Mad Max – Estrada da Fúria é mais um exemplo do
quanto o cinema ainda pode me impressionar, mais especificamente os ávidos
espectadores desta e seus “conceituados” críticos. Juntando-se ao seleto grupo
de obras superestimadamente superestimadas, como Deadpool, Kick-Ass, Avatar e
até mesmo La La Land (minha opinião), o filme da vez não passa de um embolo mal
desenvolvido de uma perseguição desenfreada pelo deserto.
O longa, que é o mais puro reflexo de um
blockbuster vazio que, por algum motivo, faz sucesso e consegue o agrado da
maioria, começa de forma promissora, tenho de admitir. Frenético e imparável,
somado aos inúmeros elogios que encontro em praticamente todo lugar relacionado
a filmes, a película prometia, embora logo ficou claro que não passaria apenas
de um razoável longa de ação. Considerando que a premissa de Mad Max nunca foi
lá muito atraente (mas interessante, confesso), George Miller, o mesmo diretor
da trilogia original (não posso dizer que assisti), tinha um diamante bruto em
suas descuidadas mãos que não soube polir adequadamente. Como gosta de repetir,
Miller disse que planejava o filme já há muito tempo, contudo não dispunha da
tecnologia adequada. Em 2015, quando lançado, Estrada da Fúria fora tudo que
sempre desejara e imaginara, algo que nunca poderia ter sido realizado século
passado. Certo, não nego que os efeitos visuais são extremamente realistas e
perfeitos (até mesmo foram, merecidamente, compensados com 6 estatuetas do Oscar
referentes a conjuntos técnicos), no entanto não passam de uma bela casca que
cobre a verdadeira face lamentável da película. Já que os citamos (excelentes
efeitos) penso ser justo então começarmos com os pontos positivos antes dos negativos
(que serão muitos).
Mad Max realmente conta com esplêndidas
sequências que combinam deslumbrantemente o quê de melhor o filme tem a
oferecer, seus excepcionais efeitos harmonizados brilhantemente com uma trilha
sonora agressiva e condizente com o quê vemos. Sim, me refiro ao insano
guitarrista maluco que se encontra no longa somente como meio de produzir o
clima desejado, contudo sem nenhum propósito plausível e de forma impossível
(estamos em um mundo pós-apocalíptico!). A maquiagem igualmente está impecável,
belas paisagens se destacam e certos aspectos me recordaram a direção de Zack
Snyder como, por exemplo, as cores receberem certo realce, no caso
principalmente tons de amarelo, negro e cinza que se alternam entre azul e
verde. Cenas onde há passagens em câmera lenta e veloz também me lembraram o
controverso diretor. A exaltação do poder feminino igualmente merece ser
ressaltada, assim como as referências a trilogia original, o diretor desta que
se manteve e, apesar de ser um reboot, ser considerado superior aos originais e
mais aclamado como a performance de Tom Hardy comparada a Mel Gibson que gera
polêmica, no entanto constantemente atribuída como um tiquinho acima de seu
antecessor. Além, somos apresentados naturalmente ao contexto distópico que é
convincente, a película é eletrizante do início ao fim, certos aspectos me lembraram
Velozes e Furiosos (penso que estes são óbvios), uma cena bastante hilária se
destaca, outra corrobora insanamente a loucura de um sádico cego atirando ao
som de uma música clássica, o deserto em certos quesitos me recordou Resident
Evil - A Extinção, a violência e sanguinolência sutilmente lembra os filmes do
Tarantino e o personagem do Nicholas Hoult é o que mais se sobressai agradavelmente
perante todos os outros.
Agora, os pontos negativos. Prepare-se, a lista
é extensa. Antes, gostaria de ratificar um vídeo que vi no canal do youtube
Pipocando onde há uma discussão entre Rolandinho e Bock a respeito do longa em
questão, discussão que gera divergências e expõe a visão de Bruno (Bock) sob
uma perspectiva bastante similar a minha. Penso que foi o único, dentre muitos
a comentar sobre a película, que a criticou de forma negativa e realista (quer
dizer, a comentou como ela realmente é). Ok, agora vamos lá! Começando pelas
questões reflexivas que poderiam ser melhor exploradas, estas são deixadas de
lado e tratadas apenas como pano de fundo do principal intuito do filme, nos
entupir de explosões e perseguições superficiais. Questões que poderiam
enriquecê-lo verdadeiramente de conteúdo, estas que abrangem escravidão,
pessoas como objeto, religião imposta e as falsas crenças que a cercam, a importância
da água (abordada exemplarmente em Rango do Gore Verbinski) dos carros e da
gasolina neste universo imaginário e a adoração a um tirano impostor. Ademais,
Mad Max acaba por tomar um rumo que se perde cada vez mais, além de se tornar
previsível, conter uma jornada de redenção de nossa protagonista (Furiosa) que
não se destaca e possuir uma falta de sensibilidade de direção ao não conseguir
estabelecer uma conexão entre o espectador e os personagens (não sentimos nada
por eles, não nos comovemos). Nenhuma atuação se destaca, há um vilão que pode
ser tudo, menos temível e aterrorizante, nenhum personagem se torna marcante,
certos enquadramentos chegam a incomodar, o desfecho é completamente ridículo e
covarde (igualmente previsível) e chega determinado momento em
que o longa se torna cansativo e as sequências de ação passam a parecer todas
iguais e começam até mesmo a ficar confusas. Similarmente não há um maior aprofundamento
que aparenta ser realista e convincente entre Max e Furiosa, a película cai em
clichês já sacados e enjoativos, certa passagem tenta ser emocionante, porém
falha miseravelmente (contudo foi inesperada), os recorrentes são extremamente
sem-graça, as curtas pausas na frenética ação não convencem, as relações não
são bem exploradas, determinadas frases parecem forçadas e o passado pelo qual
Max é atormentado não se realça. Agora, sem críticas, vale ressaltar o renomado
elenco, uma sequência que está por vir (baseada exclusivamente na Furiosa ou
apenas no Max, ainda está sendo planejada) e algumas bizarrices que constituem este mundo distópico.
Em suma, Mad Max é um simples filme do gênero
(há outros infinitamente superiores), exacerbadamente superestimado e que
merece ser visto somente se o espectador estiver há procura de um roteiro
explosivo e bombástico (no entanto pobre) e belos efeitos os quais apreciar.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Avaliações:
IMDb: 8,1
Rotten: 97%
Filmow (média geral): 4,3
Adoro Cinema (usuários): 4,5
Kontaminantes (Matheus J. S.): 5
Ficha Técnica Resumida (Adoro
Cinema):
Data de lançamento: 14 de maio de
2015 (2h 00min)
Direção: George Miller
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Zoë Kravitz...
Gêneros: Ação; Ficção científica
Nacionalidades: Austrália; Eua
Direção: George Miller
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Zoë Kravitz...
Gêneros: Ação; Ficção científica
Nacionalidades: Austrália; Eua
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