Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Blade Runner,
A Fantástica Fábrica de Chocolate, Clube da Luta (leia aqui), Tarantino, kaijus, Ultraman,
Supaidaman, Rush, Pac-Man... estas são apenas algumas das referências por esta
cativante viagem em meio ao gigantesco e fascinante universo nerd.
Jogador Nº 1, primeiramente, é um livro bem
legal e bastante divertido, despretensioso e lúdico, certamente concebido para
o público geek e os apreciadores do entretenimento geral, principalmente dos
anos 80. Filmes, livros, animes, video-games, bandas, músicas... a obra não se
restringe quando o assunto é descontração e passatempo, se tornando ainda mais
envolvente consoante o fato que estas atrações não somente complementam o
enredo com easter-eggs, e sim o constituem com participações inusitadas e
ativas.
Para se manter sempre próximo ao leitor, o
livro utiliza de uma escrita fluida (são poucos os momentos em que a trama
pende a ser maçante) e uma linguagem simples, fácil e direta, bem como uma
narração em primeira pessoa que se mostra constante e eficientemente
informativa e expositiva conforme os conhecimentos do protagonista a respeito
do universo nerd, além de possibilitar um maior vínculo com o mesmo, recurso
que, porém, limita a perspectiva dos outros personagens. Todavia, a confecção
dos cenários e dos vários acontecimentos, embora detalhada, possa se mostrar um
tanto quanto confusa dependendo do acervo referencial do leitor, aspectos estes
que são concebidos visando à fidelidade do material original, o que geralmente
abrange uma ambientação exuberante e extravagante que necessita de uma
descrição mais complexa, singular e autêntica. Neste quesito, é interessante
pensar como será a adaptação cinematográfica em desenvolvimento (sob comando de
Spielberg) que possui a difícil tarefa de reproduzir em tela (se possível com
genuinidade e sem cortes), a imensidão de eventos insanos do enredo envoltos
por múltiplos palcos e figuras que derivam de outras histórias.
Considerando a escolha do autor por um
protagonista adolescente (Wade Watts), é praticamente impossível com que o
entrecho não aborde os conflitos e as diversas situações da respectiva idade,
no entanto, este é o principal problema, já que o faz sem verossimilidade,
inovação e com artificialidade. Repleto de clichês, a própria conceição de Wade
não foge do padronizado, isto é, solitário, desfavorecido e fisicamente feio,
enquanto suas escolhas, decisões e peripécias quase que fabricadas. Ademais, o
livro não ousa quando tem a oportunidade e igualmente perde tempo num
romancezinho bobo e impertinente, briguinhas desnecessárias e improdutivas, bem
como rumos, quadros e personagens estereotipados que culminam num típico
antagonista ambicioso, impassível e completamente tirano, sem o autor
demonstrar o mínimo esforço para subverter estas mesmices. Ademais, lançado em
2011, o romance entra em contradição com seu foco infanto-juvenil que contrapõe
o público alvo, ou seja, todo aquele que vivenciou as aventuras neste
apresentadas que marcaram os anos 70, 80 e 90, leitores estes já adultos durante
a data de publicação que se encontram saturados por esse tipo de condução
rotulada e previsível, que anseiam por algo diferente e até mesmo mais maduro,
já que a urdidura, por vezes, é demasiado infantil.
Tematicamente similar à trilogia literária Insígnia
e ao transgressor Matrix, Jogador Nº 1 se assemelha também na preocupação dos
devidos pela imposição de críticas e reflexões. As alfinetas da vez se dirigem
principalmente ao capitalismo e a distinção de classes sociais, enfatizando
veementemente conceitos que remetem a injustiça. Além, ao explorar um futuro
caótico, pessimista e deficiente, o livro induz o leitor a repensar seu modo de
vida egocêntrico, consumista e irracional, este que consequentemente acarretou
no mundo impuro e doente retratado. Aliás, abrangendo questões como solidão,
antissocialidade, isolamento e reclusão social, o enredo demonstra a
dependência do ser humano pelo OASIS (realidade virtual onde se desenvolve
grande parte do entrecho) que serve como fórmula de fuga da dura e chata realidade,
onde se predomina a liberdade e, ao menos por um momento, alegria e felicidade,
mesmo que seja num ambiente ilusório o qual as pessoas preferem ao verdadeiro
universo maculado que as espera quando offline. No mais, em relação ao desfecho
do conteúdo, pode-se dizer que se porta bem, convincente e condizente ao
material apresentado.
Inventivo em sua primeira camada, convencional,
negligente e superficial em sua segunda, Jogador Nº 1 não é uma obra relevante,
mas sim escapista, nostálgica e que não deve ser levada a sério, que preza a
amizade e serve como homenagem a todo aquele que usufrui e degusta da cultura
geek.
