Pensar
que um simples bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro
lado do mundo, aparentemente é exagerado e impossível, mas é completamente
aceitável, e é nisto que se baseia a Teoria do Caos (como muito bem expresso no
comecinho do filme, porém de maneira distinta). Esta basicamente propõe que um
simples acontecimento hoje pode desencadear uma catástrofe amanhã, ou seja,
toda ação tem uma reação que leva a outro desencadeamento de ações e outro que
acaba por ser imprevisível e gerar algo que pode mexer com os alicerces do
mundo e mudá-lo drasticamente, de certa forma, para sempre. Claro, não é certo
que isto acontecerá, mas é possível, até porque as consequências não podem ser
calculadas por conta de uma série de fatores que dependem de outros
influenciados por determinados aspectos extremamente complexos, e Efeito
Borboleta mantém isto como princípio.
Apresentando-nos
o protagonista Evan (personagem vivido por mais de um ator), o longa explora
seu problema de lapsos de memória que mais tarde acaba por ter influência em
sua capacidade de sua mente voltar no tempo e alterar tudo. Embora possamos ver
isto como um dom e uma habilidade excepcional, seu pai considera uma doença
hereditária que só causa mal ao mundo e que da mesma maneira acabou por
prejudicá-lo e destruir sua vida. É interessante observar este relacionamento
de pai para filho, de como o pai vê sua cria como um problema sem este nem
mesmo saber de nada e, até certo ponto, não ter culpa alguma (contudo também o
compreendemos e a base de todos estes conflitos e atitudes acarretadas por suas
complicadas e dolorosas experiências).
Com
uma bela atuação de Ashton Kutcher (rosto conhecido de vários filmes de
comédia) em uma película de gênero que não é seu habitat, o filme ainda conta com
outras faces conhecidas, como a de Logan Lerman e Kevin Durand. Além, se inicia
pelo seu desfecho (o que hoje em dia já se tornou moda no universo
cinematográfico) e possui uma passagem bem interessante em um presídio onde,
sutilmente, certa corrupção é abordada como determinados meios trapaceiros
(ironicamente envolvendo Jesus) para se conseguir o que quer. O longa ainda
possui os característicos momentos de descontração com algumas piadinhas, cenas
e situações engraçadas, apesar de ter seu teor voltado mais para um lado
fantasioso e dramático.
Contudo,
Efeito Borboleta realmente se destaca e pode ser considerado um expoente do
gênero devido a sua exploração das consequências de uma alteração da linha do
tempo. Claro que não é o único a fazê-lo, mas se realça por tratar do assunto
com genialidade e originalidade e nos fazer refletir sobre nossas próprias
atitudes, pois uma simples ação, um aparente comentário banal, poder mudar tudo
e fazer com que não haja mais volta. Ademais, a película enfatiza bastante que,
para uns serem felizes, outros têm de sofrer e ter uma vida triste e miserável
(bem condizente com nosso mundo, não?), dilema este que o próprio protagonista
tem de enfrentar ao alterar o rumo temporal, alteração que muda muito mais do
que aparenta e chega a mexer com este fisicamente, mentalmente e
psicologicamente (acredite, o roteiro ratifica bem a diferença entre os dois).
Tendo
como pano de fundo motivações amorosas e possuindo certas semelhanças com o
cult Donnie Darko, o filme ainda transmite diversas lições morais e está
repleto de frases que nos impõem a pensar, como uma dita pelo pai de Evan a
ele, repreendendo-o ao afirmar que este não pode brincar de Deus.
Com
seu sucesso (ao menos de público, pois sua injusta e indignante aprovação de
33% no Rotten Tomatoes realça bem a opinião pessimista de forma mais expansiva
dos “conceituados” críticos a respeito do mesmo), o longa ganhou duas
sequências, todavia muito criticadas negativamente. Ao seu fim, com a
apresentação de três finais distintos e de sua escolha individual, Efeito
Borboleta se mostra uma boa, reflexiva, divertida e instigante película do
gênero, certamente vale seu tempo (entendeu?).
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 23 de julho de 2004 (1h 53min)
Direção: Eric Bress, J. Mackye Gruber
Elenco: Ashton Kutcher, Amy Smart, Elden Henson...
Gêneros: Drama; Fantasia
Nacionalidade: Eua
Avaliação:
IMDb: 7,7
Rotten: 33%
Filmow (média geral): 4,0
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários): 4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
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