2 de outubro de 2017

Kontaminantes ☣ , Doutor Estranho , Aventura-filme , Filmes ,

Doutor Estranho

Pôster


"Eu vim barganhar"
Estrelado pela Feiticeira Branca, Hannibal e Sherlock Holmes, Doutor Estranho é bem-sucedido em quesitos técnicos e ensaia uma revigorada do gênero.
2016 foi um bom ano para a Marvel, com grandes sucessos de público e crítica, longas que, de alguma forma, contribuíram para o avanço cinematográfico do gênero. Deadpool, distinto e contraventor, foi agraciado (quer dizer... [leia aqui]) com uma mescla de contextos envoltos pelo politicamente incorreto, Guerra Civil expandiu ainda mais o universo do estúdio e tratou com êxito assuntos políticos, enquanto o filme sobre o Dr. Strange não fez feio em prática com efeitos admiravelmente deslumbrantes e a abordagem do misticismo. Sendo o principal acerto do filme, este não peca quando o assunto é o visual (o quê lhe rendeu uma indicação ao Oscar na categoria Melhores Efeitos Visuais), seja na maquiagem dos personagens ou na constituição das sequências especiais do mesmo, estas que, muitas vezes, recordam a estética de A Origem. Munido de bacanas referências (por falar nisto, é bom destacar que o vínculo com os Vingadores não impede que a película funcione sozinha, além de justificar o porquê da ausência destes em uma situação de tamanha proporção como no trabalho em questão), o estilo da mesma, ademais das similaridades para com a produção sob comando de Nolan, denota até mesmo semelhanças que se estendem a Matrix, isto é, coincidentes aspectos que se restringem ao treinamento do protagonista. O longa usufrui de uma plástica cimentada, envidraçada, metálica e psicodélica que geralmente evoca uma atmosfera surreal e mentecapta, fator que, perante determinadas perspectivas, pode se tornar explicitamente artificial e demasiado recursivo. Todavia, a utilização descontraída e glamorosa da magia rende inúmeros entretidos segmentos insanos que enaltecem tal caráter singular do mesmo e ratificam a preocupação dos desenvolvedores com o visual, este extremamente vibrante, frequente e convincente.
Embora seja uma história de origem, a película não perde tempo em desenrolar sua trama, postura que pode ser considerada um tanto quanto abrupta, sem a ideal harmonia de ritmo e desenvolvimento. Certamente funcionará mais para alguns que para outros, no entanto, não se pode dizer que o filme se trata de uma produção lenta, visto que o frenesi a todo instante toma conta da tela e possa ser justificado pelas propostas do mesmo. Apesar de flertar com o dramático, o emocionante e o conflituoso em certos momentos, as investidas não se realçam acentuadamente, já que o longa funciona melhor como diversão despretensiosa, se bem que as tentativas possuem o mérito de humanizar os personagens. Contudo, o enredo não deixa de se tratar de uma sutil jornada de transformação espiritual acerca do reconhecimento de si que envolve arrogância, ego, teimosia, ceticismo, fé, sacrifício, humildade e autossuperação, além da dissociação do físico e o anímico, ademais de reflexões que remetem aos conceitos de tempo e morte. Em contraparte, alguns coadjuvantes e arcos adjacentes poderiam enfatizar uma maior sensibilidade de progresso criativo, eficiente e produtivo. Outro ponto negativo se resume a uma câmera tremida (por hora), que chega a incomodar.
A comicidade é uma vertente que a película usufrui muito bem em seu entrecho, coordenando-a as passagens mais modestas de maneira divertida e como quebra cômica nas sequências de maior tensão. Os diálogos expositivos funcionam naturalmente, bem como a condução imposta que não demarca a passagem de tempo, as atuações são aceitáveis (Mads Mikkelsen poderia salientar a personalidade de seu personagem, o que não acontece, as motivações deste são plausíveis, porém não são refletidas contundentemente em sua performance... a atuação é superficial, longe de relembrar seus icônicos e fabulosos papéis como Hannibal Lecter e Lucas [A Caça]), a trilha sonora indiferente e as cenas de ação bem dirigidas, isto é, são compreensíveis e volúveis, nunca maçantes, projetadas de formas diferentes consoante as figuras em cena e a ambientação. No mais, os antagonistas não são ruins, mas longe de serem marcantes, enquanto as frases e diálogos de impacto surtem um efeito completamente oposto e, embora possua alguns clichês, o longa os compensa com uma resolução de desfecho peculiar, inventivo, inteligente, hilário, intrigante e satisfatório.
Doutor Estranho, em suma, é um blockbuster interessante e empolgante gostoso de se assistir que funciona de variáveis maneiras dependendo do público. Para alguns, serve como passatempo lúdico, para outros como amplificação do MCU e introdução de um importante e influente personagem em tal.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 2 de novembro de 2016 (1h 55min)
Direção: Scott Derrickson
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Tilda Swinton…
Gêneros: Fantasia; Aventura
Nacionalidade: EUA

Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 90%
Metacritic: 72%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,5/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Avaliação

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