14 de fevereiro de 2017

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A Chegada



Antes de tudo, gostaria de ressaltar que, provavelmente, estamos diante do maior filme de 2016. Vamos lá!!!
Instigante, inovador, complexo e original (quer dizer, nem tanto, foi baseado no conto Story of Your Life [1999], de Ted Chiang) são alguns dos poucos adjetivos que podem ser atribuídos a esta obra-prima da sétima arte. Dirigido pelo gênio francês Dennis Villeneuve, um dos diretores mais reputados do momento, o mesmo responsável por grandiosos filmes como Os Suspeitos (2013), O Homem Duplicado (leia a divagação aqui), Incêndios, Sicario... dentre outros (esperar pra ver o que ele fará agora com Blade Runner 2049), A Chegada presa algumas de suas marcantes características, como um notável ritmo mais lento (este não era mesmo um longa para ser dinâmico), porém incansável, uma tal complexidade que atribui a película um charme inteligente e único e uma condução deslumbrante digna de sua maestria.
Extremamente aclamado pelo público e crítica, este, um dos filmes mais aguardados do ano passado, destaca-se por diversos aspectos, mas principalmente pela dose correta empregada em quesitos certeiros referentes a fatores técnicos, além, obviamente, das reflexões propostas e uma tal injustiça perante a ausência de sua protagonista no Oscar. Começando pelos citados fatores técnicos, não à toa este concorre em diversas categorias respectivas ao mais cobiçado prêmio do universo cinematográfico, assim como poderia estar o fazendo na de Melhor Atriz conforme o desempenho de Amy Adams, desempenho que muitos consideram magistral e plausível a uma nomeação, porém, nada posso dizer, pois este é o seu primeiro trabalho que me recordo de apreciar, a não ser que sua atuação foi bem condizente aos aspectos psicológicos e dramas enfrentados pela personagem.
Agora, referente às reflexões propostas, estas abrangem questões que vão desde a compreensão do tempo até o seu ponto de maior realce, a comunicação. Esta, explorada de forma muito profunda e impactante no longa, transmite sua importância ao decorrer de um roteiro cuidadoso e bem desenvolvido. É obvio que, se pararmos para analisar uma sinopse breve e superficial, iremos por, preconceituosamente, considerá-la chata e pouco empolgante, não é pra menos, a premissa basicamente remete a chegada de alienígenas na Terra e uma tentativa de comunicação que se inicia. No entanto, sob a responsabilidade de profissionais altamente capacitados, a película consegue, de forma crítica e reflexiva, ratificar a relevância da comunicação e interpretação. Ademais, enfatiza a força da união, explora o contanto e o embate entre duas culturas e costumes distintos, os males causados pela ignorância, arrogância, preconceito e discriminação, a natureza humana e seus medos, certos aspectos referentes à importância da tecnologia e que, no fim, a vida terrestre se mostra realmente o monstro da história (não é spoiler, se você já assistiu, sabe do que estou falando), assim como certo egoísmo que pode ser observado (também só quem já assistiu pode saber a quê me refiro). O filme ainda conta com seu lado dramático ao qual se relaciona com o luto (fator de extrema relevância na trama) e cai em certos clichês, alguns até mesmo necessários que não acabam por pesar e complementam convincentemente o enredo como, por exemplo, o impacto do contato com o desconhecido sobre a população em geral. Em contraparte, a película foge dos conceitos convencionais de aliens e não possui como intuito focar na invasão em si.
Podendo-se traçar certo paralelo com filmes como 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Interestelar (que foi o responsável pela influência exercida na catástase da produção em questão) e Contato, A Chegada, simplesmente um dos melhores longas que já tive o prazer de apreciar, possivelmente um futuro cult, consegue cooperar um belo elenco com boas atuações e uma trilha sonora tocante, além de, em seu roteiro, conter certos flashbacks aparentemente não tão esclarecedores que, ao desfecho, mostram-se indispensáveis conforme as insanas revelações e reviravoltas surpreendentes. Consoante o seu fim, determinados quesitos podem se mostrar um tanto complicados, apesar da película se auto explicar várias vezes sem se tornar chata, enjoativa ou maçante. Ademais, impõe sob nossa reflexão o questionamento: será que vale a pena viver algo que irá lhe consumir de alguma forma? Questionamento este o qual se pode comparar a certos fatores de A Casa dos Sonhos. Vale ressaltar os diversos canais do youtube (Pipocando, Acabou de Acabar, Meus 2 Centavos, Super 8, Refúgio Cult...) que apontam, sob distintas perspectivas, de uma maneira bem bacana os múltiplos pontos interessantes do filme. Igualmente não nos esqueçamos de ratificar que esta preciosidade da sétima arte iniciou com uma modesta aprovação de 100% no Rotten Tomatoes. É certo que não é lá um site que inspira completa confiança, mas este é um número a ser considerado.
Finalizando, só posso enfatizar mais uma vez o quanto considero A Chegada magistral, espetacular e brilhante, e que torço muito por esta, em suas respectivas categorias concorrentes no Oscar, vencer. Com certeza é um longa que proporciona uma experiência maravilhosa e raríssima do universo cinematográfico, além de ser uma película obrigatória para todo espectador que preze seu lado cinéfilo.
Matheus J. S.

Assista e Kontamine-se

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Avaliações:
IMDb: 8,1
Rotten: 94%
Filmow (média geral): 4,3
Adoro Cinema (usuários): 4,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 10





Ficha Técnica Resumida (Wikipédia):

 Estados Unidos
2016 • cor • 116 min 
Direção
Denis Villeneuve
Produção
Shawn Levy
Dan Levine
Aaron Ryder
David Linde
Roteiro
Eric Heisserer
História
Story of Your Life,
de Ted Chiang
Elenco
Amy Adams
Jeremy Renner
Forest Whitaker
Gênero
Ficção científica
Música
Jóhann Jóhannsson
Cinematografia
Bradford Young
Edição
Joe Walker
Companhia(s) produtora(s)
FilmNation Entertainment
Lava Bear Films
21 Laps Entertainment
Distribuição
Paramount Pictures
Lançamento
EUA
11 de novembro de 2016
Idioma
Língua inglesa

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