Filmes que exploram algum romance ou
algum tipo de relacionamento são comuns no cinema, pode ser entre seres humanos
e um cachorro (Marley e Eu), dois amigos com os dias contados (Antes de
Partir), um homem e um espírito feminino (E Se Fosse Verdade...[leia aqui]), um azarado e
uma sortuda (Sorte no Amor) e até mesmo uma relação homossexual (Azul é a Cor
Mais Quente, O Segredo de Brokeback Mountain e Moonlight [leia aqui]). A lista é grande, e
a cada ano surgem novos longas que a preenchem ainda mais e inovam, em alguns
quesitos, o tema trabalhado (pelo menos os bons). Película de 2009, (500) Dias
Com Ela surpreende o espectador com um roteiro imprevisível e certas
peculiaridades que dialogam brilhantemente com a trama e seu desenrolar,
explorando o contexto de forma deslumbrante e envolvente.
Com uma apresentação dos dois
protagonistas durante os primórdios da produção que exalta o primeiro dia em
que Tom conheceu Summer, o crescimento de ambos ao passar dos anos e uma frase
um tanto quanto irônica e ofensiva do narrador, já é possível se observar
algumas distinções da maioria dos filmes, como a tela por vezes dividida
verticalmente focando nos dois personagens de maior realce (que recorda
bastante certas passagens de Réquiem Para Um Sonho) e o desenvolvimento de cada
um ao longo do tempo (ao belo som de Bad Kids), segmentos em preto e branco e a
própria presença do narrador que será constante ao correr do enredo. Igualmente
há a introdução de Rachel, uma adorável garotinha de aproximados 10 anos vivida
por Chloë Moretz que será recorrente durante o entrecho, garotinha sábia e que
demonstra suprema maturidade frente os conflitos amorosos da vida e serve de
conselheira (eficiente) e quase psicóloga de Thomas. Suas aparições são
pertinentes e muito bem equilibradas entre o relevante e a quebra cômica.
Cooperando um roteiro não linear com uma
excelente trilha sonora consentânea e uma condução diferenciada e notória, há
como resultado este glorioso filme que, consoante sua urdidura, distingue
opiniões quanto aos protagonistas e os confrontos e consequências acerca. É
interessante ressaltar a concepção dos mesmos, que constituem expectativas e
percepções distintas, estes que confeccionaram uma relação que, como tudo nesta
Terra, foi simplesmente vítima da vida. Ademais, extremamente e sofrivelmente
realista, o longa personifica, perante os papéis de Tom e Summer, posições
opostas pelas quais todos um dia passaram ou passarão.
Repleto de referências a livros, bandas,
músicas e filmes (uma que merece ser citada é a enfatização da icônica cena final de A Primeira Noite de Um Homem, um marco da Nova Hollywood que é condizente ao conteúdo da obra em destaque do post), (500) Dias Com Ela aborda reflexões que vão desde a
abrangência dos conflitos pessoais de um indivíduo, complicações e
instabilidades de uma relação amorosa e a complexidade do ser humano e suas ações,
até vertentes que abrangem aspectos como destino, coincidências e alma gêmea.
Além, impõe deixas que remetem a banalidade do cotidiano, as mentiras impostas
pela mídia a respeito do amor, sentimentos verdadeiros e passageiros, alegria e
felicidade, amizade e paixão, significado de intimidade, solidão, companhia,
divórcio, passar do tempo e as consequências do fim de um relacionamento e a
superação inexistente.
Hilário e romântico (porém não se
engane, esta não é uma história de amor), a película se aprofunda em um roteiro
que faz, independente dos fatores, com que o espectador se sinta na pele do
infeliz, ou seja, Tom, e com isto, conforme também o amargor e a raiva
armazenados de situações semelhantes do passado, com que um ódio irracional
seja despertado para com Summer. O longa ainda arruma tempo para brincar com conceitos
oníricos, imaginários e possíveis realidades. No mais, cria personagens que
denotam uma construção intricada e factual, diálogos de relevância e frases
marcantes, além de conceber coadjuvante desimportantes, todavia que corroboram
com a comicidade.
Impactante, excêntrico, ácido e árduo,
(500) Dias Com Ela, em suma, em seu retrato da penosa realidade em que vive-se,
foge da mesmice e é um apoteótico exemplo do cinema contemporâneo que busca a
veracidade dos acontecimentos em sua representação para as telonas, ademais de
ser obrigação para todo fã do gênero.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha
Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 6 de novembro de 2009
(1h 36min)
Direção: Marc Webb
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel,
Geoffrey Arend...
Gêneros: Comédia; Drama; Romance
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb: 7,7
Rotten: 86%
Metacritic: 76%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 4,3/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10
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