irmãos e a essência da série são na estrada,
então, de um jeito ou de outro, logo estarão livres. Comparado ao hiatus de fim
de ano passado, o que é insultuoso, este nos faz rir enquanto o anterior sim
nos proporcionou sentimentos profundos com Sam aprisionado junto ao Diabo em
sua jaula e as dúvidas impostas. A comparação chega a ser medíocre e injusta.
Em relação ao outro plot, ao da mulher estar
grávida de Lúcifer, este sim é instigante, porém, ao invés de despertar boas e
empolgantes emoções, desperta receio. Isto porque geralmente quando
Supernatural tem uma oportunidade de iniciar algo verdadeiramente interessante
e atrativo, ele acaba com todas as esperanças de uma forma brusca e
decepcionante. Sinceramente espero que este entrecho dê certo e seja
desenvolvido ao ponto de reconquistar o público e proporcionar uma boa trama
decente e convincente.
Já que citamos Lúcifer, ele se tornou ridículo
na pele de Rick Springfield, um cantor de rock que busca adoração de todos,
mais um fator que mostra que a série está se tornando patética. Lúcifer é um
cara mal que faz jogos com as pessoas, as tortura e mata, e não busca o amor
delas. Este, sob a pele de Misha Collins, pode-se dizer que estava aceitável,
mas agora nas entranhas de um roqueiro (tenho de admitir que parecia promissor)
tornou-se vergonhoso, assim como nas do presidente dos EUA e suas outras cascas
mais insignificantes. Se o Mark Pellegrino não retornar, é melhor que Lúcifer
não torne a aparecer. Crowley e Castiel, que atribuíram a si mesmos a função de
capturar e aprisionar novamente Satã continuam no programa apenas por conta do
carinho dos fãs, pois já se tornaram completamente desnecessários e um estorvo
que acabam por desenvolver subtramas que não convencem e não satisfazem. Estes,
que poderiam ser meios de explorar mais seus habitats naturais, Céu e Inferno
(que estão perdidos em completo caos e esquecimento), vivem apenas para preencher
lacunas de ideias mal formuladas e agradar o público com o sempre presente
alívio cômico que já vem se tornando sem graça, até mesmo no personagem do
irmão mais velho que possui a reputação de carismático e brincalhão. Por falar
em brincalhão, bem que alguém poderia arrumar algum modo de trazê-lo de volta,
nosso querido arcanjo Gabriel, para mexer um pouco nas coisas e relembrar os
bons tempos de verdadeiros sorrisos do programa (nunca me esquecerei de Exagerado e Local Misterioso).
Uma passagem que me chamou bastante atenção de
tão fútil e isenta de coerência até o momento, foi aquela entre Sam e Lady Toni
Bevell (vocês sabem do que estou falando). Pra quê
aquilo? Não me respondam, é melhor nem saber.
Anjos e demônios igualmente não são mais
aproveitados, e quando o são, é de forma lamentável. Um episódio desta temporada
demonstra bem isso, um demônio que deu as caras somente para encher linguiça,
série esta que está repleta de enrolação e não apresentou nenhum episódio
marcante deste novo ciclo. O episódio em questão, que relembrou Terror na Delegacia e Fora da Escuridão, Dentro do Fogo, foi o melhor até o momento (não foi um elogio). Neste, também contamos
com a aparição de Billie, uma temível (ou não) ceifeira que faz papel de
hipócrita ao sempre relembrar os personagens que, quando estes morrerem, os
manterá mortos. Contudo, todos sabemos que Supernatural gira em torno de dois
protagonistas insubstituíveis que nunca morrerão permanentemente (pelo menos
até o fim da série), pois esta não vive sem um dos dois. Billie é mais um exemplo
do quanto o programa está se tornando chato e repetitivo.
Uma das mais longas séries da TV americana,
Supernatural quase sempre tem de inovar beirando ao impossivelmente impossível
para se manter no ar, e isso nem sempre é sinônimo de qualidade. Isto pôde ser
percebido ao longo da temporada anterior, quando a irmã de Deus foi a vilã da
vez. Claro que a ideia de Deus ter uma irmã é impensável, porém o programa
trabalhou muito bem este plot ao seu decorrer, até a triste aparição do próprio
todo poderoso, que aconteceu apenas consoante o apelo dos espectadores e da
maneira mais obvia possível, e seu desfecho horrendo de causar lágrimas.
