5 de março de 2017

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Estrelas Além do Tempo



Dentre várias surpresas neste Oscar 2017, pode-se dizer que Estrelas Além do Tempo se encaixa perfeitamente neste quesito relacionado à concorrência de Melhor Filme. Apesar de não ter sido o longa do qual menos gostei e, sob minha percepção, que não demonstre menor fragilidade, mas simultaneamente aspectos que não o qualifiquem justamente para a indicação em questão, creio que dificilmente este conquistará a estatueta mais cobiçada da noite, pois, assim como outras películas com as quais disputa, não apresenta certos fatores necessários para a vitória. Vamos entender.
Baseado em fatos, o filme foca em três personagens negras que trabalham na NASA e têm de passar por conflitos para alcançarem seus objetivos. Tendo como pano de fundo principal a Guerra Fria, o período, além de muito bem característico no longa, é expresso de forma bem realista e um tanto impactante referente ao tratamento para com os negros da época que era extremamente preconceituoso e rude, assim como certa discriminação mais acentuada que residia naquele tempo frente às mulheres, então imagine mulheres que, ainda por cima, eram negras. O racismo, ao decorrer do enredo, é deslumbrantemente abordado como algo natural e comum pela civilização branca. É certo que esta não é a primeira vez que vemos isto nos cinemas, mas, tirando Django Livre, é a produção no momento da qual mais me recordo que explora de uma forma tão arrebatadora os princípios sujos e ímpios da natureza humana.
Além dos aspectos enfatizados, não nos esqueçamos da Corrida Espacial, evento este que, dentre outros, complementa a disputa entre soviéticos e estadunidenses, aprofundada na película de tal maneira um tanto quanto com o intuito de enaltecer e colocar os EUA em um patamar acima dos demais e como os bonzinhos de sempre. Talvez este seja o ponto de maior realce negativo do filme, pois, ademais de clichê, já foi demasiadamente expandido em outros campos cinematográficos e televisivos, apesar disto, relevamos o fato, até porque, consoante à inspiração em uma história real e tendo-se como base o livro homônimo escrito por Margot Lee Shetterly, tal quesito não poderia ser alterado (quer dizer, podia, mas tudo bem) e é trabalhado a se tornar aparentemente necessário, além do plot em questão em momento algum se tornar chato ou enjoativo (embora, como já dito, engrandeça somente um lado do confronto).
E, já que falamos em clichê, não deixemos de ratificar que o longa cai em várias destas manobras manjadas, inclusive seu desfecho que toma um rumo previsível, porém, como já ressaltado, levando-se em consideração que o mesmo possui como base acontecimentos verídicos, estes se mostram inevitáveis.
Ao criar protagonistas pelas quais torcemos e que, mesmo diante de diversos conflitos, conseguem destacar o poder feminino, a película coordena bem o tempo de tela e realce atribuído a cada uma, sem deixar com que alguma se sobressaia mais que a outra e esteja engajada em uma trama de maior relevância que suas companheiras. Pode-se dizer que os roteiristas possuem o artifício de alternar primordialmente o destaque que cada personagem recebe em uma condução bem harmonizada e estruturada sem perderem o foco ou deixarem a qualidade do filme cair, até mesmo quando o assunto são plots e figuras secundárias, estes que são agradáveis e carismáticos e acabam por não pesar, ademais de apenas complementarem de forma natural o enredo principal.
Cooperando uma trilha sonora descontraída e bacana que sabe ser condizente às várias situações com um bem-vindo e essencialmente introduzido alívio cômico, Estrelas Além do Tempo, ademais das reflexões mencionadas, ainda consegue arrumar tempo para propor outras que vão desde o avanço da tecnologia e a substituição do homem pela máquina até a suma importância da matemática. Sobretudo, embora seja um bom longa com um elenco e atuações convincentes, não creio que Octavia Spencer levará o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, assim como a película em si que não deve conquistar muitas estatuetas perante um entrecho que, apesar de instigante, interessante e envolvente, não proporciona inovações, é somente mais um filme dentre muitos que compila uma série de gêneros e plots permeados por conceitos, debates e assuntos já explorados demasiadamente em outros inúmeros meios informativos e entretenimento variado.
Ao abordar uma jornada de guerreiras que foram fundamentais na vitória dos EUA na Corrida Espacial e a ida do homem à lua fermentada com uma pitada de luta pela igualdade, perseverança, fé, determinação e esperança, o longa consegue ser tocante nos momentos devidos, impactante nas passagens certas e cômico nas cenas ideais, além de servir como um bom e reflexivo passatempo se estiver disposto a repensar certas questões e admirar determinados aspectos sob uma nova, porém não inovadora, perspectiva. Estrelas Além do Tempo está longe de ser ruim, acerta em praticamente todos os quesitos propostos, mas, como diria Tiago Belotti (Meus Dois Centavos), também está longe de ser um filme necessário.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se



Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento: 2 de fevereiro de 2017 (2h 06min)
Direção: Theodore Melfi
Elenco: Taraji P. Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe…
Gêneros: Drama; Biografia
Nacionalidade: Eua

Avaliação:
IMDb: 7,9
Rotten: 92%
Filmow (média geral): 4,2
Adoro Cinema (usuários): 4,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5

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