1 de junho de 2018

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mother!

Pôster


Darren Aronofsky é um diretor famoso por criar filmes fortes, provocativos e abstratos. Com mother! não é diferente.
Subjetivo desde seu princípio, mother! é um longa que utiliza de simbologias e metáforas para contar sua estória, o quê se dá de modo completamente eficaz e engenhoso. (SPOILERS A SEGUIR) No entanto, para ter uma noção do que de se passa é necessário ter ao menos um conhecimento básico da Bíblia, pois o mesmo, em sua completude, mesmo frente às diversas interpretações, críticas e analogias, é uma releitura do livro sagrado, uma recontagem cinematográfica cínica e contundente sob uma ótica ímpar e pessoal que possibilita a reciclagem dos eventos narrados em algo único e novo. (FIM DOS SPOILERS) São estes aspectos que fazem de mother!  tão fantástico e inventivo, sem falar das liberdades criativas proporcionadas pelo roteiro esdrúxulo que permitem o destrinchar de inúmeras vertentes reflexivas de maneira orgânica e relevante e as subversões propiciadas pelo mesmo que possibilitam "brincadeiras" do cineasta com seu espectador. Darren Aronofsky é simplesmente genial!
Apesar da trama excêntrica e alegórica, a direção de Aronofsky insere alguns fatores a princípio propositadamente estranhos com o intuito de dar pistas do que se passa, como por exemplo: os personagens não têm nomes; a película praticamente só trabalha com objetos e elementos culturais arcaicos; a ambientação é campestre e reclusa; não há demarcações conclusivas sobre a passagem de tempo; o vestuário da protagonista é quase que translúcido... A identidade do diretor também se mostra presente na confecção dos atributos técnicos de sua obra, seja na sensação de claustrofobia naturalmente constituída por big close-ups provenientes do uso manual da câmera, seja na minuciosa sonoplastia que atribui ênfase a sons aparentemente banais (bater d'água numa pia, esfregar de uma tábua, raspar de um pincel na parede, estalar da fogueira...) como forma de salientar a imersão do público em seu entrecho, seja na concepção de extensos planos-sequência que aderem maior fluidez e impetuosidade ao enredo e permitem um melhor desempenho dos atores. Indiscutivelmente, mother! é um filme intenso, e não só por conta de sua cinematografia, mas pela acidez com que aborda díspares âmbitos "delicados" e pela fascinante capacidade de intertextualizar temas aparentemente dissonantes: a relação entre marido e mulher; a imagem de Deus como um ser supremo; degradação da mãe natureza; tensão pré-maternal; imprudência dum pai inapto; influência psicológica domiciliar; história da humanidade; conceitos de perfeição e plenitude, hipocrisia e negligência; existencialismo...  mother! é um longa volátil que transita por distintos gêneros e abrange várias camadas sem perder o olhar incisivo e autoral de seu diretor.
Ainda sob análise os métodos que Aronofsky utiliza para moldar sua produção, o cineasta foi extremamente obstinado e audacioso ao fazer uma película que, para surtir o efeito desejado, o "politicamente correto" teve de ser deixado de lado, não à toa se problematiza tanto sobre a obra. Ou seja, além das agudas alfinetadas ao cristianismo e o conservadorismo ideológico, as controvérsias em torno do filme se enquadram muito mais a violência estética exibida, empreitada que, mesmo contraditória, transparece com primor todo repúdio e aversão do diretor a determinadas doutrinas sociais. Complementando, o longa, já em sua metade, vê o absurdo como principal personagem numa crescente onda caótica de acontecimentos que culminam num visceral terceiro ato escatológico apinhado de cenas alarmantes.
Concernente ao elenco, Jennifer Lawrence, como a estrela da produção, exerce um excelente trabalho de expressões faciais onde se sobressai a maleabilidade emocional da mesma: ora irritada, confusa, fragilizada, superprotetora, indignada, ofendida e até desprezada. Já Javier Bardem interpreta um homem soberbo, superior, intimamente ameaçador, que exala imponência e autoridade - os jogos de câmera e iluminação são concisos para reiterar tal faustosa presença -, mas que ao mesmo tempo se deixa levar pelo ego e a incapacidade de reconhecer a si mesmo e as próprias ações. Ademais, Ed Harris se porta como o icônico e carismático Ed Harris que todos conhecem, enquanto Michelle Pfeiffer incorpora uma mulher sagaz, provocativa, atrevida e invasiva. Todas performances são espetaculares. No mais, os efeitos visuais atendem com consentaneidade as demandas do script e a maquiagem é meticulosa em sua textura ao emular hematomas e queimaduras.
Em suma, mother! é um filme difícil, enervante, complexo, estrambótico, surreal, lancinante, singular, arrojado, mordaz, instigante, polêmico e arrebatador.
Matheus J. S.  9,5

