Embora não seja espetacular, a primeira temporada
de The Leftovers também passa longe da outra extremidade qualitativa. No entanto,
será que o segundo ano mantém o mesmo nível do anterior?
Para começo de conversa, a segunda temporada de
The Leftovers possui exatamente o mesmo problema de sua precursora, a exacerbada
utilização de meandros para contar sua estória. É frustrante, pois a série cria
inúmeros arcos entretidos que geralmente não levam a nada e nem sequer possuem
um desfecho. Todavia, apesar da mesma fórmula narrativa exercida, se destacam
muitas mudanças, tais como a abertura (sendo esta nova bastante convencional),
a cidade que confecciona o palco, a apresentação de novos personagens e teorias
que passam a ser compostas sobre o desaparecimento que, embora instigantes e
mirabolantes, só servem para "encher linguiça", pois a série desde
seus primórdios deixou bem claro que não entregará tal resposta. Logo no primeiro
episódio se realçam alguns fatores de distinção, como o apresentar de uma
família até então não vista e que, ao longo da temporada, possui sua parcela de
importância. Ao introduzi-la repentinamente e sem maiores explicações, a série
propaga uma sequência de incógnitas que são suficientes para incitar a
curiosidade e o interesse para os próximos episódios.
Novos panoramas também se estabelecem, estes
que agregam principalmente o embasamento individual dos personagens. Nora,
antes mais uma coadjuvante, agora tem seu protagonismo fixado e suas emoções conflitantes
exploradas. Laurie é outra forte representante feminina que se vê envolta por
ares virgens longe dos Culpados Remanescentes, paradeiro que possibilita o ideal
aprofundamento de sua idiossincrasia. Contudo, o enredo não demonstra a mesma
sensibilidade com relação a outras duas figuras. Jill, persona de grande ênfase
na temporada passada, é simplesmente deixada de lado pelo roteiro e imposta como
fútil par romântico de Michael - personagem frívolo e inexpressivo - num arco apático
e clichê. A relação de Jill com sua mãe é pincelada de modo rústico, não se desenvolve,
e o TRAUMÁTICO evento do fim da temporada passada não reverbera em sua pessoa,
é como se nem mesmo houvesse ocorrido. Concernente à Meg, o entrecho, apesar de
dar respostas para algumas questões até então pendentes que são suficientes
para tornar o drama da personagem verossímil e convincente, a introduz como
vilã de forma abrupta e dá um fim a seu plot de maneira tão brusca quanto. É mal-ajambrado,
denota-se desleixo e imprecisão.
Com relação a outras figuras, Tommy passa por
situação semelhante à de sua irmã ao ter o tempo de tela significativamente reduzido,
embora ainda possua maior relevância que a mesma. Matt, por outro lado, ganha mais
um episódio solo que serve para atribuí-lo camadas de maior textura e defini-lo
de vez como um dos mais cativantes de The Leftovers, ademais do episódio em si
ser simplesmente fantástico. A própria Miracle, cidade que molda o cenário, se
mostra um fundamental e polido personagem. O misticismo e os aspectos culturais
que a modelam são minuciosamente construídos, e a perspectiva imaculável que se
germina desta contrasta com a família Murphy e rende boas reflexões acerca do
cerne humano propenso a confrontos e desilusões, um tema que a série aborda desde
seu princípio. E, no mais, há Kevin, o grande astro do programa que se encontra
em contenda com sua própria mente e sazona determinados conceitos que vêm sendo
semeados desde muito antes.
A trilha sonora, cumeada pela fantástica Where
Is My Mind, tem seus bons momentos, porém em grande parte do tempo é presunçosa
e anticlimática. O alívio cômico, antes liderado pelos gêmeos Frost, desta vez é
atenuado e se retém apenas à Patti, personagem carismática e hilária consoante
seu sarcasmo e comentários irônicos. Ademais, os elementos fantásticos se
intensificam e definitivamente ganham seu lugar na série.
Em suma, a 2ª temporada de The Leftovers fornece
o amadurecimento que alguns personagens necessitavam, entretanto responde menos
do que deveria, martela os mesmos erros e comete alguns deslizes a mais que sua
antecessora.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 29 de junho de
2014
Episódio final: 4 de junho de
2017
Criado por: Damon Lindelof e Tom
Perrotta (2014)
Com: Justin Theroux, Amy Brenneman, Christopher
Eccleston…
País: EUA
Gênero: Drama
Status: Finalizada
Duração (aproximadamente): 60
minutos
Sinopse:
Durante um dia aparentemente comum,
repentinamente 2% da população mundial desaparece.
Avaliação (2ª Temporada):
IMDb
(2014-2017): 8,2
Rotten:
93%
Metacritic:
80%
Filmow
(média geral): 4,6
Adoro
Cinema (usuários): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
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