Contudo, como ficou claro na season finale, o retorno de Mary e a aparição dos
Homens das Letras britânicos deu corda para mais um ano da série, retorno que
era mais que inimaginável e até o momento não vem sendo de destaque algum. Como
disse, inovar nem sempre é sinônimo de qualidade, e muitas vezes leva a clichês
e conclusões previsíveis e desanimadoras. Com certeza estes fatos são os
principais fatores que influenciam a aclamação de muitos pelo fim de
Supernatural e queixas infinitas que não devia ter passado de seu quinto ano.
Da mesma forma, Mary até o momento só vem criando subtramas enjoativas e
irrelevantes, uma desculpa dos produtores para deixá-la de fora da maioria dos
episódios e não ter lidar com mais uma personagem ressuscitada que não sabem o
quê fazer. E, como visto no novo trailer e durante este novo arco até agora,
esta vem se aproximando cada vez mais de Castiel, só espero que não decidam
deles fazer um casal, pois seria absurdo e incoerente. Em relação aos Homens
das Letras britânicos, estes ainda não tiveram tempo de tela suficiente e,
quando tiveram, não receberam nenhum realce especial e passaram somente por
simples coadjuvantes que até o momento não empolgaram.
Como dito, Supernatural quase sempre tem de
inovar beirando ao impossivelmente impossível, porém, levando-se em
consideração que uma hora, mesmo com uma imaginação fértil, a inovação se torna
difícil em uma série com 12 anos de vida, o programa acaba por retomar
personagens esquecidos e enredos inacabados, ou até mesmo finalizados (não mexa
no que está quieto) de outras temporadas. Temos como exemplo os poderes de Sam
que foram sutilmente abordados em um episódio e podem ser melhor trabalhados ao
correr do ano, uma citação à Garth (nosso querido e carismáticos lobisomem, um
dos meus recorrentes favoritos), o retorno de Jody (o que já vem se tornando
comum em todo novo ciclo), a reciclagem da Sociedade Thule que planejou e
trouxe Hitler de volta dos mortos (mais especificamente de um relógio), assim como
a de Aaron do episódio Todos Odeiam Hitler e a possível aparição posterior de
Bobby que, mesmo morto, prossegue fazendo participações especiais (acabei de me
lembrar da aparição horrorosa e sem propósito de Kevin na temporada anterior).
Já que falamos em Hitler, vale ressaltar que o episódio em que é ressuscitado é
completamente sem graça. Entendo que possam tê-lo incorporado daquela maneira grotesca,
covarde e estúpida como forma de crítica, mas não foi legal. Há muitas
interpretações de Hitler por aí que fazem uma crítica e conseguem agradar o
público simultaneamente. E, já que estão nessa onda de ressurreição de tramas e
personagens, por que não explorar mais o Miguel preso na jaula, trazer de volta
a família Frankenstein, o Purgatório, os Alfas ou o amado vampiro Benny e
aproveitá-los decentemente?
Considerando que para esta temporada houve uma
troca de produtores, uma mudança na condução da série seria inevitável, e logo
nos primeiros episódios algo já se tornou evidente, me refiro à trilha sonora. Supernatural
sempre presou o bom e velho rock e estridente metal, e nestes episódios
iniciais, em suas sequências finais, boas canções foram orquestradas deslumbrantemente
com as cenas transmitidas, à bela melodia até mesmo de Solitude do Black
Sabbath. A imagem e o som dialogaram tão brilhantemente como há muito não
acontecia que, para mim, foi o maior destaque do novo ciclo até o momento com a
nova abertura que se altera todo ano. Ainda consoante à troca de produtores, os
novos prometeram que o programa retornaria às suas origens (o mesmo papo furado
de sempre), o quê, até agora, não se mostrou de forma clara, envolvente e
significativa, não demonstrou o mesmo charme único das primeiras temporadas,
charme inigualável e insuperável. No entanto, os perigos irreais vividos pelos
protagonistas e lutas descaradamente falsas permanecem, digo aquelas situações
em que eles primeiro apanham e "quase morrem" para depois matarem o
inimigo e tornar o desfecho alegre e feliz. Rowena e outros personagens
irrelevantes continuam ainda na série sem nenhum motivo (podem conseguir nossa
aprovação, mas não são importantes), o que me faz pensar o que leva alguém a
pagar outra pessoa pra nada enquanto este cachê poderia estar sendo mais bem
investido em efeitos especiais ou personagens realmente úteis. Enredos insignificantes
igualmente continuam a predominar, assim como familiares dos recorrentes do
programa, como a própria Rowena, mãe do Crowley. Não nos esqueçamos de Mary e o
filho do Rei do Inferno que já chegou a dar as caras durante a série e
especulações de que John irá retornar transbordam mundo afora desde sua morte
no segundo ano, porém todos sabemos que agora Jeffrey Dean Morgan aterroriza os
ares de The Walking Dead.
