Fazer adaptações nunca foi algo fácil, e
transmitir as páginas de um livro para as telonas se mostra, neste âmbito, uma
tarefa bastante dificultosa. Sem falar das interpretações que cada um tem das
descrições de lugares e de personagens e as diversas outras minuciosidades
inadaptáveis que abrangem a construção de um romance, se sujeitar a conceber
uma releitura de determinada obra utilizando uma mídia distinta, mais que um
desafio, é uma imensa responsabilidade. Para dissabor dos leitores, Steven
Spielberg não conseguiu arcar com esse peso e foi desrespeitoso e displicente
com relação a todos os aspectos que confeccionam a adaptação cinematográfica de
Jogador Nº 1.
Ultrajante, insultuoso, ofensivo... não são
poucos os adjetivos que podem descrever a amálgama de afronta, sacrilégio e
negligência feita por um dos cineastas mais renomados do mundo. A começar pelas
distinções entre livro e filme, o longa altera praticamente todos os
acontecimentos do romance, abstém eventos e personagens e introduz outros que sequer
são mencionados na obra original e na película em si não possuem embasamento
algum (tendo como maior exemplo o mercenário i-Rok). A própria fisionomia das
figuras em tela muda comparada a dos livros, bem como o caráter idiossincrático
das mesmas (principalmente o de Sorrento que se sobressai durante um segmento
ridículo e ilógico ao correr do clímax quando este efetua um ato benevolente
completamente contraditório a sua personalidade), o que faz com que algumas
personas, em determinados momentos, se portem de modo um tanto quanto tolo. Ok, mas
esta é uma produção que anda com suas próprias pernas, não há como ser 100% fiel e alguns ajustes são necessários. Certamente, mas neste caso o
roteiro não adaptou, e sim conspurcou todo o enredo literário em uma algazarra
audiovisual que, além, subverte deliberadamente, como possível forma de
injúria, situações bem específicas da estória. É revoltante.
Tá, porém Jogador Nº 1 não é um filme com
propostas saudosistas que tem de ser destrinchado perante o conteúdo nostálgico
apresentado? Sim, com toda certeza, entretanto a empreitada
prevalece errônea, pois não basta apinhar de referências uma trama vazia que
ela magicamente se torna boa. Claro que as respectivas momentaneamente empolgam
visto o contexto no qual estão inseridas, mas têm o impacto atenuado conforme a
ausência de desenvolvimento do entrecho que as impossibilita de receber o
devido brilho. Tais referências contrastam com as do livro, o que, se por um
lado justifica-se pelo fator direitos
autorais e permite com que estas sejam adaptadas para um público de maior
amplitude, por outro impede que os assíduos leitores degustem algumas das
melhores sequências do romance em telas grandes.
Ao se analisar o longa de maneira individual,
infelizmente o que se sobressai também são nequices. Repleto de coincidências
baratas, personagens insossos (assim como os atores), exposições exacerbadas e mal dispostas, tentativas de comicidade que raramente funcionam e uma infinidade
de clichês sacais, Jogador Nº 1, não satisfeito, ainda arruma tempo para mais
patacoadas, estas que remetem a extensa durabilidade da película e a concepção
mal-ajambrada de relacionamentos entre as figuras em cena.
No mais, a confecção de mundos, tanto virtual
quanto real, são bagunçadas, o espectador jamais consegue ter um panorama geral
de como ambos funcionam e nem sequer desfrutar de potenciais e desperdiçadas
reflexões que estes pudessem tecer. Aproveitando o gancho, a estética utilizada
para construção do OASIS, embora lúdica, com o passar do tempo e o crescente
desgosto do assistente, até esta começa a saturar. Como última nota, deve-se
ressaltar que a dublagem do Aech é pavorosa.
Jogador Nº 1, em suma, é hediondo como
adaptação e como filme em si.
Matheus J. S.
2
Um currículo com nada mais, nada menos do que a
assinatura de filmes como: Tubarão, De Volta Para o Futuro, E.T., Indiana
Jones, A lista de Schindler, O Resgate do Soldado Ryan e mais quatro dezenas de
títulos que são mega sucessos de público e bilheteria, naturalmente é de se
esperar mais um grande trabalho de Steven Spielberg, principalmente quando se
trata de uma adaptação do livro homônimo escrito por Ernest Cline que tem
várias referências de seus trabalhos, de outros profissionais e meios do
entretenimento.
Com certeza adaptações sempre geram polêmicas e
divisão de opiniões, principalmente quando parte do público já tem uma
afinidade com o trabalho impresso, caso que ocorre com o título em questão.
Partindo deste princípio, é fundamental que você entenda que não tem como ser
imparcial e fazer uma distinção do livro com o filme, ainda mais quando se
espera que, mesmo com todos os agravantes de direitos autorais que forçam um
ajuste de referências na película, o reflexo deste seja condizente com o
contexto geral da obra impressa.
Infelizmente o filme é uma distorção, o pouco
que se consegue identificar de sua fonte está com alguma diferença que não se
justifica e causa certa apatia. O início é conduzido de maneira corrida,
dificultando o envolvimento do apreciador com a estória e muito menos o
desenvolvimento de alguma simpatia com os personagens ou atores que os
interpretam. Aleatoriamente aparece um ou outro fator de destaque, porém sem
ligação com o enredo. Os efeitos visuais já eram esperados para esta produção
que tem como seu maior cenário situações no universo virtual futurista.
Enfim, como uma adaptação a produção não
funcionou e seu maior êxito foi jogar um balde de água fria nas expectativas de
quem leu o livro.
leonejs.. 5
É comum encontrarmos filmes baseados em livros,
e também é comum estes serem bons, mas Jogador Nº 1, diferentemente destas
obras, decepciona, principalmente a quem leu seu livro que, por sua vez, é
muito bom e uma ótima opção para os amantes do mundo geek e nerd.
Há várias partes boas no livro que possuem bastantes
diálogos e detalhes sobre o mundo, que foram trocadas por cenas frenéticas que
só deixaram o filme pior, como quando Parzival ganha a primeira chave, sendo o
filme totalmente diferente do livro, menos explicativo, menos legal e sem o
brilho das charadas de Halliday. Outra coisa mudada para pior, foi alguns
personagens, tanto por serem transformados em idiotas ou por receberem uma voz
entranha, além de eles serem pouco realistas e suas relações e ações serem
clichê.
Infelizmente um bom livro acabou se tornando um
longa ruim, mas já era de se esperar, pois seria muito difícil representar tudo
de Jogador Nº 1 em uma obra cinematográfica.
Murillo J. S. 5
Assista e Kontamine-se
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Leia Também:
Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 29
de março de 2018 (2h 20min)
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn…
Gêneros: Ficção científica; Ação
Nacionalidade: EUA
Sinopse (Google):
Em 2044, Wade Watts, assim como o resto da
humanidade, prefere a realidade virtual do jogo OASIS ao mundo real. Quando o
criador do jogo, o excêntrico James Halliday morre, os jogadores devem
descobrir a chave de um quebra-cabeça diabólico para conquistar sua fortuna
inestimável. Para vencer, porém, Watts tem de abandonar a existência virtual e
ceder a uma vida de amor e realidade da qual sempre tentou fugir.
Avaliação:
IMDb:
7,6
Rotten:
73%
Metacritic:
64%
Filmow
(média geral): 4,0
Adoro
Cinema (usuários/adorocinema): 4,4/4,0
Kontaminantes (média): 4
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