Matheus
J. S. (21/07/17) 7
Kontaminados, como vocês estão? Ansiosos para a
aquisição de um livro? Desesperados pela nova temporada de sua série favorita?
Esperando a estreia daquela adaptação tão aguardada? Contando os minutos para
preparar a mochila e ir para aquele show prestigiar o seu artista favorito?
Caso você tenha respondido sim para alguma das
perguntas acima, fique sabendo que estamos juntos. Continuo esperando o término
e o lançamento de Ventos do Inverno (será que o Martin algum dia terminará ou
deixará para outro esta tarefa por motivos maiores?), também não vejo a hora de
finalizar a trilogia de O Último Policial com o livro Mundo das Horas Finais
(já lançado, mas não lido [leia aqui]), e mais uma infinidade de entretenimentos a
conferir, junto com a busca incansável do Celebi em uma emulação do pkm emerald
agora numa versão em português não muito confiável que iniciei depois de perder
o meu cartão de memória com vários livros, muitas músicas e alguns jogos
(principalmente o pkm emerald com 380 pkms capturados de forma convencional,
faltando apenas alguns lendários, inclusive o Celebi que desconfio cegamente
estar no jogo).
Falando em jogo, aproveito para adentrar logo
no assunto desta divagação, o Jogador N° 1, livro de Ernest Cline que narra a
aventura de Wade, um garoto de 17 anos que vive num mundo distópico no ano de
2044, mas passa a maior parte de sua vida em uma utopia proporcionada pela
realidade virtual em uma plataforma de computador chamada OASIS. Nesta,
ocorrerá uma busca desenfreada pelo easter egg deixado pelo proprietário e
programador desta, James Halliday, que levará a um prêmio que se resume em toda
sua herança, incluindo a própria plataforma. Quando li a sinopse do livro, o
que me chamou a atenção de imediato foi o contexto nostálgico que esta obra
oferecia e sua ênfase em inúmeros entretenimentos dos anos oitenta, havia ainda
um comentário sobre geeks, nerds e adolescência na década citada, e se você
fosse alheio a esses assuntos, uma pesquisa relacionada seria necessária para
uma melhor leitura do título. Acredito não ser geek, nem nerd, nem sei o que
significa geek e acho que tenho uma definição errônea do termo nerd, mas fui
adolescente nesta época. Então se você não é um dinossauro do século passado
assim como eu, não se preocupe, nem tudo está perdido ainda.
Provavelmente em algum momento de sua vida
neste vasto universo de entretenimento você esbarrou em algo das antigas, um
artista ou banda que seus pais ou mesmo amigos mais velhos curtem, alguma
adaptação ou remake de livros, seriados ou filmes daquele tempo, também tem os
games e desenhos que fazem sua parte. Ainda não cheguei perto de suas
referências? Pois bem, você pediu, agora aguenta. Sendo hoje um mundo dos
entretenimentos dominado pelas redes sociais, canais do youtube e o acesso à
internet propriamente dita, oferecendo uma infinidade de opções de informações
e dados na palma de sua mão através de sua conexão sem fio de n gigabytes de
seu celular, praticamente é impossível não ter visto algo que fale sobre
entretenimentos antigos. Por exemplo, cito um canal de TV (Play TV) que tem
programas que falam de filmes (Pipocando), games (MOK), cultura japonesa (Bunka
Pop, foi nesse que vi pela primeira vez uma das referências do livro) e, além
de estarem na televisão, também estão no youtube. Acabei de lembrar de
um canal aberto (canal Brasil ou TV Brasil) que está passando Cavaleiros do
Zodíaco e outras coisas antigas, junto com este último e os citados
anteriormente, existem ainda os blogs, as páginas, fóruns, comunidades e afins
que sempre estão pondo em pauta um clássico dos primórdios. Por último, mas não
menos importante, caso você goste de tecnologia, tanto as de ponta como as
antigas, então você pode iniciar a leitura sem grandes receios.
Coincidências a parte, durante a leitura deste
livro o mundo ao meu redor fazia suas próprias referências. Meu filho Murillo
(13), está desenvolvendo um jogo simples no pc. O Matheus (16), assistiu ontem
o Massacre da Serra Elétrica de 1974, meu sobrinho Kaiky (9) me ligou esta
semana preocupado com seu jogo de pkm emerald que passei para ele há uns dois
anos e há mais de um mês estamos jogando Super Mario Bros (nitendinho) e antes
era Battle City (leia aqui).
