Antes de tudo, gostaria de ressaltar que,
provavelmente, estamos diante do maior filme de 2016. Vamos lá!!!
Instigante, inovador, complexo e original (quer
dizer, nem tanto, foi baseado no conto Story of Your Life [1999], de Ted Chiang)
são alguns dos poucos adjetivos que podem ser atribuídos a esta obra-prima da
sétima arte. Dirigido pelo gênio francês Dennis Villeneuve, um dos diretores
mais reputados do momento, o mesmo responsável por grandiosos filmes como Os
Suspeitos (2013), O Homem Duplicado (leia a divagação aqui), Incêndios,
Sicario... dentre outros (esperar pra ver o que ele fará agora com Blade
Runner 2049), A Chegada presa algumas de suas marcantes características, como
um notável ritmo mais lento (este não era mesmo um longa para ser dinâmico), porém
incansável, uma tal complexidade que atribui a película um charme inteligente e
único e uma condução deslumbrante digna de sua maestria.
Extremamente aclamado pelo público e crítica,
este, um dos filmes mais aguardados do ano passado, destaca-se por diversos
aspectos, mas principalmente pela dose correta empregada em quesitos certeiros
referentes a fatores técnicos, além, obviamente, das reflexões propostas e uma
tal injustiça perante a ausência de sua protagonista no Oscar. Começando pelos
citados fatores técnicos, não à toa este concorre em diversas categorias respectivas
ao mais cobiçado prêmio do universo cinematográfico, assim como poderia estar o
fazendo na de Melhor Atriz conforme o desempenho de Amy Adams, desempenho que
muitos consideram magistral e plausível a uma nomeação, porém, nada posso
dizer, pois este é o seu primeiro trabalho que me recordo de apreciar, a não
ser que sua atuação foi bem condizente aos aspectos psicológicos e dramas
enfrentados pela personagem.
Agora, referente às reflexões propostas, estas
abrangem questões que vão desde a compreensão do tempo até o seu ponto de maior
realce, a comunicação. Esta, explorada de forma muito profunda e impactante no
longa, transmite sua importância ao decorrer de um roteiro cuidadoso e bem
desenvolvido. É obvio que, se pararmos para analisar uma sinopse breve e
superficial, iremos por, preconceituosamente, considerá-la chata e pouco
empolgante, não é pra menos, a premissa basicamente remete a chegada de alienígenas
na Terra e uma tentativa de comunicação que se inicia. No entanto, sob a responsabilidade
de profissionais altamente capacitados, a película consegue, de forma crítica e
reflexiva, ratificar a relevância da comunicação e interpretação. Ademais,
enfatiza a força da união, explora o contanto e o embate entre duas culturas e
costumes distintos, os males causados pela ignorância, arrogância, preconceito
e discriminação, a natureza humana e seus medos, certos aspectos referentes à
importância da tecnologia e que, no fim, a vida terrestre se mostra realmente o
monstro da história (não é spoiler, se você já assistiu, sabe do que estou
falando), assim como certo egoísmo que pode ser observado (também só quem já
assistiu pode saber a quê me refiro). O filme ainda conta com seu lado dramático
ao qual se relaciona com o luto (fator de extrema relevância na trama) e cai em
certos clichês, alguns até mesmo necessários que não acabam por pesar e
complementam convincentemente o enredo como, por exemplo, o impacto do contato
com o desconhecido sobre a população em geral. Em contraparte, a película foge
dos conceitos convencionais de aliens e não possui como intuito focar na
invasão em si.
Podendo-se traçar certo paralelo com filmes
como 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Interestelar (que foi o responsável pela
influência exercida na catástase da produção em questão) e Contato, A Chegada,
simplesmente um dos melhores longas que já tive o prazer de apreciar,
possivelmente um futuro cult, consegue cooperar um belo elenco com boas
atuações e uma trilha sonora tocante, além de, em seu roteiro, conter certos
flashbacks aparentemente não tão esclarecedores que, ao desfecho, mostram-se
indispensáveis conforme as insanas revelações e reviravoltas surpreendentes.
Consoante o seu fim, determinados quesitos podem se mostrar um tanto
complicados, apesar da película se auto explicar várias vezes sem se tornar
chata, enjoativa ou maçante. Ademais, impõe sob nossa reflexão o questionamento:
será que vale a pena viver algo que irá lhe consumir de alguma forma?
Questionamento este o qual se pode comparar a certos fatores de A Casa dos
Sonhos. Vale ressaltar os diversos canais do youtube (Pipocando, Acabou de
Acabar, Meus 2 Centavos, Super 8, Refúgio Cult...) que apontam, sob distintas
perspectivas, de uma maneira bem bacana os múltiplos pontos interessantes do
filme. Igualmente não nos esqueçamos de ratificar que esta preciosidade da
sétima arte iniciou com uma modesta aprovação de 100% no Rotten
Tomatoes. É certo que não é lá um site que inspira completa confiança, mas este
é um número a ser considerado.
Finalizando, só posso enfatizar mais uma vez o
quanto considero A Chegada magistral, espetacular e brilhante, e que torço
muito por esta, em suas respectivas categorias concorrentes no Oscar, vencer.
Com certeza é um longa que proporciona uma experiência maravilhosa e raríssima
do universo cinematográfico, além de ser uma película obrigatória para todo
espectador que preze seu lado cinéfilo.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
Comente e Siga Nosso Blog
Avaliações:
IMDb: 8,1
Rotten: 94%
Rotten: 94%
Filmow (média geral): 4,3
Adoro Cinema (usuários): 4,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10
Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):
Estados Unidos
2016 • cor • 116 min |
|
Direção
|
Denis Villeneuve
|
Produção
|
Shawn Levy
Dan Levine Aaron Ryder David Linde |
Roteiro
|
Eric Heisserer
|
História
|
Story of Your Life,
de Ted Chiang |
Elenco
|
Amy Adams
Jeremy Renner Forest Whitaker |
Gênero
|
Ficção científica
|
Música
|
Jóhann Jóhannsson
|
Cinematografia
|
Bradford Young
|
Edição
|
Joe Walker
|
Companhia(s) produtora(s)
|
FilmNation Entertainment
Lava Bear Films 21 Laps Entertainment |
Distribuição
|
Paramount Pictures
|
Lançamento
|
EUA
11 de novembro de 2016
|
Idioma
|
Língua inglesa
|
🤙
ResponderExcluir