Dentre os vários filmes que ganharam destaque em 2017, mother! encabeça a lista dos que mais divergiram a opinião do público em geral. Opinião esta que oscila entre obra-prima e fiasco. Respeitar a visão alheia é uma qualidade que todos deveriam exercitar sempre, e mother! transita em uma linha de trincheira onde qualquer um dos lados para o qual se vire o impacto é mútuo.
 Em meio aos muitos pontos de atenção, o mais concreto que podemos realçar é que mais uma vez Darren Aronofsky surpreende, adentrando no seleto hall de diretores que são reconhecidos por suas marcas ímpares em seus filmes, caso semelhante ao que acontece com Quentin Tarantino.
Grandes nomes fazem parte desta produção, dos quais três são singulares.  Darren Aronofsky assinando direção, produção e roteiro. Jennifer Lawrence, detentora do Oscar de Melhor Atriz pelo papel de Tiffany em O Lado Bom da Vida e Javier Bardem que interpretou o icônico assassino Anton Chigurh em Onde os Fracos Não Têm Vez, papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Esses dois últimos eram os que mais inflavam as minhas expectativas, logo que a trajetória de ambos é carimbada por ótimas performances.
A atuação de Jennifer desta vez fica aquém do que ela já nos apresentou no passado, isso talvez aconteça por causa da própria produção que em vários momentos se sobressai ofuscando um pouco o brilho da estrela. Bardem, por sua vez, faz um passeio por vários âmbitos expressivos das emoções, por vezes lembrando testes de atores onde o monólogo e o extravagante está presente.
mother! é uma produção interessante, com uma proposta de visão única. Seu maior trunfo está no olhar de quem o assiste, assim como o seu tendão de Aquiles.
leonejs.  7

Fico imaginando a reação das pessoas que não entenderam nada do filme ao assisti-lo pela primeira vez, talvez este indivíduo logo se apressou em ver algum vídeo ou ler em blogs algo que explicasse o longa, ou achou que o mesmo é péssimo e completamente sem sentido. No entanto, há aqueles que o assistiram novamente para tentar entender tudo que não tinham conseguido captar até o momento, ou até mesmo após uma leitura em blogs revisitaram novamente a película para criar suas próprias deduções e teorias, e esses estão completamente corretos, pois mother! é muito mais do que pode aparentar ser sem um olhar mais atencioso, e também é um bom filme.
Como já disse, mother! não é fácil de ser entendido, principalmente em seus dois primeiros atos que, mesmo tranquilos (pelo menos até o início do terceiro), não aparentam ter algum propósito, mas ao contrário disto, esses possuem um certo significado em cada cena apresentada. Tais significados só vão poder ser identificados nas sequências finais (muito provavelmente), estas que levam a película de estranha para frenética, contudo mesmo sendo interessantes, mostram algo bem simples em relação a tudo que foi apresentado.
mother! é um filme bom em relação ao que se preocupa em passar para os telespectadores, porém todo o resto acaba ficando um pouco sem graça por possuir toda aquela insanidade para mostrar algo simples, se tornando apenas uma produção boa, mas presunçosa.
Murillo J. S.  8

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 21 de setembro de 2017 (2h 02min)
Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris…
Gênero: Suspense
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Google):
Uma mulher pensa que terá um final de semana tranquilo com o marido em casa. Porém, começam a chegar diversos convidados na residência dos dois. Isso faz com que o casamento deles seja testado das mais variadas maneiras.

Avaliação:
IMDb: 6,7
Rotten: 69%
Metacritic: 75%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,5/3,0
Kontaminantes (média): 8 
Avaliação

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