7 de outubro de 2017

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Blade Runner

Pôster


Clássico dos anos 80, expoente do gênero... Blade Runner, uma obra prima do século XX? Com certeza não.
Embora tenha marcado uma época e uma geração de fãs, Blade Runner hoje já não consegue surtir o mesmo efeito de antes. Isto não por conta de suas ideias e propostas que tenham se tornado obsoletas, mas porque filmes e séries posteriores conseguiram se aproveitar de suas abordagens de uma forma que o respectivo longa não conseguiu. Em sua tentativa de criar uma obra épica e magistral, a película se deixa levar por uma rede de conceitos demasiado sugestivos que não definem seu foco e não são explorados como deveriam. Limite entre o vivo e o artificial, identidade, emoções, memória, autoconhecimento... rápidas imposições que não recebem o devido aprofundamento, deixadas de lado por um roteiro bagunçado que preza segmentos abstratos e bizarros ao invés de correntes reflexivas que poderiam atribuir verdadeira relevância ao filme.
Ridley Scott, diretor do longa, confecciona um universo brilhantemente caracterizado que usufrui de elementos tradicionais da ficção científica, como naves voadoras e aparatos tecnológicos. A ambientação é magistralmente concebida, ou seja, exalta uma perspectiva caótica, salientada pelas multidões de sem-teto, outdoors corporativos e uma iluminação escura mesclada a cores fluorescentes que evocam o senso futurista e conturbado. No entanto, apesar da exímia transmissão aspectual do espírito alvitrado, a película novamente se deixa levar a âmbitos de pouca importância, como um romance impertinente acerca do protagonista, o que acaba por saturar e exaurir o público com um mundo visualmente gritante, porém não perscrutado. Isto é, ao se fundamentar em insinuações, o filme coloca o concreto em segundo plano, investida que pode ser justificada como incitação do pensamento no espectador, mas que verdadeiramente denota um script preguiçoso, que nunca deslancha e logo se torna tedioso.
Raso até mesmo na conceição de sua premissa genérica sobre um ex-policial encarregado de uma missão que a princípio recusa, o longa também é superficial no desenvolvimento de seus personagens, desinteressante nas sequências mais ágeis, bisonho em suas montagens filmadas por uma câmera tremida e forçado em sua enfadada e dissonante trilha sonora. Blade Runner atira para muitos lados, contudo prefere se apoiar numa narrativa arrastada, improdutiva, vaga e covarde, que opta por uma condução que usufrui de simbologias e fatores confusos para elevar sua prepotência megalomaníaca e se autointitular cult e complexo.
Matheus J. S.

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 25 de dezembro de 1982 (1h 57min)
Direção: Ridley Scott
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young…
Gênero: Ficção científica
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 8,2
Rotten: 90%
Metacritic: 89%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários): 4,4
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5,5
Avaliação

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