Johnny e June, High School Music, Alvin e os Esquilos, La La Land (leia aqui)... Filmes que abordam uma temática musical são bem presentes no mercado cinematográfico, contudo, geralmente voltados para cinebiografias, entrechos infantis e adolescentes, estórias mais sutis e despretensiosas. Ademais, longas de tal porte incomumente se veem envoltos pelo estilo metaleiro, e quando acontece, são obras mais rústicas sem maiores pretensões que o simples divertimento, como Escola do Rock, Tenacious D e Deathgasm. Porém, Ex Drummer, produção belga de 2007, fará com que as esquisitices das duas últimas películas citadas sejam vistas como água com açúcar, já que esta odisseia em meio ao depravado e imundo possa ser considerada sinônimo de grotesco, um filme que trata com acidez, criticidade e excentricidade suas propostas, tudo acercado por absurdos e demência ao bom e alto som do metal.

Visto por muitos como "música de doido", é interessante a escolha do roteiro em confeccionar seu enredo tendo como pano de fundo os ensaios de uma banda de rock, escolha que se mostra extremamente eficiente conforme os acontecimentos insanos em tela que corroboram com a trilha sonora, já que os mesmos são tratados com bastante frenesi e jogos de câmera vibrantes. Os respectivos eventos do filme se resumem a uma série de assuntos "delicados" que o entrecho trata sem pudores, como opressão sobre a mulher, homossexualidade, racismo e deficiência, tudo de maneira nua e crua sob um olhar pessimista, realista e cruel. Com certeza caótica seria um bom adjetivo para se atribuir a trama, entretanto um caos ordenado, inteligente e objetivo, onde loucura e reflexão se misturam num turbilhão de conflitos, relações conturbadas, drogas e luxúria. No entanto, apesar da constante musicalidade agitada, o roteiro também expande, curiosamente, espaço a outros temas musicais.

Todavia, pode-se dizer que o foco do longa se concentra na distinção de camadas sociais, o que se pode observar pelo princípio da película que parte da inclusão de um reputado escritor numa banda de fracassados como forma de estudo para seu novo livro, este que a todo momento demonstra completo desprezo pelos outros integrantes. Dentre este estranho cenário, o espectador é apresentado a um mundo reinado pela miséria, onde se sobressai a figura do literário que, corrente seus privilégios, utiliza de manipulação para explorar a classe mais baixa, o que representa a obvia discrepância do núcleo beneficiado para com o âmago desvantajoso. Em contraparte, a podridão literal e metafórica em cena, consoante a ignorância dos personagens para com a saúde, limpeza e educação, impõe a seguinte questão ao público: o ambiente concebe a pessoa, ou a pessoa o ambiente? Além, a estética suja da película condiz com o conteúdo apresentado, o deslustre social humano, deslustre salientado pela concepção de personagens retardados que agem e almejam irracionalmente.

Primeiro trabalho na direção de um longa, a performance de Koen Mortier atrás das câmeras é notória com diversas peculiaridades e distintas e exóticas perspectivas que enaltecem o resultado técnico do mesmo e o complementam. O caráter forte e ousado do cineasta igualmente é evidenciado logo na sequência inicial que é rodada de trás pra frente, além de mentecaptos segmentos de ponta cabeça. Mais uma vez, a eficácia do diretor é salientada no uso do humor negro que é brilhantemente pensado e estrategicamente imposto, evocando no espectador simultaneamente um sentido cômico e pensativo. O desfecho bizarro e violento, que alterna deslumbrantemente cenas antagônicas de sangue e sexo também pesa na conta de Mortier, bem como as contundentes e excepcionais atuações do elenco.

No mais, Ex Drummer não é um filme para todos, não serve de entretenimento e muito menos como passatempo para família, mas é uma respeitável produção singular, degenerada, incômoda, polêmica e insólita que merece a atenção de todo cinéfilo experimental.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Bélgica): 31 de janeiro de 2007 (1h 44min)

Direção: Koen Mortier

Elenco: Dries Van Hegen, Norman Baert, Gunter Lamoot...

