20 de abril de 2018

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You Were Never Really Here

Pôster


Joaquin Phoenix nunca decepciona em suas performances. No entanto, será que o enredo de You Were Never Really Here colabora?
Sendo chamado de o "Taxi Driver do século XXI", é impossível discutir sobre You Were Never Really Here e não perceber as obvias similaridades. Desde o protagonista psicologicamente instável e de forte convicção até o envolvimento com crianças, o filme da vez poderia facilmente se apropriar dos trunfos de um dos longas mais aclamados da história e ok, mas as semelhanças param por aí, e são exatamente os atributos singulares que podem torná-lo tão indigesto para o grande público. Expliquemos.
You Were Never Really Here não é uma película fácil. De ritmo lento, complexo entendimento e uma narrativa pouco verbalizada que só deslancha mesmo a partir de meados do segundo ato, You Were Never Really Here é o típico filme que você entra sabendo pouco e sai sabendo menos ainda. Todavia, isto não necessariamente o caracteriza como uma produção ruim, afinal, pensar é sempre bom e o trajeto muitas vezes é mais enriquecedor que o destino. Ademais, é importante ressaltar que, apesar do enfoque especulativo do longa, seu cerne se espairece e tem como âmago o abuso infantil, seja em sua própria premissa acerca do rapto de crianças para prostituição, seja em seus cogitativos flashbacks sobre - supostamente - a infância conturbada e violenta de seu protagonista. O vínculo entre Joe e sua mãe é outro ponto a realçar, visto que o mesmo não segue exatamente padrões convencionais e se relaciona com a idiossincrasia obscura do personagem interpretada com magnificência por Joaquin Phoenix.
O eterno Imperador de Roma incorpora com magistralidade todas camadas de um homem endurecido pela vida, de personalidade abalada e introspectiva que não tem suas motivações esclarecidas, mas que transparece toda astúcia, fúria e selvageria apenas com seu intimidante olhar, bem como, simultaneamente, a dor e o pesar de um percurso árduo e sangrento. Tal imponente postura se ratifica até mesmo pela maneira com que o personagem caminha, de modo paciente, porém extremamente ameaçador. Embora nada mais que sutis insinuações possam ser formadas sobre o passado de Joe, os demônios que lhe acompanham são nítidos, estes que tomam forma nos métodos brutais usados pelo protagonista que, apesar desta não ser uma película absurdamente agressiva, é sugestivamente inquietante em suas acometidas de trabalhar o imaginário ao invés de expor vísceras a troco de coisa nenhuma. Corroborando, destaca-se a trilha sonora em crescente cacofonia enervante que se mostra primordial a criar a atmosfera de constante paranoia no ar.
Considerando que a produção não demonstra preocupação em ceder respostas, mas sim em ser apreciada, falta um melhor desenvolvimento no contágio e engajamento do espectador que é afetado pelo cadenciamento vagaroso do entrecho que muitas vezes extrapola e chega a se tornar modorrento. Outra nequice diz respeito aos meandros que o enredo utiliza para lidar com seu arco principal, demora a estabelecer uma diretriz e não se aproveita das potenciais vertentes reflexivas.
You Were Never Really Here tem seus erros e acertos, é provocativo, intrigante, abstruso e tem como grande mérito sua estupenda atuação central, entretanto está muito longe de se equiparar a obra-prima de Martin Scorsese.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (França): 8 de novembro de 2017 (1h 30min)
Direção: Lynne Ramsay
Elenco: Joaquin Phoenix, Ekaterina Samsonov, John Doman...
Gêneros: Suspense; Drama
Nacionalidades: Reino Unido, França e EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Um homem, veterano de guerra, ganha a vida resgatando mulheres presas em cativeiros trabalhando como escravas sexuais. Após uma missão mal sucedida em um bordel de Manhattan, a opinião pública se volta contra ele e uma onda de violência se abate na região.

Avaliação:
IMDb: 7,1
Rotten: 87%
Metacritic: 84%
Filmow (média geral): 3,7
Kontaminantes (Matheus J. S.): 7
Avaliação

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