18 de fevereiro de 2017

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A Qualquer Custo



Um dos filmes mais elogiados de 2016, A Qualquer Custo surpreendeu muitos consoante diversos aspectos. Mas o que realmente torna o longa especial?
Abordando sutilmente questões como a podridão da exploração bancária e das grandes empresas e a colonização sobre os índios, este faroeste moderno, mesmo seguindo uma história comum e sem muitas inovações, consegue ser perfeito em sua condução, fantástico em sua direção (o que não foi suficiente para a Academia eleger como um dos candidatos a Melhor Diretor David Mackenzie) e magistral ao que se propõe. Não espere cenas impossíveis ou sangue por toda parte, mas sim um simples, realista e esplêndido roteiro brilhantemente desenvolvido como há muito não se via.
Instigante do início ao fim, incansável e envolvente, A Qualquer Custo abrange, em meio ao seu cerco principal voltado para roubos de bancos e uma investigação e perseguição corrente, a luta pelos direitos civis (talvez este não seja o termo correto, mas creio que me expressei de forma condizente) e relações aprofundadas de certa maneira a complementarem e engrandecerem o enredo. Ressaltemos, primeiramente, o amistoso e protetor relacionamento dos dois irmãos que, além de bem conduzido, praticamente opõe duas personalidades completamente distintas que se corroboram entre si, uma obstinada e radical, outra mais precavida, reservada e prudente. Vale ressaltar que os dois possuem seus conflitos pessoais e, em determinadas passagens, o vínculo e afeição fraternal de ambos se mostra evidente. A dinâmica do delegado e seu parceiro que estão no encalço dos irmãos igualmente é bem estabelecida e nos faz criar um laço com a amizade que acompanhamos na tela, amizade esta responsável pela maioria das risadas dos espectadores, assim como o personagem do Tanner Howard (Ben Foster) em si. Pode-se dizer que, perante as duas agradáveis e bem construídas relações, nos apegamos tanto aos ladrões quanto aos policiais e acabamos, conforme os fatos da película, questionando se os bandidos merecem mesmo serem detidos, assim como as motivações destes que nos faz pensar se são realmente justificáveis, sobre o sistema que nos cerca e a respeito dos muitos criminosos que na verdade são mais uma vítima da legislação que deveria nos proteger e favorecer (refiro-me a uma certa turba que não passa de pessoas injustiçadas e as atitudes tomadas consoante o fato, da mesma forma que não estou as defendendo, mas sim refletindo acerca de suas ações e a vida um tanto injusta que todos levamos).
Seguindo uma trilha sonora característica coordenada belamente com as áridas e quentes terras do Texas realçadas por suas cores fortes e marcantes, o filme, além do roteiro brilhantemente conduzido como já citado, ainda consegue nos surpreender perante certas passagens inesperadas e secas, ademais de fornecer um desfecho convincente. Estrelando um elenco de rostos conhecidos (Chris Pine, Jeff Bridges, Ben Foster, Gil Birmingham) cooperado com excelentes atuações o que rendeu a Bridges, conforme seu personagem carismático e muito bem interpretado, uma indicação a Melhor Ator Coadjuvante (embora não creio que conquistará a estatueta), o longa pode ser comparado, em determinados quesitos, com outra preciosidade do gênero, Onde os Fracos Não Têm Vez (leia aqui). Além dos aspectos semelhantes que são praticamente óbvios (pelo menos para quem assistiu as duas películas), estas se assemelham também referente ao fator relacionado aos delegados (no caso do filme dos irmãos Coen, xerife), considerando que ambos encontram-se em fim de carreira e já não estão mais aptos ao mundo atual. Ressaltemos, similarmente, que os dois, em ambos os longas, vivem uma última missão frente à aposentadoria iminente.
A Qualquer Custo realmente não é uma produção que se vê todo dia, uma raridade do cinema contemporâneo, um longa que foge dos padrões de grandes filmes similares do século passado ao reinventar o gênero e conseguir em seu roteiro ainda introduzir questões reflexivas e críticas. Não à toa foi indicado a Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, nomeações extremamente justas e condizentes, todavia penso que não serão recompensadas (não nos esqueçamos também da indicação a Melhor Edição). Possivelmente um futuro clássico, A Qualquer Custo é uma experiência obrigatória para todo adepto do gênero, cinéfilo de plantão e espectadores apenas a procura de um bom filme. Serve como passatempo, mas igualmente serve como meio de reflexão e prova de que tudo sempre pode ser inovado.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Avaliações:
IMDb: 7,7
Rotten: 98%
Filmow (média geral): 3,9
Adoro Cinema (usuários): 4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10





Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):

Estados Unidos
2016 • cor • 102 min 
Direção
David Mackenzie
Produção
Sidney Kimmel
Peter Berg
Carla Hacken
Julie Yorn
Gigi Pritzker
Rachel Shane
Roteiro
Taylor Sheridan
Elenco
Jeff Bridges
Chris Pine
Ben Foster
Gil Birmingham
Música
Nick Cave
Warren Ellis
Cinematografia
Giles Nuttgens
Companhia(s) produtora(s)
Sidney Kimmel Entertainment
OddLot Entertainment
Film 44
LBI Entertainment
Distribuição
CBS Films
Lionsgate
Lançamento
12 de agosto de 2016

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