Supernatural, perante sua extensa vida, vem
organizando episódios comemorativos e homenagens, porém tenho de dizer a
verdade, estes acabam por ser muito chatos e passam a impressão de ser mais um
enche linguiça sem nenhuma aparente relevância. Exemplos perfeitos são o
episódio 200 e o Baby (nem mesmo o Impala vem conseguindo ofuscar a poluição do
programa), contudo o Baby é no máximo razoavelmente razoável, enquanto o 200 é
extremamente vergonhoso e ofensivo ao nosso gosto pela série que se passa mais
por um musical furreca. Só esperar para ver o que aprontarão este ano de tão
especial.
É certo que não vem sendo uma boa temporada (e
olha que já passamos pela terceira e sexta), e Supernatural nunca retornará a
ser grandioso como fora em sua quinta (espero me surpreender) quando ainda
estava sob o comando do genial Eric Kripke, então temos de valorizar o máximo
que podemos as coisas boas que a série ainda oferece e tem a oferecer. Por pior
que esteja, a temporada ainda cria expectativas perante as informações de que
haverá um episódio no estilo do filmaço Cães de Aluguel dirigido pelo
contemporâneo Quentin Tarantino e uma referência ao primeiro ano bem legal
quando vimos Dean saltar uma grade com dificuldades que faz alegoria à sua
idade e o passar do tempo (embora agora a maioria das referências venham se tornando
forçadas e não possuam mais o mesmo impacto). Também enfatizo uma passagem do
episódio Celebrando a Vida de Asa Fox que os caçadores reconhecem Dean e Sam
como lendas, afinal, eles já salvaram o mundo muitas vezes.
Finalizando, o anúncio de que Supernatural
deverá sobreviver no mínimo até seus 300 episódios nos dá esperanças de tempos
melhores, mas esta fase ruim está perdendo muitos fãs, posso dizer por ser
testemunha do abandono de meu irmão frente ao péssimo período do programa.
Igualmente tenho de ratificar que minhas expectativas para este novo ciclo, que
já eram escassas, não chegaram nem próximas de serem cumpridas, e para o resto
da temporada, pode-se dizer que não estão muito altas (se é que existem). Em
suma, apenas desejo que os produtores realizem o impossível e ressuscitem esta série
repleta de mitologia, lendas e folclores (nem mesmo estes estão sendo
explorados dignamente) que já foi fantástica, e ressalto que minha nota será
dada consoante minhas expectativas (não cumpridas) e o que mais me decepcionou
até o momento e me contagiou (nada, na realidade).
Matheus J. S.
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Avaliações (12ª Temporada
até o momento):
Rotten: 100%
IMDb: 8,6 (série em geral)
Adoro Cinema (usuários): 4,2
Adoro Cinema (usuários): 4,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 1
Ficha Técnica Resumida Wikipédia
(série em geral):
Informações gerais
|
|
Formato
|
Série
|
Gênero
|
Ação
Aventura Suspense Drama Fantasia sombria Fantasia urbana |
Duração
|
38-46 minutos aprox.
|
Estado
|
Em exibição
|
Criador (es)
|
Eric Kripke
|
País de origem
|
Estados Unidos
|
Idioma original
|
Inglês
|
Produção
|
|
Produtor (es)
|
McG
Todd Aronauer Vladimir Stefoff Cyrus Yavneh |
Câmera
|
Câmera única
|
Elenco
|
Jared Padalecki
Jensen Ackles Katie Cassidy Lauren Cohan Misha Collins Mark A. Sheppard |
Tema de abertura
|
"Carry On My Wayward Son",
por Kansas (somente no último episódio de cada temporada) |
Exibição
|
|
Emissora de televisão original
|
EUA
The WB (2005–2006) The CW (2006–presente) |
Formato de exibição
|
480i (SDTV)
1080i (HDTV) |
Transmissão original
|
13 de setembro de 2005
|
N.º de temporadas
|
12
|
N.º de episódios
|
249
|
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