13 de abril de 2018

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Se Enlouquecer, Não se Apaixone

Pôster


Antes de interpretar um jovem autista na série Atypical, Keir Gilchrist já havia vivido um adolescente com problemas psiquiátricos.
Apesar do título "Sessão da Tarde" sugerir um romance bonachão, Se Enlouquecer, Não se Apaixone é um filme que lida com questões relevantes e trabalha tal acometida “romântica” em segundo plano. Dentre seus muitos acertos, o longa é meticuloso em sua escolha de protagonizar um jovem comum de problemas rotineiros sem episódios traumáticos no currículo. Mas por que é tão brilhante? Pelo simples fato que a depressão não escolhe vítimas, ela pode acontecer com qualquer um a qualquer momento sem um motivo específico. Enclausurado pelos eventos que preenchem seu cotidiano, perseguido pela ansiedade, alvo do estresse etário e das pressões e expectativas que se criam sobre seu futuro pelo próprio mundo que o acerca, Craig com certeza é um personagem com que muitos espectadores irão se identificar, seja pela verossimilhança de sua complexa idiossincrasia, pela forma truncada e insegura com que se expressa, age e se autodescobre (as sessões com a doutora Minerva são magistrais), e pelo caráter deprimido e desesperado por soluções que, assim como os causadores, nem sempre existem. O roteiro é tão minucioso que impõe reações físicas ao psicológico de seu protagonista, enquanto o nervosismo deixa algumas pessoas com dor de cabeça e outras com dor de barriga, Craig tem crises de vômito. É extremamente humano.
Falando assim, Se Enlouquecer, Não se Apaixone pode até parecer uma película melancólica e obscura, mas não, afinal, seu âmago tem como pilar a redescoberta da vida e o apreciar de suas sutis belezas. Embora não seja uma mensagem exatamente original ou inovadora, a produção utiliza de sua estrutura narrativa descontraída para brincar consigo mesma e propiciar momentos únicos impulsionados pelo panorama imaginativo de Craig, bem como a quebra da quarta parede e uma voz over que possibilitam comentários hilários dele sobre alguma determinada situação. Todos os personagens que compõem o círculo de convívio no hospital são carismáticos e rendem uma dinâmica cativante, além da trilha sonora ser viva e alegre, porém, mesmo que o longa usufrua da comicidade e do bom-humor para confeccionar seu enredo, nuances dramáticas se destacam.
Perfeita ao dosar o equilíbrio entre seus tons recreativos e mais sérios, a película imprime na figura do Bobby sua mais densa dramaticidade. (SPOILERS A SEGUIR) Tendo tentado 6 vezes se matar, problemas com a esposa, frequentemente impossibilitado de ver a filha, quase morando na rua e outras coisas mais que não se espairecem, Bobby é um homem conflituoso sem perspectiva de vida. Apesar dos problemas de Craig possuírem pertinência, o fato de Bobby ser um adulto envolto por responsabilidades com menores chances de reabilitação adere maior peso dramático ao personagem e ratifica a mensagem do filme em valorizar o que se tem, afinal Bobby não tem nada, enquanto Craig pode se beneficiar duma família, uma casa, uma namorada... A última aparição de Bobby reflete bem o fosso em que ele está, pois, ao tempo em que todos festejam, o personagem observa ao longe e sorri por eles, mas logo tem o semblante tomado pela felicidade que não encontra em si mesmo, só há tristeza e desgosto. É desolador. (FIM DOS SPOILERS)
Concernente ao elenco, este é bastante curioso e diversificado. A oscarizada Viola Davis, mesmo num papel que não exige um empenhado trabalho de expressividades, transmite com consentaneidade o afeto e zelo da personagem pelos pacientes. O comediante Zach Galifianakis, como Bobby, prova todo seu talento atuando longe de sua zona de conforto, há uma sequência de explosão emocional em que o ator está magnífico. E Keir Gilchrist incorpora com aptidão um jovem retraído e sentimentalmente confuso, já Emma Roberts (Noelle) está apenas bem para não comprometer a performance dos colegas.
Mesmo com alguns clichês e previsibilidades narrativas e um personagem ou outro que não esbanja a simpatia dos demais, Se Enlouquecer, Não se Apaixone é contagiante, belo, sensível, lúdico e não deve ser perdido.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Brasil): 28 de janeiro de 2011 (1h 41min)
Direção: Ryan Fleck e Anna Boden
Elenco: Keir Gilchrist, Zach Galifianakis, Emma Roberts…
Gêneros: Comédia dramática; Romance
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Craig (Keir Gilchrist), estressado com as demandas de ser um adolescente e assustado com sua tendência suicida, decide buscar ajuda em uma clínica psiquiátrica. Internado por uma semana, ele logo é acolhido por Bobby (Zach Galifianakis), que se torna seu mentor, e se encanta com Noelle (Emma Roberts).

Avaliação:
IMDb: 7,1
Rotten: 58%
Metacritic: 63%
Filmow (média geral): 3,8
Adoro Cinema (usuários): 4,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Avaliação

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