Clássico dos anos 80, expoente do gênero...
Blade Runner, uma obra prima do século XX? Com certeza não.
Embora tenha marcado uma época e uma geração de
fãs, Blade Runner hoje já não consegue surtir o mesmo efeito de antes. Isto não
por conta de suas ideias e propostas que tenham se tornado obsoletas, mas porque
filmes e séries posteriores conseguiram se aproveitar de suas abordagens de uma
forma que o respectivo longa não conseguiu. Em sua tentativa de criar uma obra épica
e magistral, a película se deixa levar por uma rede de conceitos demasiado sugestivos
que não definem seu foco e não são explorados como deveriam. Limite entre o
vivo e o artificial, identidade, emoções, memória, autoconhecimento... rápidas
imposições que não recebem o devido aprofundamento, deixadas de lado por um roteiro
bagunçado que preza segmentos abstratos e bizarros ao invés de correntes
reflexivas que poderiam atribuir verdadeira relevância ao filme.
Ridley Scott, diretor do longa, confecciona um universo
brilhantemente caracterizado que usufrui de elementos tradicionais da ficção
científica, como naves voadoras e aparatos tecnológicos. A ambientação é magistralmente
concebida, ou seja, exalta uma perspectiva caótica, salientada pelas multidões
de sem-teto, outdoors corporativos e uma iluminação escura mesclada a cores
fluorescentes que evocam o senso futurista e conturbado. No entanto, apesar da
exímia transmissão aspectual do espírito alvitrado, a película novamente se
deixa levar a âmbitos de pouca importância, como um romance impertinente acerca
do protagonista, o que acaba por saturar e exaurir o público com um mundo
visualmente gritante, porém não perscrutado. Isto é, ao se fundamentar em
insinuações, o filme coloca o concreto em segundo plano, investida que pode ser
justificada como incitação do pensamento no espectador, mas que verdadeiramente
denota um script preguiçoso, que nunca deslancha e logo se torna tedioso.
Raso até mesmo na conceição de sua premissa
genérica sobre um ex-policial encarregado de uma missão que a princípio recusa,
o longa também é superficial no desenvolvimento de seus personagens, desinteressante
nas sequências mais ágeis, bisonho em suas montagens filmadas por uma câmera
tremida e forçado em sua enfadada e dissonante trilha sonora. Blade Runner atira
para muitos lados, contudo prefere se apoiar numa narrativa arrastada, improdutiva,
vaga e covarde, que opta por uma condução que usufrui de simbologias e fatores confusos
para elevar sua prepotência megalomaníaca e se autointitular cult e complexo.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 25 de dezembro de 1982
(1h 57min)
Direção: Ridley Scott
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young…
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA
Avaliação:
IMDb: 8,2
Rotten:
90%
Metacritic:
89%
Filmow
(média geral): 4,1
Adoro
Cinema (usuários): 4,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5,5
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