Gêneros: Comédia dramática; Policial

Nacionalidade: Bélgica

Avaliação:

IMDb: 7,1

Rotten: 44%

Metacritic: 36%

Filmow (média geral): 3,9

Adoro Cinema (usuários): 3,2

Kontaminantes (Matheus J. S.): 8

Ex Drummer

Johnny e June, High School Music, Alvin e os Esquilos, La La Land (leia aqui)... Filmes que abordam uma temática musical são bem presentes no mercado cinematográfico, contudo, geralmente voltados para cinebiografias, entrechos infantis e adolescentes, estórias mais sutis e despretensiosas. Ademais, longas de tal porte incomumente se veem envoltos pelo estilo metaleiro, e quando acontece, são obras mais rústicas sem maiores pretensões que o simples divertimento, como Escola do Rock, Tenacious D e Deathgasm. Porém, Ex Drummer, produção belga de 2007, fará com que as esquisitices das duas últimas películas citadas sejam vistas como água com açúcar, já que esta odisseia em meio ao depravado e imundo possa ser considerada sinônimo de grotesco, um filme que trata com acidez, criticidade e excentricidade suas propostas, tudo acercado por absurdos e demência ao bom e alto som do metal.

Visto por muitos como "música de doido", é interessante a escolha do roteiro em confeccionar seu enredo tendo como pano de fundo os ensaios de uma banda de rock, escolha que se mostra extremamente eficiente conforme os acontecimentos insanos em tela que corroboram com a trilha sonora, já que os mesmos são tratados com bastante frenesi e jogos de câmera vibrantes. Os respectivos eventos do filme se resumem a uma série de assuntos "delicados" que o entrecho trata sem pudores, como opressão sobre a mulher, homossexualidade, racismo e deficiência, tudo de maneira nua e crua sob um olhar pessimista, realista e cruel. Com certeza caótica seria um bom adjetivo para se atribuir a trama, entretanto um caos ordenado, inteligente e objetivo, onde loucura e reflexão se misturam num turbilhão de conflitos, relações conturbadas, drogas e luxúria. No entanto, apesar da constante musicalidade agitada, o roteiro também expande, curiosamente, espaço a outros temas musicais.

Todavia, pode-se dizer que o foco do longa se concentra na distinção de camadas sociais, o que se pode observar pelo princípio da película que parte da inclusão de um reputado escritor numa banda de fracassados como forma de estudo para seu novo livro, este que a todo momento demonstra completo desprezo pelos outros integrantes. Dentre este estranho cenário, o espectador é apresentado a um mundo reinado pela miséria, onde se sobressai a figura do literário que, corrente seus privilégios, utiliza de manipulação para explorar a classe mais baixa, o que representa a obvia discrepância do núcleo beneficiado para com o âmago desvantajoso. Em contraparte, a podridão literal e metafórica em cena, consoante a ignorância dos personagens para com a saúde, limpeza e educação, impõe a seguinte questão ao público: o ambiente concebe a pessoa, ou a pessoa o ambiente? Além, a estética suja da película condiz com o conteúdo apresentado, o deslustre social humano, deslustre salientado pela concepção de personagens retardados que agem e almejam irracionalmente.

Primeiro trabalho na direção de um longa, a performance de Koen Mortier atrás das câmeras é notória com diversas peculiaridades e distintas e exóticas perspectivas que enaltecem o resultado técnico do mesmo e o complementam. O caráter forte e ousado do cineasta igualmente é evidenciado logo na sequência inicial que é rodada de trás pra frente, além de mentecaptos segmentos de ponta cabeça. Mais uma vez, a eficácia do diretor é salientada no uso do humor negro que é brilhantemente pensado e estrategicamente imposto, evocando no espectador simultaneamente um sentido cômico e pensativo. O desfecho bizarro e violento, que alterna deslumbrantemente cenas antagônicas de sangue e sexo também pesa na conta de Mortier, bem como as contundentes e excepcionais atuações do elenco.

No mais, Ex Drummer não é um filme para todos, não serve de entretenimento e muito menos como passatempo para família, mas é uma respeitável produção singular, degenerada, incômoda, polêmica e insólita que merece a atenção de todo cinéfilo experimental.

Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Bélgica): 31 de janeiro de 2007 (1h 44min)

Direção: Koen Mortier

Elenco: Dries Van Hegen, Norman Baert, Gunter Lamoot...

Gêneros: Comédia dramática; Policial

Nacionalidade: Bélgica

Avaliação:

IMDb: 7,1

Rotten: 44%

Metacritic: 36%

Filmow (média geral): 3,9

Adoro Cinema (usuários): 3,2

Kontaminantes (Matheus J. S.): 8