A “brincadeira” assustadora começou nos Estados Unidos,
em pouco tempo se espalhou na Europa e já chegou ao Brasil.
Basta escrever a palavra "palhaço"
ou "clown" (em inglês), em alguma ferramenta de busca para que o
resultado seja bem diferente da ideia normalmente associada a risos e diversão.
"Histeria", "macabros", "horríveis",
"aterrorizantes" e "assassinos" são algumas das associações
de palavras encontradas.
Os relatos de
sucessivos episódios motivaram fãs a fazer associações com
o remake de “It
- A Coisa”, por meio de especulação sobre tais ataques serem parte de
campanha de marketing.
Estes trechos acima foram retirados de algumas
notícias que bombardearam os telejornais, sites especializados e as redes
sociais há mais ou menos dois meses atrás e ficaram em evidência por duas
semanas. Impulsionado pela curiosidade que me despertaram, iniciei a leitura de
It - A coisa de Stephen King, reconhecido autor de livros de terror. Este é o meu
primeiro do gênero, não sendo fã deste existia certo receio do que iria
encontrar na leitura. Fiz uma breve pesquisa sobre Stephen e me surpreendi
diante dos títulos de sua autoria que já assisti a adaptação ou que estão em
uma lista para serem conferidos. Um ponto determinante ou de mais surpresa foi
descobrir que longas como Conta Comigo (sucesso da sessão da tarde), Um Sonho
de Liberdade (filmão com Tim Robbins e Morgan Freeman) e À Espera de Um Milagre
(Tom Hanks e Michael Clarke Duncan, sem comentários!!!) também eram de King,
considerados por mim como ótimos suspenses. Entre os livros, a saga A Torre
Negra ganha destaque porque o Matheus há um bom tempo vem comentando o
interesse em lê-la, o que me deixou de antenas levantadas.
Iniciada a leitura, o que me agradou de imediato foi
a narrativa descritiva de Stephen que me recordou em muito Sidney Sheldon,
escritor que sem duvida é o primeiro no meu ranking de livros solos, creio que
no mínimo li quatorze de suas obras, e a Herdeira seria o livro o qual It mais
me lembra.
As primeiras paginas de It já mostram partes
importantes da trama, o crime, o vilão e a vítima, que nos acompanharão durante
todo o enredo, convencionalmente ou não. Na sequência, começa a parte de
apresentação dos personagens, uma minuciosa descrição de pessoas diferentes, em
cidades distintas que estão intimamente ligadas aos fatos do início do livro, ocorridos
há quase trinta anos. Então a narrativa começa a seguir duas linhas de
tempo da estória, a atual e a da infância dos personagens. Tudo ligado, tudo
amarrado e tudo seguindo a um propósito. E em vários momentos facilmente
conseguimos identificar os protagonistas e suas vidas com pessoas do mundo real.
Na fase infantil, é extremamente precisa essas descrições, diálogos entre irmãos
e amigos onde os xingamentos e palavrões não ofendem e que fazem parte de
demonstração de afeto que acabam por levar a momentos presenciados ou vividos por
nós. Destaco quando Bev ensina Rithie a jogar ioiô. É perfeito como o autor
passa esse momento para o leitor, parece que você está do lado deles, sofrendo
para aprender a manobra e entrando em êxtase quando consegue executá-la. Essa
narrativa descritiva precisa se encontra presente durante todo o tempo, assim como produtos do dia a
dia, trejeitos, estabelecimentos, músicas e muito mais da década de cinquenta que são alvo do nosso autor.
Uma terceira linha temporal surge quando um dos
personagens começa uma série de pesquisas em jornais e livros antigos junto
com entrevistas de alguns dos outros habitantes mais antigos da cidade em busca de informações
que determinem a origem e o porquê dos eventos, desta forma, viajamos até duzentos anos ou
mais na estória, antes do nascimento dos protagonistas. Em determinado
momento do livro, me senti em um filme que se passa no EUA dos anos vinte ou
trinta, em uma cidade que vai ser invadida pelos gangsteres e o tiroteio vai
começar a qualquer momento.
Quando pensamos que o cruzamento das linhas do tempo
entre o passado e o presente vai terminar um ciclo e iniciar outro apenas com
os adultos, deixando saudades dos personagens infantis que começamos a
apreciar, somos agraciados com uma narrativa frenética e envolvente onde nada é
revelado ainda e deixa o nosso interesse em alta. As linhas, mesmo com uma
diferença de tempo, passam a andar paralelas e simultaneamente, onde os fatos do
passado se repetem no presente e são essenciais para a conclusão da trama.
Não tenho palavras suficientes para dizer o quanto
essa leitura me agradou, quanto ao gênero, sou da opinião que ele se assemelha
mais a uma fantasia fantástica do que terror. Não sei se é a idade ou a leitura
de muita fantasia onde é comum encontrar jovens personagens enfrentando os mais
variados monstros e vilões tenha influenciado esta opinião. No geral, só tenho
coisa boa para falar do livro, tirando um fato aqui, uma situação ali, um
acontecimento lá que não me agradaram, isso mais como leitor que se apega a
estória e aos personagens, um exemplo disso seria a fisionomia de Bill adulto. Além, tudo é quase perfeito.
Stephen King, com sua escrita e seus personagens, conquistou
o meu respeito, tanto que vou assistir ao filme homônimo da obra para ver a
personificação desta turminha, mesmo sabendo que corro o risco de me decepcionar
com o longa (coisas de leitor, se é que você me compreende). Também estou para
iniciar as leituras dos livros referentes aos filmes citados acima, menos Um
Sonho de Liberdade (por enquanto), mas isso fica para a próxima divagação.
leonejs 8.5
Ficha técnica Resumida
Autor: Stephen King
Gênero: Terror
Idioma: Inglês
País: Estados Unidos
Data da primeira publicação: Setembro de 1986
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