30 de novembro de 2016

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Onde os Fracos Não Têm Vez


A construção de um personagem pode ser considerado o elemento mais importante de uma boa trama, muitas vezes o mais marcante e relevante. De mocinhos a vilões, homens a mulheres, crianças a idosos, vivos a mortos, um personagem se imortaliza perante uma frase icônica, uma atitude, jeito, peculiaridades ou simplesmente pelo fato de o espectador possuir apreço, de alguma forma, pelo mesmo, e isto também se repete no excelente Onde os Fracos Não Têm Vez com o psicopata Anton Chigurh que, gostando ou não, chama a atenção. Falar sobre o filme sem falar de Anton não é falar de Onde os Fracos Não Têm Vez, protagonista este tanto do longa quanto desta divagação.
Iniciando com falas do xerife Ed Tom Bell que, para alguns, possui suma relevância perante o enredo e o reflexivo fim, além de ser um personagem extremamente importante considerado pela maioria o principal, a película logo nos apresenta o familiar cabelo engraçado e expressão imutável e sinistra de Anton em uma sequência que resume bem o ritmo que esta seguirá, sangue e mortes. Obviamente o longa não se resume somente a estes dois fatores, mas pode-se dizer que são constantes durante sua trajetória e caracterizam a trama.
Podendo ser comparado aos célebres filmes de Quentin Tarantino (como meu pai bem ressaltou) perante o estilo já citado, o enredo basicamente foca em uma perseguição sangrenta em busca de uma boa quantia de dinheiro (premissa que pode parecer batida e comum, mas feita de forma a se tornar inovadora e surpreendente), sendo conduzido brilhantemente ora de forma dinâmica, em certos aspectos, ora calma na maior parte do tempo. Como esta condução nos é apresentada ao decorrer de aproximadamente 120 min. evidencia o extremo cuidado com todo o conjunto da obra que provém tanto dos diretores quantos dos outros integrantes que colaboraram com a criação desta marcante e grandiosa película.
Baseado no livro homônimo (nos EUA) Onde os Velhos Não Têm Vez (título igualmente considerado de suma relevância adulterado no Brasil), o filme explora os dois lados de uma fronteira, tanto física quanto mental e psicológica (se é que me entende), valoriza enriquecidos diálogos extensos e muitas vezes subjetivos (assim como algumas sutis cenas) e alegóricos (como um que faz uma interessante alegoria a um boi), embora haja também momentos completamente ausente destes, além de futuramente poder ser considerado um expoente do gênero e até mesmo um clássico. Ademais, possui um desfecho diferenciado que foge do clichê, belas atuações que contribuem com personagens bem construídos e está sob o comando dos dois grandes renomados irmãos diretores Coen, longa este por muitos considerado o melhor trabalho de ambos. Claro que uma produção como esta atraiu olhares e foi merecidamente reconhecida ao ser indicada a oito Oscar e conquistar quatro, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor (es) Diretor (s) e Melhor Ator Coadjuvante (este de forma mais que justa, por muitos considerada a atuação de Javier Bardem uma das melhores da história), desbancando, assim, Sangue Negro que foi o grande concorrente da noite e que, sem dúvida alguma, sem Onde os Fracos Não Têm Vez na disputa teria conquistado a maioria das categorias.
Retornando ao personagem de Javier Bardem (que nos recorda Raoul Silva de 007 Skyfall igualmente vivido pelo mesmo), não há mais o que se falar de sua brilhante e deslumbrante interpretação, então só nos resta focar novamente no próprio Anton Chigurh. Este, que se imortalizou na história do cinema com apenas uma arma de ar comprimido, tem sua personalidade enfatizada em algumas passagens muito bem elaboradas e interessantes, como a que acontece em uma delegacia, em um mercadinho de conveniência (realce para esta) e uma na qual atira despretensiosamente sem nenhum propósito relevante em uma coruja. Representando a banalização do mal e o quê o ser humano é capaz de fazer por alguns trocados, Anton Chigurh, além, se encontra munido de uma moeda que utiliza para jogos psicológicos (o que rende memoráveis diálogos) e saída para assassinatos sádicos a sangue frio e sem culpa e remorso. Moeda utilizada de maneira a nos recordar o Duas Caras de Batman - O Cavaleiro das Trevas.
Com uma história simples mas muito bem contada, Onde os Fracos Não Têm Vez deve ser conferido por todo dito cinéfilo que, além de conter todos elementos que agradam o espectador, possui diversos aspectos reflexivos e ainda conta com um final bastante discutido. Mais uma obra-prima que nos faz lembrar porque amamos tanto a sétima arte.
Matheus J. S.  10

Após alguns anos, me deparo novamente com este título que me foi indicado pela primeira vez pelo colega Jack, o qual tinha gosto semelhante ao meu sobre filmes e músicas e sempre conversávamos sobre estes assuntos. Um dos pontos que ele destacou foi o estereotipo do assassino. Na primeira vez que assisti, não dei muita importância ao que acontecia além dos tiroteios e do personagem de Bardem, o qual o trabalho não conhecia e ainda hoje apenas vi mais um, no caso Skyfall. Quanto a Tommy Lee Jones, esse já era um velho conhecido desde a época de Lua Negra e sempre gostei de suas atuações.
Daquela vez gostei muito do filme e hoje não foi diferente, apenas observei melhor os contextos em volta da trama. Primeiramente destaco o título em português que é bem coerente, segundo o modo dos diálogos referentes a região em que acontece a trama, algum lugar no Texas na divisa com México, um lugar árido frequentado por traficantes. Local onde Llewelyn Moss encontra o dinheiro de uma negociação mal sucedida praticamente sem sobreviventes, vê ali uma oportunidade e não fraqueja diante das adversidades. Em seu encalço está o personagem de Bardem, assassino altamente perigoso, metódico e psicopático, em alguns momento me lembra o personagem de Jack Nicholson em Melhor Impossível. Em seus diálogos apenas diz o necessário e, se obter mais do que isso como resposta, inicia um jogo mental com quem dialoga, o que lembra um pouco a conversa de Gandalf e Bilbo em O Hobbit. A atuação de Javier é impecável, tornando esse personagem icônico.
Encerrando, o filme deixa alguns pontos nublados, como, por exemplo, a descrição que o xerife faz do seu sonho, destacando a segunda parte que interpreto como se ele estivesse falando de sua morte, algo semelhante como se o pai dele estivesse preparando o caminho para ele. Percebe-se que ele se aposenta porque o mundo em sua compreensão está tomando um rumo do qual ele não faz parte e quando está com o tempo livre não tem o que fazer e nem companhia. Continuo a gostar do filme e tenho certeza que sempre que revê-lo encontrarei algo interessante no xerife, que enriqueça a mensagem da trama.
leonejs  8,0


Assista e Kontamine-se


Avaliações:
Rotten: 93%
IMDb: 8,1
Adoro Cinema (usuários): 4,2
Kontaminantes (Média): 9





Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):

Estados Unidos
2007 • cor • 122 min 
Direção
Ethan Coen
Joel Coen
Produção
Ethan Coen
Joel Coen
Scott Rudin
Roteiro
Cormac McCarthy (romance)
Ethan Coen
Joel Coen
Elenco
Tommy Lee Jones
Javier Bardem
Josh Brolin
Gênero
Drama
Suspense
Música
Carter Burwell
Cinematografia
Roger Deakins
Edição
Roderick Jaynes
Distribuição
Paramount Vantage
Miramax Films
Lançamento
EUA
21 de novembro de 2007
Idioma
Inglês
Orçamento
$25.000.000
Receita
$171,627,166

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