É inegável que o ser humano é um animal hostil
de natureza egoísta e suscetível ao confronto. Sejam crianças ou adultos, as desavenças
sempre se apresentam, e Deus da Carnificina aposta nesta representação
animalesca.
Quatro personagens e uma sala, este é o palco
que praticamente constitui todo o enredo. Partindo de uma simples premissa que
remete ao reconcilio, as coisas logo saem do eixos e tomam um rumo sarcástico e
conflituoso. Repleto de alfinetadas e reflexões, o longa leva o espectador numa
jornada sob perspectivas distintas em embate que desafiam a ética individual e
social, tudo comandado pela direção majestosa e equilibrada de Roman Polansky,
que consegue alternar críticas a um humor bem desenvolvido e irônico sob uma
atmosfera teatral e fluida que não se perde em meio às dificuldades em lidar
com o restrito espaço e o cadenciamento de ritmo. Como o próprio título sugere,
esta não é uma película harmoniosa, mas sim um trabalho complexo e irascível sobre
as limitações vinculadas a razão e ao aspecto pelos quais as pessoas querem passar,
uma figura artificial e fabricada movida pela aparência e mentira... esta uma
produção gloriosa confeccionada por hábeis e talentosas mãos, extremamente selvagem
mesmo sem derramar uma única gota de sangue, que mescla tragédia a comédia e faz
o público repensar os variáveis conceitos do termo "violência".
Mesmo tendo a sua disposição um elenco
bombástico, Deus da Carnificina, no entanto, não pode se vangloriar de usufruir
o máximo de seus atores. John C. Reilly é o mais inexpressivo e imparcial de
todos, interpretando um personagem de uma só face, chato e desinteressante.
Christoph Waltz atua de forma confortável, descontraída e cômica, talvez
levemente mais versátil que o habitual, desempenhando um papel que sabe
aproveitar sua personalidade forte e icônica. Já o time feminino (Jodie Foster
e Kate Winslet) se sobressai pelas excelentes performances, enfatizando
personas em transformação: a princípio mulheres apaziguadoras e acolhedoras,
após criaturas desprovidas de consentimento e compaixão. Todos indivíduos de
âmago podre, que tem suas máscaras destituídas a partir de situações que põem o
caráter dos mesmos a prova e fazem o espectador se identificar com muitos casos
recorrentes do cotidiano que o levam a pesar fatores, como a integridade de
cada um, suas responsabilidades, prioridades, maturidade, justificativa para
uma determinada ação... bem como, geralmente, desentendimentos bobos e
desgastantes que são simplesmente acarretados por conta do massivo individualismo
e a ignorância para com o próximo. Além, o filme expõe com genuinidade o
estresse rotineiro e como este influencia os relacionamentos, principalmente remetendo
a intervenção constante do trabalho e da tecnologia (aqui, o celular) que prejudica
e inibe o casamento.
Sem ter um lado inocente o qual apoiar, o longa,
ademais de antagonizar os casais, também apresenta dilemas entre os mesmos resultado
de um egocentrismo pútrido que os torna biltres, consequente num desenvolvimento
de relação abordado de forma gradativa que decorre num precipício moral. Ademais,
a ideia proposta de autocentrismo e hipocrisia inerentes à condição humana é
salientada com o desvio de foco nos diálogos que servem como motivação de todo
e qualquer desentendimento banal, o quê é feito com brilhantismo, visto que o
palratório sustenta o roteiro e é concebido volúvel e naturalmente. Além, para
ratificar a índole dissimulada das personagens, a produção usa como recurso uma
sequência repugnante de vômito, segmento que pode ser interpretado como manifesto
da imundície metafísica da pessoa e dos outros ao redor.
No mais, Deus da Carnificina é um retrato sórdido
da sociedade contemporânea, que propicia uma experiência diferente, divertida e
relevante.
Matheus J. S. 10
Um menino de 11 anos agride um de seus
amigos com uma vara e acaba arrancando alguns de seus dentes e danificando
parte de seu rosto. Depois disto, os pais desses garotos conversam sobre o
acontecimento. O filme todo mostra a discussão dos mesmos ou ao menos boa parte
dela, digo isso porque não pude saber o que aconteceu em seguida.
Cada personagem possui uma personalidade
própria. A mãe da vitima, Penelope, quer tentar entender tudo o que aconteceu,
debater e incentivar os pais do agressor (Nancy e Alan) a puni-lo. O pai da
vítima, Michael, é a pessoa que aparenta ser a mais pacífica, pelo menos até
certa parte do longa. Nancy também quer opinar e entender o que houve, além
de não aceitar que falem mal de seu filho. Agora falando de Alan, este se
encontra falando ao celular quase toda hora, resolvendo problemas em seu
trabalho, e está lá apenas por ser obrigado (isso é confirmado no filme).
Portanto, o longa foi desnecessário,
mesmo tendo princípios e ideais por trás de toda aquele humor. Quero ressaltar
também que, mesmo este tendo como gênero comédia, não me fez rir em momento
algum, talvez como consequência de tê-lo assistido legendado. A película possui
vários fatores para dar-lhe uma nota baixa, mas até que foi razoável, e o
assistiria novamente se tivesse uma oportunidade.
Murillo J. S. 7
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Ficha Técnica
(Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 7 de junho de 2012 (1h
20min)
Direção: Roman Polanski
Elenco: Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz…
Gênero: Comédia dramática
Nacionalidades: França, Espanha, Polônia e Alemanha
Avaliação:
IMDb:
7,2
Rotten:
71%
Metacritic:
61%
Filmow
(média geral): 3,8
Adoro Cinema
(usuários/adorocinema): 3,8/4,0
Kontaminantes (média): 8,5
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