Não alheio aos acontecimentos a minha volta,
cada vez mais a leitura me prendia, a narrativa em nenhum momento deixa cair o
interesse, seja pela vontade de encontrar mais referências que conhecemos e
gostamos, ou mesmo acompanhando Wade em sua vida virtual como Parzival, ou
ambos, como no meu caso. Com dois jogos ocorrendo ao mesmo tempo, um dentro do
outro e a cada fase do jogo secundário levando a algo nostálgico da
personalidade de James Halliday (nitidamente as coisas que o escritor gosta),
não é de admirar que durante a leitura façamos ligações com algo mais atual
fora do mundo do livro. Lembrei-me de Ben 10 que assistia com o Murillo e teve
um episódio em que eles foram para dentro de um jogo que Ben gostava, The
Librarians tem um episódio no mesmo tema e ainda posso dizer que a sutil
crítica do livro sobre perda de identidade real me lembrou dos filmes: Os Substitutos,
Cherry 2000 e Ela (leia aqui), sendo este último assistido e divagado pelo Matheus. Bom,
chegou ao ponto em que faço umas leves comparações com a trilogia de livros
Insígnia, ambas falam de distopia, megacorporações e o mais interessante ainda
é a similaridade entre Art3mis e Medusa que, respectivamente, são as
adversárias de Wade e Tom (Insígnia). Será coincidência?
Estória simples e muito bem construída, sem
plots twists inacreditáveis, nem questões existenciais profundas e filosóficas,
este livro fornecerá momentos de entretenimento sem comparações aos nostálgicos
de plantão e as novas gerações viciadas em games e tecnologia. Concordo que nos
tornamos suspeitos quando falamos de algo que gostamos, mas se o que você leu
até o momento não despertou o seu interesse, fique sabendo que ouvi “boatos”
que dizem que existe um easter egg no livro e que o prêmio foi um DeLorean
(carro que funciona como máquina do tempo no filme De Volta Para o Futuro) já
encontrado. Mas que tal procurar só por diversão?
leonejs (23/04/17) 8,5
Primeiramente gostaria de falar que essa obra
foi recomendada por Leone e foi o primeiro livro solo que li completamente, já
que apenas li a série de livros Deltora Quest e comecei Fortaleza Digital de
Dan Brown, mas não o li totalmente, mesmo assim pretendo lê-lo novamente e ler
também outras duas séries de livros, As Crônicas de Gelo e Fogo e Insígnia.
Disse Insígnia porque essa também foi uma recomendação de Leone, e fiquei
sabendo que a mesma possui como gênero ficção cientifica.
Quando Leone me falou sobre o título, afirmou que se tratava de realidade virtual e possuía várias referencias a conteúdos
dos anos 70 e 80, e quem não gosta de referências? Logo de cara me interessei
pelo livro.
Em certas partes se encontrava vários nomes de
jogos, músicas, filmes e outros conteúdos antigos, e a partir de certo momento
passei a pesquisar sobre cada nome que encontrei, como por exemplo “Three is a
Magic Number”, uma música citada próximo ao fim da obra. Joust também é outro
exemplo, um jogo com extrema importância para Jogador Nº 1. No livro, existe um
servidor chamado OASIS, sendo possível acessar este por um console conectado a
luvas hepáticas e um visor. Quando ouvimos “realidade virtual”, logo nos
lembramos de Matrix, mas infelizmente o assisti há bastante tempo e não me
lembro de quase nada.
Agora, falando um pouco do OASIS, esse é um
universo dividido em diversos setores, e cada setor possui diversos mundos.
Cada mundo é especifico para determinado assunto, por exemplo, Ludus possui
várias escolas virtuais, outro é Middletown, que possui várias cópias da cidade
natal de James Halliday. O OASIS é na verdade um jogo de RPG online com diversos
mundos para serem explorados, este desenvolvido por Halliday e por Og Morrow, personagens
de suma importância para o livro.
Acho que já falei bastante sobre o que queria
dizer, então agora darei minha opinião. Esse é um excelente livro, e bem
diferente da maioria que já li ou ouvi, então se você quer ler algo diferente,
leia-o. Jogador Nº 1 não é apenas um livro diferente da maioria, ele se passa
em um jogo de RPG online e fala diversas vezes sobre entretenimentos dos anos
70 e 80, tudo isso faz com que ele se torne ainda mais interessante. Já disse
que esse é muito bom, então se você tiver algum tempo para ler algum livro,
assistir algum filme ou série, opte por ler Jogador Nº 1.
Murilo J. S. (23/04/17) 9
Leia e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Autor: Ernest Cline
País: Estados Unidos
Gênero: Ficção científica
Ilustrador: Moré Designer
Editora: Random House
Lançamento: 2011
Páginas: 374
Avaliação
Goodreads: 4,31
Skoob: 4,5
Kontaminantes (média): 8
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