11 de maio de 2021

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Violation


Filmes que abordam temáticas relacionadas ao abuso sexual feminino têm ganhado cada vez mais destaque nos dias de hoje. Extremamente atuais e pertinentes, tais obras abrangem, cada qual à sua maneira, estórias de mulheres vítimas da opressão masculina na sociedade atual. Desde o precursor A Vingança de Jennifer, passando pelo polêmico Dead Girl até o mais recente e famigerado Bela Vingança, não são poucas as produções que se apossam da pauta para criticar e alfinetar valores antiquados que ainda se enraízam na mente das pessoas. Posto isto, surge Violation, um excruciante retrato desse mal social.
Dirigido por Madeleine Sims-Fewer e Dusty Mancinelli, Violation é, antes de tudo, uma película autoral. O segmento de abertura, que enfatiza um lobo com a presa entre as garras, é alegórico e pode ser interpretado de diversas formas pelo espectador, beneficiando-se do contraste de perspectivas que surge entre quem está vendo a obra pela primeira vez e quem está reassistindo. Nesse sentido, os diretores apostam em uma seleção curiosa de imagens para traçar engenhosos paralelos com os densos temas destrinchados, procurando mexer com o imaginário do público e criar uma experiência muito mais sensitiva do que concreta.
Destarte, Madeleine e Dusty visam fugir do obvio a todo instante, seja através do uso de recursos que lhes competem definir ou pela determinação de ferramentas adjacentes que contribuirão para o resultado final. Em outras palavras, o enredo se desenvolve de modo paulatino, com as sequências crescendo organicamente ao passo que as emoções dos personagens se intensificam. Ademais, destaca-se a montagem com intervenções sempre criativas e o uso de planos-detalhe objetivando acentuar o tom sugestivo proposto.
Outrossim, a harmonização entre os aspectos visuais e sonoros do longa é estabelecida com o intuito de criar um cenário inquietante para a recepção do assistente. Muitos trechos são concebidos de forma minimalista, sem permitir que o espectador tenha um panorama completo sobre o que está havendo e possa apenas especular a partir dos sons escutados. É uma maneira eficaz de desorientar o público e manipular a perspectiva deste em prol de uma narrativa que desconstrói muitas convenções de gênero.
Por sua vez, a utilização de características insólitas possibilita que o entrecho progrida repleto de imprevisibilidades. Dito isso, a não linearidade da trama, mais que um artifício despretensioso, é usada como meio de instaurar surpresas e cadenciar o ritmo. Corroborando, a trilha, aliada a um soturno filtro azul, se encarrega de atender as demandas do texto no que diz respeito a confecção atmosférica, haja visto que as faixas escolhidas são enervantes e imprimem uma sensação astrosa no ar. 
Outro elemento que a película trabalha com primazia é o modo impudico com que esta aborda a violência e a nudez de seu script. As cenas mais viscerais são cruas, além de não exagerarem na sanguinolência, o que as torna críveis e chocantes. Já o nu frontal, longe de ser gratuito, é predominantemente masculino e explícito, quebrando paradigmas da indústria. Em adendo, cabe ressaltar que a produção é bastante hábil ao explorar a reação silenciosa das personagens diante dos eventos que se apresentam; é uma forma inteligente de alcançar o âmago delas com sutileza e perspicácia.
No entanto, este não é um filme perfeito, posto que algumas informações para o desenrolar do plot central são dadas de maneira demasiado expositiva. Por outro lado, o longa obtém maior sucesso quando opta por não fornecer resposta a todas as situações que ocorrem, deixando questões em aberto à mercê da interpretação de seus assistentes.
Violation, em suma, é uma obra imprevisível e violenta que constantemente desafia seu espectador.
Matheus J. S.
 
Assista e Kontamine-se
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Canadá): 28 de novembro de 2020
Direção: Madeleine Sims-Fewer e Dusty Mancinelli
Elenco: Madeleine Sims-Fewer, Anna Maguire, Jesse LaVercombe...
Gênero: Suspense
Nacionalidade: Canadá
 
Sinopse (Adoro Cinema):
Em Violation, uma mulher problemática, à beira do divórcio, volta para casa da sua irmã mais nova depois de anos separadas. Quando sua irmã e seu cunhado traem sua confiança, ela embarca em uma cruel cruzada de vingança.
 
Avaliação:
IMDb: 6,8
Rotten: 87%
Metacritic: 70%
Filmow (média geral): 3,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9


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