Ainda que 2021 tenha sido um ano onde a indústria cinematográfica teve
que lidar com os impactos da Covid-19, muitos filmes bons foram apresentados.
Dentre estes, destaca-se Bloody Hell, um dos mais audaciosos e divertidos
longas até agora.
Em primeira análise, vale frisar que Bloody Hell é uma obra extremamente
cativante. Nesse sentido, os cinco primeiros minutos de produção já são
suficientes para fisgar o público, visto que a inserção de incógnitas sem uma
resposta imediata se manifesta como elemento condutor do enredo. Outro aspecto
que instantaneamente capta a atenção do espectador, diz respeito ao ritmo
frenético com que a trama acontece, o que permite uma maior interação entre
assistente e protagonista fundamentada na proficiência que a narrativa possui
de entreter seu público.
Dito isso, nota-se que a ludicidade da película provém da habilidade de
seu diretor (Alister Grierson) transitar entre diferentes gêneros sem perder a
capacidade de extrair o melhor de cada um deles. Terror, ação, comédia,
romance... todas camadas pelas quais o cineasta consegue passear com a mesma
perspicácia e sagacidade, mantendo o tom entusiástico e a estrutura ímpar que
caracterizam o filme como uma obra tão singular. Em face disso, o esqueleto
narrativo se articula a partir de uma abordagem que desconstrói os moldes
tradicionais dos gêneros supracitados, engendrando uma mescla de temas que se
respalda nos diferenciais que o roteiro tem a oferecer.
Outrossim, o protagonista Rex é essencial para que o entrecho opere de
forma ideal. Responsável por uma personalidade moralmente contestável, o
personagem serve como fator propulsor de mistérios que vão sendo gradualmente
revelados e auxiliam no processo de atração do espectador. Por sua vez, o fato
de Rex dialogar consigo mesmo enseja algumas das cenas mais hilárias do longa,
além de permitir que o assistente se aproxime pouco mais da figura em questão.
Também vale ressaltar que os traços idiossincráticos de tal persona dão vida a
um protagonista forte, inteligente e ardiloso que foge dos estereótipos
propalados por produções similares. Ademais, a performance de Ben O'Toole é
avassaladora, considerando que o ator transmite muito carisma e autenticidade
no papel; é uma atuação marcada por um cinismo contagiante que faz o público
simpatizar com ele, mesmo consciente das inclinações sádicas e o passado
questionável de sua pessoa.
Em contraparte, o mesmo não pode ser dito acerca dos antagonistas.
Formados pela junção de indivíduos estranhos unidos pelo laço sanguíneo, os
personagens são meros arquétipos de filmes de terror burros e insípidos que não
agregam inovação ou diferencial algum ao enredo. Desse modo, é patente que a
participação deles acontece em função do destaque de Rex, visto que todas as
suas atitudes existem para desencadear uma ação que impacte diretamente o
protagonista, sem possibilitar o desenvolvimento de personalidades únicas e
autônomas.
Em suma, apesar dos deslizes mencionados, Bloody Hell é uma obra
divertida, engraçada e eficiente.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Austrália): 08 de outubro
de 2020
Direção: Alister Grierson
Elenco: Ben O'Toole, Meg Fraser, Caroline Craig…
Gênero: Terror
Nacionalidade: Austrália; Reino Unido
Sinopse
(Filmow):
Um homem com um passado
misterioso foge de seu país para escapar de seu próprio inferno pessoal -
apenas para chegar em um lugar bem pior.
Avaliação:
IMDb: 6,6
Rotten: 91%
Metacritic: 52%
Filmow (média geral):
3,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
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