Não sendo um título tão expressivo de David Fincher
e tendo uma menor repercussão e sutil aclamação comparado a outros grandes
longas do diretor, Vidas em Jogo tem seus méritos. É óbvio que, hoje em dia, o
nome de David Fincher chama atenção, pois este simplesmente dirigiu os
queridinhos Seven e Clube da Luta e pode ser considerado um dos maiores
diretores da atualidade, desta forma sempre se espera algo grandioso e
diferenciado do mesmo, porém o filme em questão (terceiro do diretor) se
manteve mais discreto.
Iniciando-se de maneira instigante e misteriosa, a
película nos passa a impressão de que iremos acompanhar uma espécie de terror
psicológico, ainda mais com a posterior aparição de um boneco palhaço e, desde
seu princípio, a presente atmosfera tensa e apreensiva (que irá se manter
durante todo o tempo) que nos faz roer as unhas e esperar por algo que nunca
acontece. Relacionado a certos quesitos, esta até mesmo nos recorda a franquia
+18 Jogos Mortais.
Apresentando um personagem ganancioso, ambicioso e,
de certa forma, cruel, o longa foca no desenvolvimento de sua personalidade em
uma trajetória onde seu psicológico é trabalhado até deixá-lo paranoico e quase
levá-lo à loucura. Para se ter uma ideia melhor do caráter do protagonista,
este se mostra evidente em uma cena na qual um homem lhe pede papel higiênico e
ele se mantém em silêncio. Posteriormente deixa o banheiro sem atender a necessidade d’outro.
Tendo no elenco dois grandes nomes de peso (Michael
Douglas e Sean Penn), o filme possui uma história simples, contudo
surpreendente, envolvente e muito bem elaborada e arquitetada que consegue
prender nossa atenção até o fim com revelações inesperadas e mais surpresas.
Desfecho bastante contestado que consegue desagradar e decepcionar a maioria,
além de não corresponder como muitos gostariam.
De determinadas maneiras
explorando questões referentes à privacidade e tecnologia, Vidas em Jogo ainda
consegue desenvolver de forma bacana uma relação entre irmãos e dois
desconhecidos que começaram com o pé esquerdo. Sobretudo, peca em algumas ações
que podem parecer forçadas, mas nos fornece belas sequências de tiroteios e
perseguições sempre preservando a atmosfera e deixando-nos em uma situação como
se estivéssemos a esperar por um susto ou coisa do tipo.
Ao toque de um
piano (recurso bem utilizado em várias películas) que corrobora com a sensação
do espectador, o longa conta com boas atuações e, dependendo da perspectiva,
nos deixa mais espertos e cuidadosos. Além, possui uma bela música, mas que só
é apresentada nos créditos.
Lembrando-nos em
certos aspectos O Show de Truman, Vidas em Jogo, lamentavelmente como muitos
outros filmes no Brasil, tem um título péssimo distinto do original (The Game),
que ainda por cima nos remete a uma novela.
Em suma, é uma boa
película para descontrair e observar um trabalho diferente de David Fincher,
para refletir sobre nossas atitudes e não se comprometer.
Matheus J. S.
Assista e
Kontamine-se
Avaliações:
IMDb: 7,8
Rotten: 72%
Adoro Cinema (usuários): 4,1
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):
Estados Unidos
1997 • cor • 128 min |
|
Direção
|
David Fincher
|
Produção
|
Cean Chaffin
Steve Golin |
Roteiro
|
John Brancato
Michael Ferris |
Elenco
|
Michael Douglas
Sean Penn Deborah Kara Unger James Rebhorn Peter Donat |
Gênero
|
Suspense
|
Música
|
Howard Shore
|
Cinematografia
|
Harris Savides
|
Edição
|
Jim Haygood
|
Companhia(s) produtora(s)
|
PolyGram Filmed Entertainment
A&B Produções Propaganda Films |
Distribuição
|
PolyGram Filmed Entertainment
Buena Vista International |
Lançamento
|
Eua
12 de Setembro
de 1997
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Idioma
|
Inglês
|
Orçamento
|
US$ 50.000.000 (estimativa)
|
Receita
|
US$ 109.423.648 (mundial)
|
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