Considerado o filme mais assustador da Netflix,
Verónica só assusta mesmo pela baixa qualidade apresentada e a quebra de
expectativas criadas mediante a maquiada reputação.
Verónica é um longa incompleto. Cichê desde sua
premissa genérica, a película utiliza de fórmulas baratas e batidas para
"horrorizar", estas que vão desde jumpscares obvios até sequências
blasé evidentemente oníricas e frases que fazem questão de "acentuar"
o terror frisando que a estória é baseada em fatos. No entanto, nem mesmo o uso
de crianças - estas que, em produções de tal índole, costumam protagonizar
sequências amedrontantes - justificam a fama cabulosa do filme, sendo que o
maior destaque em tal âmbito fica por conta da personagem Irmã Morte, esta uma
freira cega o qual o enredo usufrui de seu visual sinistro para causar
calafrios. Todavia, pode-se dizer que nem mesmo esta é uma criação original do
roteiro, visto que a imagem da icônica Valak em Invocação do Mal 2 ainda é
recente na memória do público e certamente serviu de inspiração para tal
figura. Ademais, embora atemorizante, Irmã Morte não tem maiores funções na
trama e é potencialmente desperdiçada, se encaixando assim no fator citado
acima referente à incompletude do longa.
Ana e seu falecido marido são outras duas
personas que justificam o caráter incompleto da película, este último
constantemente mencionado, mas que nada se espairece com relação a sua morte ou
a profundidade que se tinha o vínculo com sua filha. Ana, mãe extremamente
ausente na vida dos filhos, apesar dos poucos momentos em tela, é bastante
acentuada e o filme chega a ensaiar acometidas alegóricas que reflitam as
consequências desse absentismo maternal, porém em nada se resultam.
Corroborando, há um segmento que enfatiza a menarca de Verónica, contudo torna-se
uma cena insignificante, já que o acontecido não volta a ser referido ou ter
decorrências. O mesmo pode ser dito do investigador que confeccionou o
relatório do caso, personagem sublinhado aos primórdios e desfecho do longa que
recebe tal realce só para a película dizer que houve uma pessoa que testemunhou
o episódio. Além, falando em incompletude, o filme deixa pendente questões
básicas que mereciam respostas concretas, como: por que só a Verónica foi
atormentada? De que forma a brincadeira com a Tábua Ouija repercutiu nas outras
participantes, ou elas simplesmente brincaram, se esqueceram e tudo bem? O quê
estava assombrando a Verónica? De que maneira o eclipse, evento de forte
notoriedade no primeiro ato, influencia o entrecho, ele estava lá apenas para
emplumá-lo ou tem relevância?
De cinematografia e direção interessantes e
bem-feitas, trilha sonora contagiante, personagens carismáticos e atuações
contundentes, Verónica infelizmente possui uma maior vastidão de nequices que
comprometem sua qualificação. Além dos mais variados exemplos citados, deve-se
ressaltar que a grande revelação do longa - supostamente um momento épico e
surpreendente - é algo que está nítido para o espectador desde seu princípio,
ademais de ser expositivamente cansativa, redundante e dar o pontapé para um
fechamento previsível.
Verónica é um filme que pincela boas ideais,
mas que peca na superficialidade e inconclusividade com que as trabalha. Em
meio à acirrada competitividade que permeia o mercado cinematográfico, um
diferencial teria sido benéfico, entretanto Verónica é só mais um terror
convencional mal-ajambrado que não foge dos paradigmas estabelecidos do gênero.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha Técnica (Adoro Cinema):
Data de lançamento (Netflix): 25
de fevereiro de 2018 (1h 45min)
Direção: Paco
Plaza
Elenco: Sandra
Escacena, Bruna González, Claudia Placer…
Gênero: Terror
Nacionalidade: Espanha
Sinopse (Google):
Jovem
tenta, sem sucesso, entrar em contato com seu pai falecido. Depois de jogar
Ouija com suas amigas, ela passa a ser assediada por terríveis presenças
sobrenaturais que ameaçam toda sua família.
Avaliação:
IMDb:
6,3
Rotten:
88%
Filmow
(média geral): 3,2
Adoro
Cinema (usuários): 3,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 4
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