Incomuns não são as tramas que exploram um caso
investigativo sobre um assassinato misterioso. Contudo, o diferencial de True
Detective se deve a naturalidade de sua condução.
Longe de ser apenas uma série policial, o
programa tem como alicerce impulsor uma morte excêntrica que dita o clima labiríntico
e incitante, que se coopera, de forma versátil, ao palco de situações
verossimilhantes onde os protagonistas são Rust Cohle e Martin Hart.
Conflituosos, ambos têm de lidar com suas contendas pessoais, mediante um tom
denso, que são alternadas a pressão do trabalho e rendem pautas interessantes,
como o peso do mesmo sobre o cotidiano, família, traição, desenvolvimento dos
filhos, divórcio, luto... Responsáveis por grande parte do espetáculo, os dois
se encarregam de enorme porcentagem da aclamação e sucesso da série,
principalmente por conta do sustento dos volúveis contextos e gêneros que
variam entre um ácido drama a um empolgante suspense, frenética ação a uma
balanceada quebra cômica.
Ao antagonizar duas personalidades, True
Detective constitui uma dinâmica formidável entre suas estrelas a lá Jesse
Pinkman e Walter White. De um lado, Martin, obstinado, impulsivo e por vezes
imprudente, do outro, Cohle, paciente, estratégico, sagaz e niilista, o
personagem que agrega grande parte do show teórico do programa, com seus
conceitos e filosofias que levam o espectador a refletir sobre o eu e a vida, o
bem e o mal, existência, realidade, morte, destino, religião, evolução... A
química entre ambos alcança muitos âmbitos, desde a mais pura tensão aos mais
hilários segmentos, modelando um vínculo complexo que os humaniza ao extremo.
Ademais, as atuações do elenco são simplesmente sublimes: Woody Harrelson,
contundente e convincente em seu papel, a representação de um homem em dilemas,
que reconhece sua posição, mas se deixa levar pelos instintos; Michelle
Monaghan, brilhante na concepção de Maggie Hart, uma mulher desiludida que
busca manter a subsistência de sua família envolta por um ambiente doméstico
instável, e Matthew McConaughey, excepcional em sua performance na pele de um
ser de ótica pessimista, que muito já viveu e presenciou, desempenhando um dos
melhores trabalhos que a televisão já viu ao incorporar o personagem desde os
mais modestos hábitos e expressões até o singular modo de caminhar, induzindo o
público ao caráter antissocial e ímpar do mesmo. Corroborando a caracterização
das figuras em cena, a maquiagem se mostra fascinante, consentânea ao
envelhecimento das personas, especialmente na confecção de Rust que dissemina
um ar de desgaste e quase loucura.
Narrada no presente, porém apresentada ao
correr de 17 anos, a série nunca deixa de ser instigante, mesmo com certas
revelações que poderiam comprometer o fator surpresa, mas só servem para
envolver ainda mais o espectador e o impelir a focar no desenvolvimento do
enredo, aqui o progresso é mais importante que o clímax em si. Mesmo assim, o
desfecho é ótimo, embora não deixe tudo mastigado, o quê é feito com êxito,
visto que a ambição muitas vezes é uma intemperança e as pendências servem como
estímulo imaginativo. Para tal, condizente ao prestígio do programa, muito se
deve ao sofisticado roteiro e direção que prezam uma meticulosa precisão até
nos mínimos detalhes, bem como o sublinho na trilha sonora conveniente e
ambiental e o retrato relevante e discutível das consequências e cicatrizes
deixadas pelo furacão Katrina na Louisiana. Além, o plano sequência final do
episódio 4, que dura aproximados e surpreendentes 7 minutos, exalta o minucioso
requinte dos desenvolvedores, um trabalho incrível de câmera e a esmera
execução e harmonia de McConaughey e outros em ação.
Ao abordar o dia a dia de dois detetives, True
Detective, crível, realista e impactante, expõe o mundo podre que os cerca,
espelhando, com acidez e criticidade, a maldade humana e as impurezas e
defeitos do mesmo. Além, dialogando a face obscura da série, destaca-se a
ênfase no intricado e lúgubre arco sobre seitas e ocultismo, assim como a
fantástica abertura acompanhada ao som de The Handsome Family - Far From Any
Road, que mostra os personagens entrelaçados a cidade e denota a influência de
um sobre o outro, espairecendo um pouco do que se esperar do programa.
Refinada, abrangente e natural, a 1ª temporada
de True Detective consagra as telinhas com um dos melhores produtos dos últimos
anos, em um entrecho pertinente e que entretém, que fisga e se identifica com o
público, que intriga e diz muito sobre a sociedade.
Matheus J. S. 10
Investigação policial, casos complicados e
soluções incríveis estão sempre em evidência nos meios do entretenimento.
Quando se trata de uma produção estadunidense, não é incomum encontrar algo do
gênero que tenha uma relação com igrejas, seitas, ritos satânicos e algum teor
sexual como cereja do bolo. Sempre mais do mesmo com um ou outro ponto de
destaque.
Mesmo com elementos já mais do que explorados, TD
em sua primeira temporada consegue ganhar a atenção do espectador e seu
respeito. Isso por sua forma de narrativa que é feita como depoimento por dois
agentes que foram parceiros, onde o destaque fica por conta do que eles falam e
dos flashbacks dos fatos. Ainda contamos com uma perspectiva onde todo o
contexto da investigação é um catalisador para o foco principal da trama que
envolve as duas formas distintas dos agentes serem e viverem. Neste ponto,
destaca-se a atuação de ambos com uma pequena diferenciação pela profundidade
de um dos personagens. A maquiagem ou caracterização que demonstra a passagem
do tempo é mais um fator positivo da série.
Enfim, por se tratar de uma produção mutante,
isto é, a cada temporada mudam os personagens e a investigação - o que pode ser
um trunfo ou uma cilada para a mesma -, posso dizer que esta primeira
temporada, com seus oito episódios, é envolvente, interessante, complexa e não
perde o ritmo, sempre deixando a ansiedade pairando no ar.
leonejs.
9
Um estranho homicídio acontece na cidade de
Louisiana, este que será investigado por dois detetives que a série
acompanhará, Rust, um ex-infiltrado da Narcóticos com problemas sociais e
várias "ideologias" que propõem que a vida e os seres humanos não são
bons, e Martin, um detetive mediano com problemas na família. O homicídio,
quanto mais investigado, mais gera descobertas, sendo este parte de algo muito
mais amplo do que simplesmente um estranho assassinato, embora o que tenha maior importância para
a série seja o relacionamento entre os personagens e suas atitudes.
Os episódios são na maioria bem tranquilos, e
junto com o "ar" da Louisiana e a "falta" de pessoas no
cenário, deixa a série mais agradável de assistir. Ao fim de cada episódio,
algo acontece, deixando-nos ansiosos para o próximo.
Tudo isso faz com que True Detective seja
espetacular, fazendo com que esqueçamos até mesmo que há uma segunda temporada
(não assisti), mas talvez toda a série fosse melhor tendo apenas esta.
Murillo J. S. 10
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica:
Primeiro episódio: 12 de janeiro de 2014
Criado por: Nic Pizzolatto
Com: Colin Farrell, Rachel McAdams, Taylor Kitsch…
País: EUA
Gênero (s): Drama; Policial; Suspense
Status: Renovada
Duração (aproximadamente): 52 minutos
Avaliação:
IMDb (2014-
): 9,0
Rotten:
86%
Metacritic:
87%
Filmow
(média geral): 4,7
Adoro
Cinema (usuários): 4,5
Kontaminantes (média): 9,5
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