A destruição como meio de
salvação
Filmes de heróis tendem a abordar tramas
envoltas pelo sistemático bem contra o mal, mocinha em perigo, enredo bonitinho
sem sangue, palavrões ou sexo... no entanto, quando um trabalho distinto
consegue fugir do clichê e cumprir suas propostas com êxito, a satisfação é
imensurável, e Watchmen o faz com glamour e perfeição.
Adaptado fielmente das HQs escritas por Alan Moore
(V de Vingança), o longa, sob comando de Zack Snyder, ademais de suas reflexões
e acertos, serve para enaltecer a versatilidade do diretor em lidar com
distintos gêneros e o prezar do mesmo para com suas singulares e volúveis particularidades.
Seja nas sequências em slow motion, no uso excessivo de CGI, na brilhante e
inteligente iluminação e fotografia (que desta vez se resume a paleta de cores marcantes
que procuram realçar o negro e azul pincelado sutilmente pelo amarelo), nos
quadros que engrandecem a perspectiva do espectador ou na gloriosa trilha
sonora, Snyder faz uso de seus recursos com maestria e usufrui dos mesmos para
conceber segmentos de impacto, afinal, quem não se recorda da cena de abertura
com o Comediante caindo pela janela em câmera lenta, das inesquecíveis
passagens ao som de The Sound of Silence e Hallelujah ou das insanas sequências
de combate?
Partindo do princípio tradicional de esquadrão
de super-heróis (como os Vingadores, Liga da Justiça...), a película, contudo,
desenvolve separadamente, com complexidade e aprofundamento, os personagens em
tela, humanizando-os ao extremo, enfrentando dilemas e conflitos pessoais, criando
personalidades únicas, suspeitas e complementares ao entrecho, apresentando-os
ao passar do tempo e as mudanças correntes, o que são e o que foram, atitudes
dúbias e consequências... tudo sob uma visão realista e adulta, sem restrições
ao lidar com temas como alcoolismo, prostituição e estupro, chegando a explorar,
por meio de flashbacks, o passado dos mesmos, o que coopera com um
entendimento melhor e uma maior aproximação para com o público. Por falar em personagens,
é imperdoável se esquecer de Rorschach (interpretado majestosamente por Jackie
Earle Haley), a figura mais cativante, sanguinária, determinada e presente do
filme. Uma espécie de Justiceiro, Rorschach se assemelha bastante a Travis
(Taxi Driver [leia aqui]), entretanto pouco mais lúcido e fatalmente implacável,
permeado por um histórico conturbado e violento, que serve de ponte entre o
espectador e as escórias da humanidade, âmbito desdobrado com perscrutação ao
ampliar seu olhar sobre o mundo por meio de seu diário e suas narrativas.
Destrinchando um passado alternativo no qual os
EUA venceram a Guerra do Vietnã e a Guerra Fria encontra-se em seu auge, o longa,
que igualmente atribui ênfase em outra persona de destaque, o Dr. Manhattan, além
da transformação que ainda influencia sua vida, a película releva sua
importância conforme a influência deste em eventos expressivos e sua presença
fundamental para o fechamento da urdidura, ademais de colocá-lo em uma posição
interessante o qual o mesmo é visto como uma ameaça em potencial e uma arma
contra os inimigos (outra atuação respeitável e reconhecível executada por
Billy Crudup). Repleto de alfinetadas políticas
e sociais, o confronto entre os estadunidenses e os soviéticos serve de palco
para o desenrolar da trama, onde se sobressaem aspectos como o ódio aos comunistas,
a selvageria da natureza humana, questões morais e éticas e o conceito de
heróis mascarados. A magnitude de tudo se resume a forma como o roteiro expande
tais óticas, de forma árdua, verossímil e com o próprio ser humano como vilão,
impondo reflexões ao público, impasses, sátiras e alegorias.
Incansável e instigante, a produção sabe
cadenciar com prestígio seu enredo, mesmo com quase três horas de duração, a
mesma nunca se torna maçante, pelo contrário, é sustentada por suas incógnitas,
rumos imprevisíveis, surpresas e revelações, com um desfecho apoteótico e
inesperado que recompensa até os mais impacientes e uma última cena radiante que
pende dúvidas. Cômico nos momentos certos e extravagante nas horas devidas, o longa
belisca características de outros gêneros sem jamais perder o foco e não peca
quando o assunto são diálogos, frases e sequências sublimes.
Inteligente, visceral, crítico e transgressor,
Watchmen é um filme imprescindível e irretocável.
Matheus
J. S. 10
Este era o primeiro filme da minha lista depois
que terminasse Fringe, isso porque Matheus me recomendou com grande entusiasmo,
além de esse ser um filme sobre heróis, mas acabei me decepcionando. O longa
não é ruim, podemos dizer que ele é bem razoável. Mesmo não me agradando, há
algumas partes e pontos que me chamaram a atenção.
Boa parte deste mostra a interferência dos
Vigilantes na Guerra do Vietnã e como estes agiram em determinados momentos.
Por falar em guerra, a película se passa em meio a Guerra Fria, onde os Estados
Unidos não sabe se deixa o Doutor Manhattan resolver o problema ou ataca a
União Soviética antes ser atacado. Mostra também um pouco da vida de cada um
desses.
Algo de
diferente no filme são os personagens. Um dos que quero mencionar é o Doutor
Manhattan, esse a partir de um acidente que ocorreu no local de seu trabalho,
se transformou em uma criatura capaz de ver seu futuro, se teleportar e fazer
outras coisas. Outro personagem é o Rorschach, esse não teve uma boa infância e
não revela sua identidade usando uma máscara, além de ser um dos mais frios dos
Vigilantes.
O final do longa foi o ponto que mais me chamou
a atenção, esse fez o filme todo valer a pena, mas o mesmo não agradará a
todos. Como já disse, Watchmen é bem razoável, mas vale a pena assisti-lo.
Murillo
J. S. 8
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 6 de março de 2009 (2h
42min)
Direção: Zack Snyder
Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Malin
Akerman…
Gêneros: Ficção científica; Drama; Ação
Nacionalidades: EUA, Reino Unido
Avaliação:
IMDb:
7,6
Rotten:
65%
Metacritic:
56%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,3/4,0
Kontaminantes (média): 9
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